28 de maio de 2007

Ao almoçar hoje com amigos, o Carlos me dizia que não conseguiu ler os poemas do Safra quebrada. E me perguntava porque a poesia tem de ser tão difícil.
Eu não sinto a poesia como algo difícil. Eu entendo que a poesia é difícil para quem lê pouco poesia. Eu tinha dificuldade com Jorge de Lima, assim como tinha com Horderlin e Rilke. Mas, de repente, como se faz a luz, tudo ficou claro. Tão claro que não era preciso mais a realidade, mas só a luz da poesia.

O amigo Euler Belém escreveu uma nota na sua famosíssima coluna "Imprensa", que sai semanalmente no Jornal Opção, de Goiânia. Talvez por ser amigo deste poeta e da Poesia ele não tenha dito que a minha poesia é difícil, mas apresentou algumas alternativas para que ela não se pareça impenetrável. Mas o Euler tem a lâmpada nas mãos para nos auxiliar a pôr a poesia na frente da realidade. Meu abraço ao Euler, e obrigado.

Supersafra de boa poesia

Leio o livro de poesia Safra Quebrada, fusão de livros anteriores com os inéditos Gleba dos Excluídos e O Marimbondo Feliz, de Salomão Sousa, goiano radicado em Brasília desde 1971.

Salomão Sousa impõe ao leitor certas dificuldades, ou barreiras, dadas as múltiplas referências — assimiladas e, portanto, dissolvidas no texto, que, assim, se torna exclusivo.

Trata-se de um poeta culto — o que não quer dizer empolado —, que dialoga com a tradição sem se tornar refém.

Tecnicamente, é um bardo irrepreensível. Sua poesia “livre” é tão rigorosa, metódica, que, às vezes, lembra a poética dos vates de outrora. Há uma certa matemática na sua lógica, por assim dizer, subjetiva. No caso, a fuga à métrica é métrica reinventada.

Trata-se de um poeta complexo, para ser lido aos poucos, jamais às pressas. Mas complexo não é o mesmo que inacessível ou obscuro. Pelo contrário, é luminoso.

Há aquela saudável universalidade (Cádiz) ancorada na vitalidade da cor local (Silvânia) na poesia de Salomão Sousa. Transcrevo um poema, sem título, no qual a inicial maiúscula funciona como pontuação, pausa para a respiração e transpiração do leitor: “São várias as maneiras de ser feliz/Arrastar-se sobre as pedras/só para esfriar a barriga/Catar o pó das estrelas/que caem à noite/só para depois jogá-lo/sobre os melhores miosótis/Nunca esbarrar em cobra/quando estiver com vara curta/Não ter de inventar nada/quando estiver/em Silvânia ou Cádiz/Jamais fazer um bolo/só de espadas/para sangrar os lábios/Sentar sobre a canastra/onde se esconde/o dragão das vinte línguas/Deixar o dragão louco/enquanto estou feliz/com o sol sobre a barriga/Contar para o menino/uma maneira de ser feliz/e ele pedir — conte outra”.

17 de maio de 2007

No dia do lançamento de nosso livro Safra quebrada, faleceu em Goiânia o amigo Aldair Aires, que nos últimos anos residia em Silvânia. Nossa amizade vem desde encontro de escritores realizado em Goiânia, organizado por Geraldo Coelho Vaz. Estava alegre com a turma de Letras de universidade do Mato Grosso, onde lecionava naquela época. Seu último livro de contos se encontra em minha casa com sua dedicatória gentil.
Para mais informações sobre Aldair Aires, consultar o blog do amigo Aemir Bacca:

http://ademirbacca.blogspot.com/

16 de maio de 2007

Tue, 15 May 2007 15:17:47 -0300
Olá, poeta, olá, amigo!
Gostaria de estar com você em mais este momento (estive prazerosamente em muitos outros).
Desta fez, entretanto, não vai dar. Outro compromisso, já agendado, intransferível.
Parabéns, vez mais.
Obrigado por ser mais um (e não são muitos) a emprestar seu talento à arte, à poesia.
Que o Safra Quebrada repita o sucesso das obras anteriores.
Beijos pra Chiquinha.
Vamos ver se a gente marca aquele pão de queijo (que só o Salomão sabe (sabia?) fazer.
Sérgio Souli

Salomão quero agradecer pelo convite, infelizmente não vou poder ir porque tenho aula, mas
quero te dar os meus sinceros cumprimentos, desejando-lhe sucesso neste novo lançamento!

Abraço,
Karina Garcêz
Wed, 16 May 2007 16:05:18 -0300
Mano,
se alguém tem que agradecer, este alguém sou eu.
foi um prazer estar contigo, sua festa foi linda.
Muito obrigada por tudo, eu não merecia tanto.
Bjs.
Rosa

Wed, 16 May 2007 13:01:31 -0300
Meu nobre poeta goiano, natural de Sllvânia, onde os pássaros voam de peito virado para tomar sol à vontade! Lamento profundamente não ter podido comparecer ontem ao lançamento de seu novo livro. Estava no Rio a trabalho e lamentei não estar com o amigo para parabenizá-lo de perto, um dos baluartes em acreditar que a publicação de um livro ainda é uma cópula em cama de letras. Seja feliz e que os poemas o levem a voar perto das pássaros de Silvânia para que traga a nós o segredo dos que não têm pés no chão! Grande abraço, Peliano


Tue, 15 May 2007 16:28:10 -0300
Pois é Dindo,

Uma vez caminhando pelo calçadão de Maceió com minha famìlia - devia ter uns 8 ou 9 anos - percebemos uma MUVUCA adiante e quando chegamos mais perto era o Djavan demonstrando sua voz e violão num concerto gratuito em plena beira-mar. Com Chico nunca tive a mesma sorte. É por isso que hoje iremos eu e Raquel ao Ulysses Guimarães pra ver o Chiquito, mas não sem antes saborear um vinho no Carpe Diem e parabenizá-lo, mais uma vez, por sua grande conquista. Aliás, obrigado pela amostra grátis de sua Safra Quebrada. De Djavan a Salomão Sousa, vou enriquecendo por dentro com estes valiosos brindes!

Grande abraço. Diogo


Saiu no site de Cláudio Humberto
Poeta lança livro 'Safra Quebrada' em Brasília
O jornalista e poeta Salomão Sousa, que trabalha há mais de trinta anos em assessoramento parlamentar para o Poder Executivo, lança nesta terça-feira em Brasília o livro Safra Quebrada, que reúne sua produção poética. A ilustração é de Robson Corrêa de Araújo. O lançamento será hoje, a partir das 19h, no restaurante Carpe Diem da 104 Sul.
É com muita emoção que agradeço a todos amigos o comparecimento à noite de autógrafos de meu livro Safra Quebrada. Amigos e mais amigos, duzentos presentes (?), milhares de amigos, pois muitos ficaram impedidos de comparecer e com o pensamento em nós e em nosso livro. E que a minha poesia possa corresponder com alegria a essa alegria que os amigos trouxeram com suas presenças. Depois eu colocarei mais mais emails e fotos. Obrigado, amigos.
Tue, 8 May 2007 23:33:37 +0000
"brasigois felicio carneiro felicio"
Amigo-irmão Salomão Sousa! Parabéns pela bela coletãnea, muito bem editada, reunindo sua obra poética. Você merecia isto. Você é um poeta de grande poder de expressão, além de ser intelectual ativo, e crítico inteligente.


Tue, 15 May 2007 09:37:07 -0300

Prezado Salomão,

acabo de ver o convite ao seu lançamento. Receio não poder comparecer, por causa de problema de saúde. Se amanhã à noit eu estiver melhor, compareço.
Obrigado pelo convite. E, é claro, meus votos de integral sucesso para o seu livro.
Alaor Barbosa.


Tue, 15 May 2007 04:28:54 -0300
"Jorge Karl de Sá Earp"
Caro Salomão

Muito obrigado pelo convite para o lançamento do Safra Quebrada.
Infelizmente não poderei ir. Estou morando em Bucareste desde fevereiro de 2006.

Sucesso, abraço

Jorge


Tue, 15 May 2007 00:32:43 -0300
"Fernando Marques"
Salomão:
Teria sido boa idéia, sim!
Abraço!
Fernando.

> Pô, Fernando,
>
> Libera a turma para o lançamento,
> senão você compromete o evento!!!
> Abraços e boa aula
>
> Salomão


Fernando Marques escreveu:
> Salomão:
> Parabéns, reunir tantos livros num só não é brinquedo!
> Às 19h, esterei dando aula na UnB (até as 21h). Por isso talvez não possa aparecer. Mas guarde meu abraço, por favor.
> Fernando Marques.


Mon, 14 May 2007 18:58:43 -0300
Salomão, irmão
Carolina faz 18 anos no dia seguinte ao lançamento. Prepara-se para o vestibular (UERJ ou UFRJ, Direito) já em junho. Porém guarde um exemplar para mim. Devo ir a Brasilia no finzinho do mês. Parabéns! Abração! O chico pode estar na cidade, mas quem manda é a Chiquenha! Archibaldo


Sat, 12 May 2007 14:32:53 -0300
>Salomão, obrigado pela amizade, pelo carinho de suas palavras. Pois é, reatei a amizade com o Solha, que me mandou um romance. Muita gente não foi canonizada, como nós dois e outros tantos. Mas é assim mesmo. Desisti de ser papa, bispo e até padre. Estou me contentando com o vinho e a hóstia. Mande seus escritos para o meu blog. Abraços. E não deixe de me escrever de vez em quando. Nilto


Saiba que você também é daqueles amigos amalgamados no coração.
> Lembramos de você em todos os encontros!
> Vamos ver o que podemos fazer para alavancar o nome do Solha!
> Nos anos 70, gostávamos muito da literatura dele. Ele publicou mais livros,
> e ainda não foi canonizado!
> Abraços
>

Amigo velho Salomão Sousa, obrigado pelo belo livro "Poesia", reunião de toda a sua obra poética. Obrigado pelo autógrafo. O livro está bem impresso, bem ilustrado. Você sabe que acompanho a sua trajetória literária desde aqueles tempos de Brasília e que tenho grande admiração por você e por sua poesia. Quero compartilhar com você essa sua alegria de reunir sua obra num só volume. Muito sucesso. E não deixe de me mandar textos seus para meus blogs. Li também a apresentação assinada por você de um livro de poemas de Ana Maria Ramiro. Abraços. Nilto


Amigo Salomão, parabéns pela antologia, muito merecida. Torço por
você. Darei notícia no meu blog. Nilto



Mon, 14 May 2007 14:18:52 -0300

"Rosangela Rocha"
Caro amigo Salomão,
Espero que esteja bem. Nem sei como lhe dizer isso,
mas não poderei ir ao lançamento do seu livro, amanhã. Cheguei ontem à
noite da Bahia, onde fui fazer uma palestra e dar uma oficina no Curso
de Comunicação. Estou muito atribulada esses dias, e amanhã à noite
tenho um compromisso inadiável. Dei tratos à bola para tentar desmarcá-lo
ou para ver se conseguia dar nem que fosse um pulinho no seu
lançamento, mas acho muito difícil. Peço-lhe não considerar a minha ausência um
sinal de falta de interesse. Eu me lembro muito bem que v. foi um dos
primeiros a chegar no lançamento de “Pupilas Ovais”. Desejo-lhe uma
feliz noite e muito sucesso para o novo livro, como v. merece. Dê notícias.
Um grande abraço, da Rosângela


Fri, 11 May 2007 10:48:58 -0300
"Camilo Mota"
Olá, Salomão,
parabéns pela publicação. Desejo muito sucesso. Quando tiver
oportunidade, envie-nos um exemplar para podermos divulgar no Poiésis
(Caixa Postal 110.912 - Bacaxá - Saquarema/RJ, CEP 28993-970).
Abraço fraterno,
Camilo Mota

Mon, 30 Apr 2007 16:36:49 -0300
querido amigo. estarei lá. parabéns mais uma vez.
Nilce

Mon, 30 Apr 2007 15:36:05 -0300
Caro Salomão,

parabéns por mais este lançamento; desejo-lhe todo o sucesso que um poeta possa conseguir nesse longo caminho das letras...
Só não poderei estar presente por questões geográficas.

Deixo então um abraço carioca,

Jorge Viveiros de Castro


Mon, 30 Apr 2007 18:05:45 +0000
"Stela Maris Rezende"
Caro Salomão,
Sucesso no lançamento! Estou no Rio de Janeiro, até final de junho.
Um abraço da Stela

Mon, 30 Apr 2007 12:38:34 -0300
"Pedro"
farei o possivel para estar presente !!!
Um abraço do
Pedro


Mon, 30 Apr 2007 08:57:48 -0300
"Fabio de Sousa Coutinho"
Obrigado pelo convite e parabéns pelo Safra Quebrada. Se Deus quiser, estarei lá no dia 15.5, para adquirir meu exemplar autografado e lhe dar um abraço de leitor e admirador. Disse se Deus quiser porque minha mãe, de 88 anos, está internada na UTI de um hospital do Rio e, a qualquer momento, posso ter que me deslocar para lá, para estar ao lado dela.

]
Mon, 14 May 2007 17:20:49 -0300
"Dep. Sandro Mabel" <

Salomão,

rebebi a pouco tempo. amanhã é meu plantão até as 22hs, mas farei o possìvel para dar uma passada la. desde já parabéns.

um abraço

SOLANGE

Sun, 6 May 2007 23:06:21 -0300
"Ademir Bacca"
salomão,
em primeiro lugar, parabéns pelo novo livro
gostaria que me enviasses tua biografia reduzida - umas 20 linhas - mais um poema e uma foto para que eu te inclua na próxima atualização do blog 'poetas do brasil'

abraços


Thu, 3 May 2007 18:00:24 -0300
"heronmoura"
Olá Salomão,

seu lançamento quase coincidiu com minha nova ida a Brasília, em maio.
Boa sorte e parabéns.

Abraço,
Heron


Wed, 2 May 2007 15:21:12 -0300
Salomão, meu brother, coloquei uma coisinha no site da Revista Nós Fora dos Eixos, divulgando o seu lançamento, e estarei por lá.
Abração,
do poeta e amigo,

marco polo.

ah, ia esquecendo, que tal o livro? Já tivestes um tempinho para iniciar a leitura do Cinza da Solidão? Sua opinião para mim é importante.
(Marco Pólo)


Wed, 02 May 2007 11:32:12 -0300
"Edson Bueno de Camargo"
Muito boa sorte em seu lançamento, daqui deste sombrio planalto vos desejo. Quem sabe o camarada faça algum lançamento aqui por São Paulo, e poderemos comparecer.
Desejo todo o sucesso que o poeta merece, esses filhos da palavra teimosia.

Edson Bueno de Camargo
Mauá - SP


Tue, 1 May 2007 15:21:00 -0300
"Angélica Torres" <
uau!!! jóia, patrício!
starei lá,
me aguarde
beijos, sucesso!


Tue, 1 May 2007 08:39:35 -0300 (ART)
"Lívio Oliveira"
Parabéns, amigo!
Pena não poder comparecer!
Abraço de Lívio.


Olá, Salomão!
Fri, 4 May 2007 12:09:26 -0300
Desejo tudo do bom e do melhor nesse lançamento. Infelizmente, não estarei presente, devido a merecidas férias. Mas, quando voltar, gostaria de saber se a safra foi mesmo quebrada.
Um abraço,

Adelaide Oliveira
Supervisor de Filial
Cinemas Embracine CasaPark

Este é o núcleo inicial de minha poesia. Lembro-me de nós ali, sentados, ouvindo Chico Buarque em tempos que nem se pensava em abertura. Ronaldo Alexandre e Wil Prado, é bom guerrear num bom combate. Nosso abraço saudoso (e sei que vocês endossam esse abraço) ao João Antonio, ao Ignácio de Loyola Brandão, ao Wander Piroli.

Nessa roda, a nata da escritores de Brasília. Danilo Gomes, de pé, João Carlos Taveira, Ronaldo Cagiano e Ronaldo Costa Fernandes (reponsáveis pela fortuna crítica do livro), Luiz Carlos Cerqueira e Napoleão Valadares atrás dele. E nesta mesa estiveram o Ésio, poeta que está em São Paulo, o Antonio Miranda, o Cazarré, perdão peço àqueles que deixo deixo de citar.

Anderson Braga Horta, que nos prestigiou a noite toda com a sua presença. Ao fundo, o amigo Wálter.

A presença silvaniense e familiar em meu lançamento. Antonio da Costa Neto, estudioso da educação e do comportamento social. E a mana Rosa, linda, a quem o livro é dedicado.

Poesia e aniversário. A minha amiga atriz BIA. Obrigado e feliz aniversário.

9 de maio de 2007

Enquanto estou organizando o lançamento do meu Safra quebrada, dia 15, a partir das 19 horas (Carpe Diem, 104 Sul), aproveito para traduzir um poema de Vicente Alexandre. Com a tradução, sinto-me menos inoperante e mais próximo da poesia. Sempre me encantou a poesia deste pr^mio Nobel da Espanha. É uma poesia cheia de cintilações. Pois a vida não é só a ordem, às vezes ocorre ao mesmo tempo o lagarto, o vômito e o beijo.


A felicidade

Vicente Alexandre

Não. Basta!
Basta para sempre.
Fuja, fuja; só quero,
só quero a tua morte cotidiana.

O busto erguido, a terrível coluna,
o colo febril, a convocação dos carvalhos,
as mãos que são pedra, lua de pedra surda
e o ventre que é sol, o único extinto sol.

Seja erva! Erva ressecada, raízes amarradas,
folhagem nos músculos onde nem os vermes vivem,
pois a terra nem pode ser grata aos lábios,
a esses que foram, sim, caracóis do úmido.

Matar a ti, pé imenso, gesso esculpido,
pé triturado dias e dias enquanto os olhos sonham,
enquanto há uma paisagem azul cálida e nova
onde uma menina íntegra se banha sem espuma.

Matar a ti, coagulação completa, forma ou montículo,
matéria vil, vomitação ou escárnio,
palavra que pendente de uns lábios roxos
vem dependurada na morte putrefata ou o beijo.

Não. Não!
Ter-te aqui, coração que pulsou entre meus dentes enormes,
em meus dentes ou cravos amorosos ou dardos,
o tremular de tua carne quando jazia inerte
como o vivaz lagarto que se beija e se beija.

Tua catarata de números,
catarata de mãos de mulher com argolas,
catarata de pingentes os cabelos se protegem,
onde opalas ou olhos estão aveludados,
onde as mesmas unhas se guardam entre encaixes.

Morre, morre como o clamor da terra estéril,
como a tartaruga esmagada por um pé desprotegido,
pé ferido cujo sangue, sangue fresco e novíssimo
quer correr e ser como um rio nascente.

Canto o céu feliz, o azul que se desponta,
canto a felicidade de amar doces criaturas,
De amar o que nasce sobre as pedras limpas,
agua, flor, folha, sede, lâmina, rio ou vento,
amorosa presença de um dia que sei existe.

4 de maio de 2007

Enquanto não acontece o lançamento do meu livro Safra Quebrada, no dia 15 de maio, a partir das 19 horas (Carpe Diem, 104 Sul, Brasília), onde aguardarei os amigos, vamos ler um poema do venezueano Juan Liscano, em tradução de minha autoria (outros poemas de Juan Liscano podem ser lidos em tradução de Antonio Miranda (www.antoniomiranda..com.br) :

MARCAS

Juan Liscano

As marcas nos confundem.
Procedem de toda parte.
De ontem, deste momento, de amanhã.
São passadas intermináveis
uma invasão de rastros vorazes
um solo de estrondosos passos.
Idas e vindas, migrações
famílias errantes em nós
que nos cruzam sem cessar, que saem, entram
deambulam por todos os rincões
em cada lugar do andar
e até nos muros onde suas marcas digitais
são largas feridas sangrentas.

O vento sopra em vão sobre esses rastros.
Não pode aventurá-los para outros lugares
talvez regue-os pelas moradias
pelos aposentos
pelas covas onde vive o louco da região
entre as samambaias da colina
onde pasta o cavalo
nas rochas onde eu divertia Prometeu.
Não pode aventurá-los
nem pode secar o sangue sobre os muros.

RETRATO, poema de Antonio Machado

Traduzi para meu consumo o poema "Retrato", do espanhol Antonio Machado. Trata-se de um dos poetas de minha predileção, assim como...