25 de novembro de 2007

A edição do Opção Cultural, editado pelo poeta Carlos Willian, em homenagem ao poeta José Godoy Garcia já pode ser conferida no endereço: www.jornalopcao.com.br e entrar no link Opção Cultura. Lá você vai encontrar o meu artigo, o do Alaor Barbosa, o do Brasígóis Felício, o do João Carlos Taveira e o de Juliana Godoy, neta do Godoy. E está confirmadíssimo o tributo ao Godoy Garcia, na Biblioteca Nacional de Brasília, nesta quinta-feira, 29, às 19.

Quero registrar aqui um texto que escrevi no Chuço, zine cultural que editei tempos atrás:


No livro Romance da Nuvem Pássaro, editado pela Casa José de Alencar, Francisco Carvalho dedica a mim o poema Corvos. Eu jamais poderia retribuir com o sarcasmo da palmatória ou com a ponta afiada do Chuço o gesto da amizade e da consolidada capacidade criativa. Vejamos o poema saureano de sua autoria:

Corvos

Para Salomão Sousa

Cria corvos, que os abutres
são sósias de homens ilustres.

À sombra da noite súbita
bebem o sangue da República.

Cria corvos com seus piolhos
que eles te arrancarão os olhos.

Cria corvos, que essas áspides
destruirão nossas lápides.

Cria corvos, corvos negros
pra maldição dos teus nervos.

Cria corvos, que essas feras
são os carrascos das trevas.

Cria corvos, que esses demos
farão ninho em teus poemas.

20 de novembro de 2007


Dia 29, às 19h, a convite do poeta Antonio Miranda, prestaremos tributo ao poeta José Godoy Garcia na Biblioteca Nacional de Brasília, que fica ao lado da rodoviária do Plano Piloto.


A convite de Euler Belém, preparamos material para edição especial do Opção Cultural, de Goiânia, editado pelo poeta Carlos Willian, para distribuição no dia do evento. Escreveram para edição Especial os escritores João Carlos Taveira, Alaor Barbosa, Brasigóis Felício, e a garota Juliana Godoy (neta do poeta homenageado). Como o Godoy é de Jataí, Goiás quer estar presente na homenagem.

Para a leitura dos poemas que ilustrarão nossa palestra, participação as jovens Juliana Godoy, Marina Godoy e Luana Oliveira. A homenagem ao José Godoy Garcia contará com a presença honrosa de Maria Rochael Garcia, esposa do homenageado.

O evento integra a série de homenagens a ilustres poetas brasileiros que a Biblioteca Nacional de Brasília vem promovendo desde o início do ano. Já foram prestadas homenagens a João Cabral de Melo Netto, Joaquim Cardoso, Marly de Oliveira, Anderson Braga Horta e José Santiago Naud.

8 de novembro de 2007


Na terça-feira, 13 de novembro de 2007, às 19 horas, no Café com Letras (203 Sul - Brasília), o amigo Francisco Kaq lança seu quinto livro de poesias. Editado pela editora Casa das Musas, DIZ, como informa o autor no realese de divulgação do lançamento, ainda tem predomínio do verso curto e do quase-verso, herança da poesia concreta. Estaremos lá para ver a ironia pós-c0ncreta.

6 de novembro de 2007

Tardiamente, registro aqui— com orgulho — o poema do meu amigo Lívio Oliveira, de Natal (RN). O poema foi lido na sessão plenário do Senado Federal — em Sessão Solene — de homenagem a Che Guevara, quando se comemora os 40 anos da morte desse herói revolucionário. Lívio, ainda ouviremos muito jazz, ainda acreditaremos muito nos movimentos que trazem as mudanças. E nos livros de poesia, às vezes cor de telha — que são a casa da alegria.


POEMA DA LIBERDADE

Livio Oliveira

Declaro, em mim,
e aos ventos e mares de Cuba,
toda a liberdade.
E o homem livre já vive o céu.
Aqui, na terra, o homem verdadeiramente livre
desenha os contornos de um céu
azul como o da Áfricaou dos sertões do Brasil.


Meu grito libertário já chegou à floresta da Bolívia
e, ao contrário do que pensam alguns,
não cessou.
Meu punho está firme,
pronto e rijo.
Já penso no próximo combate.

Travarei esse combate entre as palavras
e a ignorância.
Travarei esse novo combate entre o pão
e a fome.
Travarei esse velho combate entre a luz
e a obscuridade.


Lutarei, desesperadamente, sem sentir
qualquer dor.
Os meus amigos e camaradas
irão curar minhas feridas
com o bálsamo da verdade
e da honra.


Desafiarei os perigos
e correrei montanhas e todos os riscos.
Minha guerrilha não cessará
enquanto houver um homem,
uma mulher,
um velho,
uma criança,
sem casa,
sem chão,
sem o arroz da ilha
ou o feijão do continente.
Não cessará minha batalha
enquanto eu ouvir a canção
da Latino-América.


A fadiga não me alcançará,
enquanto – nas madrugadas –
eu sorver o orvalho fresco
e a seiva
que escorrem sobre as folhas
das árvores imemoriais da paz
e sobre a minha fronte sangrando.


Não interromperei minha luta
e minha gargalhada ainda ecoará,
apavorando meus algozes,
enquanto existirem povos
sem olhos para ver
o rumo certo,
sem ouvidos para ouvir
o poema da liberdade,
sem língua para gritar
e buscar, no fundo do peito,
o espírito altivo e forte
da AMÉRICA INDEPENDENTE!

Natal/RN/Brasil, 09 de outubro de 2007.

LÍVIO OLIVEIRA — Advogado Público Federal e escritor.Lançou seu primeiro livro em 2002, ''O Colecionador de Horas''(poesia).Em 2004, lançou uma pesquisa sobre livros e bibliófilos do Rio Grande do Norte, intitulada ''Bibliotecas Vivas do Rio Grande do Norte''. Em 2004, ainda, lançou ''Telha Crua'', livro de poesias vencedor do prêmio Othoniel Menezes- FUNCARTE- Natal/RN, daquele ano. Em, 2007, lançou o livro de haicais e poemas curtos ''Pena Mínima''.É o Diretor designado da Revista da OAB/RN.É ex-Presidente aclamado para a Diretoria Provisória da União Brasileira de Escritores, seccional do RN, tendo proposto junto à Assembléia Legislativa o Projeto da Lei do Livro do RN, já tramitando na Casa.

2 de novembro de 2007

Agora é definitivo.
Dia 29, às 19h, a convite do poeta Antonio Miranda, faremos uma homenagem ao poeta José Godoy Garcia na Biblioteca Nacional de Brasília, que fica ao lado da rodoviária do Plano Piloto. Paralelamente, estamos coordenando o material para uma edição especial do Opção Cultural, de Goiânia, editado pelo poeta Carlos Willians e por Euler Belém, para distribuição no dia do evento. Como o Godoy é de Jataí, Goiás quer estar presente na homenagem. Já confirmaram que escreverão matérias sobre José Godoy Garcia para a edição especial: Alaor Barbosa, Antonio Carlos Scartezini, João Carlos Taveira, Brasigóis Felício, e Juliana Godoy (neta do poeta homenageado). Para a leitura dos poemas que ilustrarão nossa palestra, estamos contando com a participação das garotas Juliana Godoy, Luana Oliveira (que está quase confirmando a participação junto com o Augusto).

Como sempre acordei muito cedo neste dia de Finados. Deixei rodando um DVD de Bob Dylan. E, ao ler o poema "Irmão", de José Godoy Garcia, fiquei pensando como uma certa juventude da pós-modernidade já nasce morta. Alguma juventude tem passado o tempo todo sem acreditar em nenhuma mudança, em nenhuma revolução, em nenhum herói. Vivemos uma época que não constrói mais heróis. Fico imensamente triste e até mesmo constrangido quando leio, por exemplo, uma crônica "esculhambando" com Che Guevara. Será que foi a juventude de meu tempo que foi mais idiota? Ainda continuo procurando ser "irmão de uma certa revolução", pois o pior é ser irmão de uma certa descrença, de uma certa apatia que não fará nenhuma mudança.



Irmão


José Godoy Garcia


Eu não fiz uma revolução.

Mas me fiz irmão de todas as revoluções.

Eu fiquei irmão de muitas coisas no mundo.

Irmão de uma certa camisa.

Uma certa camisa que era de um gesto de céu

e com certo carinho me vestia, como se me

vestisse de árvore e de nuvens.

Eu fiquei irmão de uma vaca, como se ela

também sonhasse. Fiquei irmão de um vira-lata

com o brio com que ele também me abraçava.

Fiquei irmão de um riacho, que é nome

de rio pequeno, um pequeno que cabe

todo dentro de mim, me falando,

me beijando, me lambendo, me lembrando.

Brincava e me envolvia, certos dias eu

girava em torno do redemoinho do cachorro

e do riacho e da vaca, sem às vezes saber

se estava beijando o riacho, o cachorro

ou a vaca, com um grande céu

me entornando, com um grande céu

com a vaca no lombo e com o cão,

com o riacho rindo de nós todos.

Eu fiquei irmão de livros, de gentes.

Eu fiquei irmão de uma certa montanha.

Irmão de muitos rios.

E fiquei irmão de uma certa idéia,

e tive sorte, não me assassinaram

como a milhares de meus irmãos,

e provei a mim mesmo

a minha fidelidade.

Fiquei irmão de muito cidadão de nome certo.

Fiquei irmão de uma certa bebida,

uma certa bebida que se chama ceva orvalhada.

Um ritual de estima: amigos, futebol, poesia,

minha doce donzela de vestido amarelo

e mais as outras tantas donzelas

de vermelho, grená, cinza, branquelo,

os vestidos mais belos e os mais singelos!

Eu gosto de mim, de meu porte nem sei,

de minha doce e embalante imaginação,

de minha frágil e destemida poesia.

1 de novembro de 2007

Minha visita à Academia Piracanjubense de Letras e Artes


Na foto: Herondes Cézar, Francisca, Lídia Arantes Borges e Salomão Sousa

Numa solenidade que ficará gravada eternamente nas minhas memórias especiais, a Academia Piracanjubense de Letras e Artes, por proposta do amigo Herondes Cézar, recebeu-nos no último dia 26 de outubro para um debate sobre a importância da literatura e de outras manifestações culturais para maior integração do jovem no processo social.

Ao evento compareceram muitos professores e acadêmicos. Pela leitura das atas das sessões anteriores, pudemos notar que a Academia Piracanjubense promove debates vivos e oportunos, e cabe elogiar a sede acolhedora. Com instalação da galeria dos patronos e respectivos ocupantes das cadeiras, a sede ainda ganhará maior brilho. Nossos parabéns ao presidente da academia, José Divino Alves, e a todos os demais membros!

No debate, destacamos a necessidade de os municípios desenvolverem projetos de inserção cultural da juventude para afastá-los, sobretudo, do alcoolismo, com indicativos de revitalização de cinemas, criação de cineclubes caseiros, ofertas de aulas de música, incentivo à criação de centros de dança — por aí, por aí —, até a motivação para o surgimento de agremiações juvenis voltadas para a cultura (e lembramos o PALAS, grupo de jovens de Silvânia, com atuação vitoriosa sob a coordenação do professor Edmar Cotrim). Pois o poder público e as famílias só estão oferecendo aos jovens a opção pelo alcoolismo. As famílias não estão levando a cultura para dentro de casa.

No dia seguinte, o amigo Herondes Cézar apresentou a cidade para mim e para a Francisca. Indicou os pontos históricos, com destaque para os prédios que abrigaram os antigos cinemas — já que escreveu um livro sobre a história do cinema em Piracanjuba.

Visitamos a escritora e pintora Lídia Arantes Borges, que já presidiu por duas vezes a Academia Piracanjubense de Letras e Artes. A sua casa aconchegante é parte de um grande jardim, e, parte deste jardim, são as lindas pinturas a oleo feitas por ela! Ficamos deslumbrados — quase não saímos de sua casa! Estou aqui com seus dois livros de poesia — As cores do outono e Raiz goiana. Como o título de seu livro indica — trata-se de poesia de sagração da vida e da terra goiana.

A poesia de Lídia Arantes Borges colabora com o tema que tratamos na academia. No poema “Biscoito goiano”, ao lembrar da casa da avó, ela diz que as crianças “Perdem tão cedo a inocência, /que incoerência, /reina o individualismo”. Mas resta uma esperança, pois ela diz noutro poema: “A trilha é estreita e pedregosa, /mas ainda há luz,/ preciso caminhar”.

RETRATO, poema de Antonio Machado

Traduzi para meu consumo o poema "Retrato", do espanhol Antonio Machado. Trata-se de um dos poetas de minha predileção, assim como...