23 de janeiro de 2009

Norwegian Wood

Estou lendo o romance "Norwegian Wood", do japonês Haruki Murakami. Um romance de amor juvenil, dizem que um tanto autobiográfico. Boas descrições e de tensões psicológicas (consciência psicológica?). Eu até diria que é uma novela, pois o autor vai passando de um personagem para outro, deixando os dois centrais permanecerem no seu conflito. O título é homônimo de uma canção dos The Beatles. Deixo aqui a tradução da canção, que remete bem aos anos 70 e também às canções de amor de Pablo Neruda.

MADEIRA NORUEGUESA (O Pássaro Tinha Voado) [*]

Certa vez eu tive uma garota
Ou devo dizer que ela me teve
Ela me mostrou seu quarto, não era bom
Madeira norueguesa?

Ela me pediu para ficar
E pediu para sentar em qualquer lugar
Então olhei em volta e notei
Que não havia uma cadeira

Sentei em seu tapete
Dando meu tempo, bebendo seu vinho
Conversamos até as duas horas
E então ela disse: “hora de dormir”

Ela disse que foi trabalhar cedo
E começou a rir
Eu disse que eu não
E me arrastei para dormir no banheiro

E quando acordei, eu estava sozinho
O pássaro tinha voado
Então acendi um fogo, não era bom
Madeira norueguesa?

19 de janeiro de 2009

Agradeço ao Euler Belém o comentário que faz na edição desta semana do "Jornal Opção", em sua coluna Imprensa sobre o meu livro Momento Crítico:

O não-im­pres­sio­nis­mo de um crí­ti­co ta­len­to­so e nada academicista

O es­cri­tor e crí­ti­co li­te­rá­rio Sa­lo­mão Sou­sa lan­çou em Go­i­â­nia, no sá­ba­do, 10, na Li­vra­ria Lei­tu­ra, o li­vro “Mo­men­to Crí­ti­co”.

Sa­lo­mão diz que se tra­ta de crí­ti­ca im­pres­sio­nis­ta. Não é. Dos crí­ti­cos que não es­tão na uni­ver­si­da­de, Sa­lo­mão é um dos mais es­tu­di­o­sos e de­di­ca­dos, e sa­be, co­mo ra­ros, fa­zer a pon­te en­tre a crí­ti­ca aca­dê­mi­ca e a não-aca­dê­mi­ca. Nou­tras pa­la­vras, alia o ri­gor crí­ti­co, por sua con­ta de sua for­ma­ção ri­go­ro­sa, com a fa­ci­li­da­de pa­ra es­cre­ver sem usar a lin­gua­gem-pe­dre­gu­lho de al­guns pro­fes­so­res uni­ver­si­tá­rios. Há mui­to mais crí­ti­ca im­pres­sio­nis­ta na uni­ver­si­da­de, tra­ves­ti­da de mé­to­do, do que se cos­tu­ma pen­sar. Al­gu­mas ve­zes, há mui­to mais pers­pi­cá­cia ana­lí­ti­ca na crí­ti­ca ti­da co­mo im­pres­sio­nis­ta do que se ima­gi­na e não mui­to ra­ra­men­te a crí­ti­ca im­pres­sio­nis­ta, des­co­bri­do­ra de no­vos ca­mi­nhos, é apro­pria­da e re­fi­na­da pe­los “reis do mé­to­do”.

Re­co­lho tre­cho ex­tra­í­do por Sa­lo­mão de um ro­man­ce do gran­de Knut Ham­sum (tor­nou-se exe­cra­do por não ser de es­quer­da): “Quan­do che­ga a ve­lhi­ce, dei­xa­mos de vi­ver o pre­sen­te e pas­sa­mos a vi­ver de re­cor­da­ções. Che­ga­mos co­mo uma car­ta ao seu des­ti­no; dei­xa­mos de ter ca­mi­nho a per­cor­rer. Res­ta-nos, uni­ca­men­te, sa­ber se a nos­sa pas­sa­gem pe­lo mun­do de­sen­ca­de­ou tur­bi­lhões de pe­nas e ale­gri­as, ou se a nos­sa vi­da nos dei­xou uma úni­ca sen­sa­ção”.

A crí­ti­ca de Sa­lo­mão é vi­va, pre­sen­te, par­ti­ci­pan­te. Não en­ve­lhe­ceu. Por quê? Por­que, lon­ge de co­zi­nhar mé­to­dos, que en­ve­lhe­cem mais do que a li­te­ra­tu­ra, tra­ta, pro­xi­ma­men­te, de li­te­ra­tu­ra. Não se tra­ta de um crí­ti­co que fi­ca len­do ape­nas crí­ti­ca, com o ob­je­ti­vo de ba­li­zar sua lei­tu­ra. Tra­ta-se de crí­ti­co que lê e in­ter­pre­ta li­te­ra­tu­ra. É seu gran­de trun­fo.

18 de janeiro de 2009

Centenário de Edgar Allan Poe


Nesta terça-feira (19 de janeiro), comemora-se o centenário de nascimento de Edgar Allan Poe, que se consagrou como contista e é o grande poeta de "O corvo", que ao lado de "Ulisses", de Tennyson, são os maiores poemas da humanidade (for me). O poema "Ulisses" já se encontra nesse meu blog, e, aproveitando a data comemorativa, incluo o poema de Edgar Allan Poe, na antológica tradução de Fernando Pessoa. Existem outras traduções, inclusive de Machado de Assis, que já me foi presenteada na década de 80 pelo amigo José Sales Neto. Foi presente memorável: datilografado pelo próprio Sales num papel longo e veio num tubo destes usados para guardar obras-primas, que só Poe merece. É dispensável a apresentação de Edgar Allan Poe, pois é vasto o material sobre na internet. Em quantas noites solitárias já li esse poema. Em quantas ainda lerei!!!!


O CORVO
de Edgar Allan Poe
na tradução de Fernando Pessoa

Numa meia-noite agreste, quando eu lia, lento e triste,
Vagos, curiosos tomos de ciências ancestrais,
E já quase adormecia, ouvi o que parecia
O som de algúem que batia levemente a meus umbrais.
"Uma visita", eu me disse, "está batendo a meus umbrais.
É só isto, e nada mais."

Ah, que bem disso me lembro! Era no frio dezembro,
E o fogo, morrendo negro, urdia sombras desiguais.
Como eu qu'ria a madrugada, toda a noite aos livros dada
P'ra esquecer (em vão!) a amada, hoje entre hostes celestiais -
Essa cujo nome sabem as hostes celestiais,
Mas sem nome aqui jamais!

Como, a tremer frio e frouxo, cada reposteiro roxo
Me incutia, urdia estranhos terrores nunca antes tais!
Mas, a mim mesmo infundido força, eu ia repetindo,
"É uma visita pedindo entrada aqui em meus umbrais;
Uma visita tardia pede entrada em meus umbrais.
É só isto, e nada mais".

E, mais forte num instante, já nem tardo ou hesitante,
"Senhor", eu disse, "ou senhora, decerto me desculpais;
Mas eu ia adormecendo, quando viestes batendo,
Tão levemente batendo, batendo por meus umbrais,
Que mal ouvi..." E abri largos, franqueando-os, meus umbrais.
Noite, noite e nada mais.

A treva enorme fitando, fiquei perdido receando,
Dúbio e tais sonhos sonhando que os ninguém sonhou iguais.
Mas a noite era infinita, a paz profunda e maldita,
E a única palavra dita foi um nome cheio de ais -
Eu o disse, o nome dela, e o eco disse aos meus ais.
Isso só e nada mais.

Para dentro então volvendo, toda a alma em mim ardendo,
Não tardou que ouvisse novo som batendo mais e mais.
"Por certo", disse eu, "aquela bulha é na minha janela.
Vamos ver o que está nela, e o que são estes sinais."
Meu coração se distraía pesquisando estes sinais.
"É o vento, e nada mais."

Abri então a vidraça, e eis que, com muita negaça,
Entrou grave e nobre um corvo dos bons tempos ancestrais.
Não fez nenhum cumprimento, não parou nem um momento,
Mas com ar solene e lento pousou sobre os meus umbrais,
Num alvo busto de Atena que há por sobre meus umbrais,
Foi, pousou, e nada mais.

E esta ave estranha e escura fez sorrir minha amargura
Com o solene decoro de seus ares rituais.
"Tens o aspecto tosquiado", disse eu, "mas de nobre e ousado,
Ó velho corvo emigrado lá das trevas infernais!
Dize-me qual o teu nome lá nas trevas infernais."
Disse o corvo, "Nunca mais".

Pasmei de ouvir este raro pássaro falar tão claro,
Inda que pouco sentido tivessem palavras tais.
Mas deve ser concedido que ninguém terá havido
Que uma ave tenha tido pousada nos meus umbrais,
Ave ou bicho sobre o busto que há por sobre seus umbrais,
Com o nome "Nunca mais".

Mas o corvo, sobre o busto, nada mais dissera, augusto,
Que essa frase, qual se nela a alma lhe ficasse em ais.
Nem mais voz nem movimento fez, e eu, em meu pensamento
Perdido, murmurei lento, "Amigo, sonhos - mortais
Todos - todos já se foram. Amanhã também te vais".
Disse o corvo, "Nunca mais".

A alma súbito movida por frase tão bem cabida,
"Por certo", disse eu, "são estas vozes usuais,
Aprendeu-as de algum dono, que a desgraça e o abandono
Seguiram até que o entono da alma se quebrou em ais,
E o bordão de desesp'rança de seu canto cheio de ais
Era este "Nunca mais".

Mas, fazendo inda a ave escura sorrir a minha amargura,
Sentei-me defronte dela, do alvo busto e meus umbrais;
E, enterrado na cadeira, pensei de muita maneira
Que qu'ria esta ave agoureia dos maus tempos ancestrais,
Esta ave negra e agoureira dos maus tempos ancestrais,
Com aquele "Nunca mais".

Comigo isto discorrendo, mas nem sílaba dizendo
À ave que na minha alma cravava os olhos fatais,
Isto e mais ia cismando, a cabeça reclinando
No veludo onde a luz punha vagas sobras desiguais,
Naquele veludo onde ela, entre as sobras desiguais,
Reclinar-se-á nunca mais!

Fez-se então o ar mais denso, como cheio dum incenso
Que anjos dessem, cujos leves passos soam musicais.
"Maldito!", a mim disse, "deu-te Deus, por anjos concedeu-te
O esquecimento; valeu-te. Toma-o, esquece, com teus ais,
O nome da que não esqueces, e que faz esses teus ais!"
Disse o corvo, "Nunca mais".

"Profeta", disse eu, "profeta - ou demônio ou ave preta!
Fosse diabo ou tempestade quem te trouxe a meus umbrais,
A este luto e este degredo, a esta noite e este segredo,
A esta casa de ância e medo, dize a esta alma a quem atrais
Se há um bálsamo longínquo para esta alma a quem atrais!
Disse o corvo, "Nunca mais".

"Profeta", disse eu, "profeta - ou demônio ou ave preta!
Pelo Deus ante quem ambos somos fracos e mortais.
Dize a esta alma entristecida se no Éden de outra vida
Verá essa hoje perdida entre hostes celestiais,
Essa cujo nome sabem as hostes celestiais!"
Disse o corvo, "Nunca mais".

"Que esse grito nos aparte, ave ou diabo!", eu disse. "Parte!
Torna á noite e à tempestade! Torna às trevas infernais!
Não deixes pena que ateste a mentira que disseste!
Minha solidão me reste! Tira-te de meus umbrais!
Tira o vulto de meu peito e a sombra de meus umbrais!"
Disse o corvo, "Nunca mais".

E o corvo, na noite infinda, está ainda, está ainda
No alvo busto de Atena que há por sobre os meus umbrais.
Seu olhar tem a medonha cor de um demônio que sonha,
E a luz lança-lhe a tristonha sombra no chão há mais e mais,
Libertar-se-á... nunca mais!
Nasço da indecisão das plumas,
da falência a tornar múltiplos
gestos e fogo, de umas cinzas
Indeciso na precisão do fôlego
Lobeira sem quem lhe colha
o caule, o indigesto fruto

Indiferença aos sopros,
aos rogos de um detalhe
Prontas para esfarelar-me
me esperam cheias de arestas
as unhas sobre a tina de prata

Grão ao descaso do dente,
da lâmina, do limo
Grão com a limpeza de um fluxo
e pele e pumas

Não levei os tímpanos à guerra
Não raspei a mão
na solidez da máquina
Permaneço murcho
depois de deter-me,
não enfunar-me
diante da palha e da fagulha

Não renasço se não perdi,
se nas mãos de um vento
farelo não fui,
se não fui a pendida fruta,
a água a corroer o talo
Só a espuma em mim flui



@ salomão sousa

17 de janeiro de 2009

Terminei agora de assistir a minissérie "Maysa". Por que os músicos pagaram com um preço tão elevado pelo alcance da liberdade? Elis? Charlie Parker "Bird"?
Aqui de madrugada e precisando dormir. Ah! mas me deu vontade de postar aqui a tradução que fiz de um poema de Federico Garcia Lorca. E outros que foram arrastados para a morte pela vontade de participar da liberdade de todos: Lorca José Marti. Neste poema, há o verde, mas um verde para encobrir o vermelho-sangue. De vez em quando vou postar um grande poema da humanidade, até completar uns cem. Alimento este desejo de fazer uma antologia com os maiores poemas da humanidade (na minha parca sensibilidade).

Então Federico Garcia Lorca:

ROMANCE SONÂMBULO
Tradução de Salomão Sousa

Verde que te quero verde.
Verde vento. Verdes ramos.
O barco sobre o mar
e o cavalo na montanha.
Com a sombra na cintura,
ela sonha na varanda
verde carne, cabelo verde,
com olhos de fria prata.
Verde que te quero verde.
Debaixo da lua cigana,
as coisas a estão olhando
e ela não pode olhá-las.

***

Verde que te quero verde.
Grandes estrelas de escarcha
vêm com o peixe de sombra
que abre o caminho da alba.
A figueira arranha o vento
com a lixa de seus ramos
e o monte, gato matreiro,
eriça suas fibras acres.
Mas quem virá? e por onde?¼
Ela continua na varanda,
verde carne, cabelo verde,
sonhando no mar amargo.

***

Compadre, quero trocar
meu cavalo por sua casa,
meu arreio pelo espelho,
minha faca por sua manta.
Compadre, venho sangrando
desde os portos de Cabra.
Se eu pudesse, seu moço,
este trato se fechava.
Mas eu já não sou eu
nem já é minha a minha casa.
Compadre, quero morrer
decentemente em minha cama.
De arma branca, pode ser,
com os lençóis de holanda.
Não vês a ferida que tenho
do peito até a garganta?
Trezentas rosas morenas
leva teu peitilho branco.
Teu sangue respinga e cheira
ao redor de tua faixa.
Mas eu já não sou eu.
Nem já é minha a minha casa.
Deixai-me subir ao menos
até as altas varandas:
deixai-me subir!, deixai-me
até as verdes varandas!
Avarandados da lua
por onde estronda a água¼

***

Já sobem os dois compadres
até as altas varandas.
Deixando um rastro de sangue.
Deixando um rastro de lágrimas.
Tremulavam nos telhados
pequenos faróis de lata.
Mil pandeiros de cristal
feriam a madrugada.

***

Verde que de quero verde.
Vento verde. Verdes ramos.
Os dois compadres subiram.
O longo vento deixava
na boca um gosto raro
de fel, de menta e alfavaca.
Compadre! Onde está, dize-me?
Onde está tua menina amarga?
Quantas vezes te esperou!
Quantas vezes te esperara,
de cara alegre, cabelo alegre,
nesta verde varanda!

***

Sobre a boca da cisterna
a cigana tremia.
Verde carne, cabelo verde,
com olhos de fria prata.
O gelo da lua, em pedaços,
ampara-a sobre a água.
A noite se tornou íntima
como uma pequena praça.
Guardas-civis bêbados
na porta golpeavam.
Verde que te quero verde.
Verde vento. Verdes ramos.
O barco sobre o mar.
E o cavalo na montanha.

12 de janeiro de 2009


Parafraseando Drummond, eu diria que de ontem para hoje estou sendo perseguido pelas bruxas (mariposas). Ao apanhar a correspondência na caixa dos correios nesta tarde ensolarada, quase piso numa mariposa morta. Já não apresenta o viço ágil das asas abertas, pois perdeu o domínio do voo (é a primeira vez que me valho da nova regra ortográfica). É até bom que a fotografia não apresente esta mariposa dentro de um foco, pois seria humilhá-la em sua fragilidade. Esta é das negras, com as rajas em forma de "V", fazendo um contraste sábio ao contrário do formato dela ao recolher as asas. Lembrou-me um poema de Fernando Pessoa, do qual transcrevo apenas estrofe:

(Louvado seja Deus que não sou bom,
e tenho o egoísmo natural das flores
E dos rios que seguem o seu caminho
Preocupados sem o saber
Só com florir e ir correndo.
É essa a única missão no Mundo,
Essa — existir claramente,
E saber fazê-lo sem pensar nisso.

Fernando Pessoa, eu já disse isso num artigo do Momento crítico, não se preocupa com a exatidão da gramatical. Ele não fecha o parêntese que abre esta estrofe. Essa estrofe vale também para o ato poético: acredito que a poesia atual está muito mais preocupada em ser poesia do que em existir como algo integrado ao ato de existir, de forma espontânea. A poesia está precisando imitar as mariposas: pousar despreocupada na sala, e morrer despreocupada perto das caixas dos correios, numa espécie de correspondência que não precisa chegar ao remetente.

Estive fora de casa por uma semana e, ao retornar, recebi uma visita rara. Há muito eu não me encontrava com a mariposa marrom de rajas paralelas. Não conheço o seu nome científico (ah! e ele nem vem ao caso!). Pelo aspecto aveludado, parecendo um tecido de pequenos pêlos, as mariposas provocam medo em algumas pessoas. Ou asco. Por isso são chamadas de bruxas. Não foi à-toa que a reação de uma garota que estava em casa foi indagar de imediato se podia matá-la. Não sei se elas tem uma função na natureza, talvez apareçam para nos provocar, para nos dizer que há algo que completa o mundo sem necessidade de uma compreensão científica mais explícita. Talvez ela seja parente da poesia — este asco que provoca as pessoas, deixando-as inquieta, querendo destroçar a página e seu autor. Tentei fotografá-la, mas nem minha máquina (com pouca bateria) nem meu celular conseguiram captá-la devidamente em suas nuanças. Deixei-a por algum tempo descansar na parede de minha sala, depois abri a porta e empurrei-a para a liberdade da noite.

10 de janeiro de 2009


Ficamos em Goiânia por três dias para comprar livros de poetas goianos (encontrei livros de Yeda Schmaltz, Aidenor Aires, Edmar Guimarães, Wesley Peres, Carlos Willians entre outros) para ampliar o nosso acervo. Comprei o livro do Colemar Silva sobre a história de Goiás: ele reconhece que é antiga a resistência em insistir negar os avanços que o Estado alcança em diversas áreas, pois sempre se pregou que o estado é pobre, ruim de cultura e coisas tais. Acrescentamos, e faremos estudo nesse sentido, que Goiás é um estado recente, e que tudo que nele foi produzido, principalmente na área da poesia, é fato para construir valores futuros. Aproveitamos para divulgar nosso livro Momento Crítico no shopping Goiás, em espaço cedido pela Leide, que cuida da parte cultural da livraria Leitura.


Os nossos amigos escritores que compareceram à livraria Cultura : Brasigóis Felício, Valdivino Braz, Edival Lourenço, Cézar Santos, Vassil Oliveira e eu (o Euler Belém acabara de sair), e o encontro com Aidenor Aires se deu em outro momento no Instituto Histórico de Goiás.

1 de janeiro de 2009





Estou realmente de férias.
Reencontrei um depoimento que fiz no orkut
para a minha amiga Nanndy,
que merece (creio) estar por aqui, e vou tomar a liberdade de colocar uma foto dela pelo Facundo ;





e comprarás a casa
:
e as duas lâmpadas
:
e estás iluminada
:
em outro continente

Doloroso notar que alguns programas de televisão são tão sem escrúpulo! Acabei de ouvir a declaração final de Ana Maria Braga em seu programa do dia de Ano Novo. Nunca vi tamanho desserviço para a formação do humanismo. Prega a ausência da memória (jogue aquela foto fora), o egoísmo "egocêntrico" (você mesmo), a arrogância (não mudar para agradar o outro). Estamos na época de pregar a importância da história pessoal, de ajustar-se ao outro, agradar ao outro. Se não nos ajustamos com a diferença do outro, só podemos cair no deslavado abandono, no descarado rancor capaz de nos tornar tão deslocados na Humanidade que podemos virar assassinos totalitários, nazistas. O egocêntrico quer desocupar o mundo para existir só.
Pessoas que escrevem textos como estes do programa Ana Maria Braga nunca leram o conto "O pinheirinho", de Hans-Christian Andersen. Temos de sonhar com o mundo que podemos habitar, que conseguimos dominar com harmonia, e não aquele que vamos só impor nossa vontade sem respeitar a vontade do outro. No abandono — vamos simplesmente queimar como carvão.

RETRATO, poema de Antonio Machado

Traduzi para meu consumo o poema "Retrato", do espanhol Antonio Machado. Trata-se de um dos poetas de minha predileção, assim como...