O acaso do acaso, caiu-me um disco nas mãos assim a Oriente do oriente. De Clara Ghimel — acredito que baiana. Ela reuniu poemas de portugueses, em arranjos bem percussivos, apesar de muitas guitarras acústicas leves. A voz clara que permite realce aos versos.
Apenas um comentário: ao primeiro verso do poemas "Pirata", de Sophia de Mello Brayner Andrade:
Sou o único homem a bordo do meu barco.
Os outros são monstros que não falam,
Tigres e ursos que amarrei aos remos
E o meu desprezo reina sobre o mar.
Não é algo imensamente assustador?
Não sei se é a sabedoria do poeta ou se já é o toque do egocentrismo sobre o homem que antecede o poeta. Assusto-me quando essas sobreposições acontecem. Antes, a força da natureza intimidava e a força do homem existia para dominá-la. Agora, sem força e sem domínio, mas apenas incendido de desprezo, o homem já se julga de posse de tudo — com desprezo.
Clara, parabens!
A poesia é meu território, e a cada dia planto e colho grãos em seus campos. Com a poesia, eu fundo e confundo a realidade. (Linoliogravura do fundo: Beto Nascimento)
10 de maio de 2009
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