Foto: Salomão Sousa
Amadureci uma amizade valorosa com o poeta José Santiago Naud desde os os primórdios de meu relacionamento com a Associação Nacional de Escritores. Ainda sem obra publicada, eu e o Wil Prado sentávamos cautelosos entre Almeida Fischer, Luiz Beltrão, Domingos Carvalho da Silva, Santiago Naud, Fernando Mendes Viana, Anderson Braga Horta na sala da associação (215 Sul). Firmei muitos de meus conhecimentos sobre literatura ali naquelas conversas noturnas, comendo amendorim torrado e tomando coca-cola. Acredito que a melhor escola de poesia não é na escola, mas nos bancos públicos das ruas e com o corpo a corpo com outros poetas. Através de encontros, desencontros e encontrões. Senão vira uma poeta de gabinete, frio e desalentado.
José Santiago Naud é um dos fundadores da UnB e um dos importantes brasileiros com os pés em Brasília. Sua obra vem sendo estuda com carinho pelo poeta Floriano Martins. Consultar mais imformações sobre Santiago na página do Antonio Miranda.
CAVALO MORTO
Morto.
A cabeça tão bela,
outrora insofrenável, agora
ropousando nos vermes. O corpo
terso, enorme,
inominável já,
colando-se na terra. E a grama
vencendo a repugnância
ensaia terna
uma cor mais nova.
Antes, uso. Agora,
memória mal exposta. Signo
do tempo. Meditação confusa.
Velocidade podre.
Das patas ágeis
- persistência patética –
restam os cascos,
apenas restos de cabelos escuros.
Sobre,
o arcanjo da destruição passa
sombrio, e enfeixa
aquela descomposta figura
nos silêncios da espada.
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