13 de junho de 2011

poema do anão

Fiz uma viagem por um trecho da cidade
acompanhado por um homem quase anão
Seus olhos estavam cheios de sal
e o ventre retesado de estampas

Não compreendi porque eram enormes
as arruelas debulhadas no seu ventre
Talvez seu bigode existisse só pelas pontas
para facilitar a fruição do esterco

Quase não vi os dois tufos
do bigode partido ao meio
e as barbatanas das sobrancelhas
O nariz era um escaravelho

O boné sujo de qualquer trecho de terra
Atravessamos a esplanada ao tinir de reflexos
que não foram iluminações para os degredos
ou o destino a cuidar da fertilidade

Vou sempre me lembrar que não trocamos
nenhum gesto, um aceno que fosse
  o que foi um triste fim
para a palha incendiária de uma amizade

Não conhecerá o anão meu couro sebáceo
se tivéssemos ao menos apertado as mãos
Não saberá que profiro péssimas palavras
e que assovio por uma fratura em meus lábios

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