JESUS
Anderson Braga Horta
Noite clara em Belém. Canta em surdina
o luar no firmamento constelado.
Natal — noite de luz, noite divina.
Cristo — um lírio na treva do pecado.
Brilha agora, no céu da Palestina,
meigo, intenso clarão abençoado:
do espaço, a Estrela aos simples ilumina
o berço do Senhor recém-chegado.
Os Reis Magos e os cândidos pastores
dão-lhe incenso, ouro e mirra, hinos e flores...
E o Menino, alegrando-se, sorria.
José fitava o céu, todo ventura.
E as estrelas, chorando de ternura,
cintilavam nos olhos de Maria.
POEMA DE NATAL COM ÁGUA
Miguel Jorge
Do menino se via os pezinhos cruzados,
o sol, nas águas do seu corpo,
secava os cabelos prateados.
Em meus olhos, outro menino
na Manjedoura, talhado em ternura,
nada sabe do mundo.
E se fosse somente pelos pés, um menino
seria o outro, afora a costura do tempo.
As alucinações do mundo, as mesmas,
a desorganizar sonhos em imagens
pelo planeta.
Que fosse por este Natal, o encontro das raças.
De alguém a atar abraços, os dedos assim,
entrelaçados ao acaso. A vitória do amor, na
leveza do silêncio que o alimenta.
Entre um céu e outro, o sol enche de luz
os objetos. Bichos e santos num instante
de eternidade a se renovar naquela noite.
A chama da beleza rudemente acesa floresce
as distantes manhãs: e que nada se diga dos
mistérios dos corações, as águas dos rios
a destrançar hemisférios.
É Natal! Deito-me e o nome continua
a ecoar enorme dentro de minha infância:
É Natal!
Um breve rumor de palavras escritas
na alma e, outras tantas, que mudas,
ficaram por se dizer.
É Natal! Precisamos justificar
o peso do tempo que passa,
pesa e nos enlaça.
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Salomão Sousa sente-se honrado com a visita e o comentário