25 de janeiro de 2012

Coro de uma peça de Sófocles

 Estou organizando uma antologia de poesia. Este poema abaixo, que é um coro da peça "Antígona", de Sófocles, é um dos que irei incluir. Se alguém conhecer alguma tradução de domínio público ou for mestre em grego e desejar fazer uma nova tradução, por favor, fazer contato.


Muitos prodígios há; porém nenhum
maior do que o homem.
Esse, co’ o sopro invernoso do Noto,
passando entre as vagas
fundas como abismos,
o cinzento mar ultrapassou. E a terra
imortal, dos deuses a mais sublime,
trabalha-a sem fim,
volvendo o arado, ano após ano,
com a raça dos cavalos laborando.

E das aves as tribos descuidadas,
a raça das feras,
em côncavas redes
a fauna, apanha-as e prende-as
o engenho do homem.
Dos animais do monte, que no mato
habitam, com arte se apodera;
domina o cavalo
de longas crinas, o jugo lhe põe,
vence o touro indomável das alturas.

A fala e o alado pensamento,
as normas que regulam as cidades
sozinho aprendeu;
da geada do céu, da chuva
inclementee sem refúgio, os dardos evita,
de tudo capaz.
Ao Hades somente
fugir não implora.
De doenças invencíveis os meios
de escapar já com outros meditou.

Da sua arte o engenho subtil
p’ra além do que se espera, ora o leva
ao bem, ora ao mal;
se da terra preza as leis e dos deuses
na justiça faz fé, grande é a cidade;
mas logo a perde
quem por audácia incorre no erro.
Longe do meu lar
o que assim for !
E longe esteja dos meus pensamentos
o homem que tal crime perpetrar!

Antígona. Tradução de Maria Helena da Rocha Pereira. Coimbra: Instituto Nacional de Investigação Científica e Centro de Estudos clássicos e Humanísticos da Universidade de Coimbra, 1992.

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