Nunca o Brasil precisou tanto de homens como Antônio Carlos Queiroz para interferir com leveza nas adversidades políticas e culturais do País. Construiu uma carreira de resistência, com discrição, mas com competência crítica e sem desconectar-se do bom espírito humorístico goiano (ele é de Anápolis), que trouxe para Brasília.
Ainda que tenha pautado
suas atividades jornalísticas no front político, manteve constante paixão
pela literatura, que soube alimentar com as experiências adquiridas como
professor de línguas. Desta paixão, nasce agora o seu primeiro livro de poesia,
que será lançado no dia 18 de agosto, a partir das 17h30, na Livraria Sebinho, da
406 Norte.
Poemas
& prósias reúne quase duas centenas de poesia, recheadas
de clareza, profundo conhecimento e de experiência da realidade, da política e da
cultura antiga. Tudo isso inseminado de humanismo. (O Sol nasce para todos –
somos parentes!), proclama já no poema de abertura do livro.
Em
que pese o sincretismo de experiências que interferem na construção dos poemas,
a sua produção não se insere nas vanguardas ou na poesia de invenção. É uma
poesia muito pessoal, que transborda cultura popular, vivência, com o prazer de
ser (Simplesmente ser é o sentido da Vida). Ou no poema “Declaração de
Guerra”: Falem vocês da morte/Eu falo da Vida. A luta participava tem vieses
diferentes para Antônio Carlos Queiroz. Na poesia, a arma de luta só poderia ser
a beleza: São bélicos os olhos que compõem o Belo.
Não
é um Sebastião Nunes da poesia espacial e satírica, apesar de intercalar
crítica e humor nos versos, pois diz em um dos seus poemas: “Eu mesmo –
quando crescer -/ quero ser Emily Dickinson”. Não transcrevo o poema “Ars
Amatoria” para não antecipar o prazer de o leitor conhecê-lo no livro. Nesse poema
- um dos mais longos do livro - o entrelaçar das palavras agrega signific(ação)
sem exigência da força verbal.
Para
fugir da clausura, Antônio Carlos Queiroz mantém o podcast República Popular das Letras, de entrevista com figuras centrais da cultura, onde mantém a
alegria do bom riso, da boa crítica e o vivo convite à participação social. Ele
mesmo se define em uma de suas últimas crônicas: “Ácido ou sarcáustico para
alguns, enjoativo para outros, posso ainda ser doce como um pequi, que solta
espinhos quando mordido de mau jeito.” Mas ninguém precisa temê-lo. Antônio
Carlos Queiroz tem a suculência do patriotismo sadio, da amizade espontânea e
da sabedoria - exemplos tão carentes nos dias atuais.
Salomão, acho que você exagerou nos elogios, que me deixaram feliz! Foi muito legal conhecer você, embora recentemente! Mas como diz um outro amigo meu, antes tarde do que mais tarde. Um abraço goianês procê!
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