O luto é muito mais do que a morte de uma mariposa
do que o pouso das mãos sobre o peito
Muito maior do que o vazio
do que a pele escurecida escurecida
Há mortes diárias, assaltos diários
A ausência do discurso, a ausência
dos dizeres da criança na lousa
se sarrafiaram a sala e a estrada
Por merecimento, reivindicamos
o direito de sermos os primeiros
no ranking mundo da corrupção
Reivindicamos e este é o luto maior
O luto maior é ter de aceitar o pedido de perdão
por apontar o dedo para um corrupto
A poesia às vezes queria ser palavra
— pássaro à espera da chuva e da criança
no pátio da escola —
e tem de voltar com o grito de resistência
O amigo Menezes y Morais ainda dizia na noite do tributo ao Oswaldino Marques (tributo este que não mereceu nenhuma linha nos jornais locais): merecemos, temos de reivindicfar o direito de sermos o primeiro país do ranking mundial da corrupção.
O luto maior é ver a ausência de informações nos jornais da cidade de Brasília sobre o falecimento do escritor Joanyr de Oliveira; a ausência de nomes de escritores nos jornais por picuinhas da literatice ou da jornalice, pois o verdadeiro Jornalismo informaria cotidianamente os nomes dos grandes fraudadores dos recursos públicos. Só o Jornalismo que leva a sua parte leva para a gaveta o nome dos fraudadores.
Só a jornalice omite o obiturário do Jornyr de Oliveira e o tributo ao Oswaldino Marques.
Só a jornalice arquiva os nomes dos fraudadores, omitindo a participação na luta pelo fortalecimento da administração limpa.
É o luto, é o luto!!!!
A poesia é meu território, e a cada dia planto e colho grãos em seus campos. Com a poesia, eu fundo e confundo a realidade. (Linoliogravura do fundo: Beto Nascimento)
6 de dezembro de 2009
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