29 de maio de 2013

A pergunta

Ronda, quase visível, a pergunta.
Cresce com os filhos, oculta-se
entre as escassas raízes da memória.
Ajusta-se às dormentes crisálidas
de um teto, aos títulos de minha honra,
à luz a animar a transitória bula
com que jamais me recuperarei.

A resposta crestou com os pães
e com os frutos que comerciei
em balcões de seca hibernação.
Anima-se nas lutas das paisagens
em que jamais transitarei
com óleo de invisível centro da madeira.
Dorme nos raios de um sol lânguido
a descarnar o andamento dos dias.

Diante de minha manhã acontece
a atacada do falcão
à fugidia companheira
e o meu ataque também se expandiria
em revoluções animadas dentro de um céu
em resposta fulminante.

Para que as garras nunca se retorçam
no pescoço de uma presa,
de uma isca implantada no meu trânsito,
aquieto-me na sementeira
de estéril decisão de florescência.
A pergunta nunca se despeça de sua hora
e em mim o falcão nunca adormeça.

Um comentário:

  1. Hilda Curcio16/07/2013, 18:26

    Lindo poema, como os de Vagem de vidro, que tive a sorte de ler. Parabéns, poeta. Você tem "Safra Quebrada" pra vender? Meu e-mail é hildacurcio@hotmail.com

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