VAGEM DE VIDRO.
Escrever sobre autores que admiramos é um
deleite, no entanto,escrever sobre autores que têm seus nomes inscritos nas
letras nacionais, que já receberam comentários críticos de pessoas abalizadas,é
aventurar-se em empreitada para a qual não se está devidamente
preparado. Contudo,minha admiração de
longos anos por este goiano, filho da aconchegante cidade de Silvânia, leva-me a ao atrevimento deste
comentário.
Pelos
idos de setenta, minha amiga e colega de trabalho, Edir Tourinho, levou-me certo
dia um livro de poesias de um amigo,dizendo ser este amigo Salomão Sousa.O
livro em questão tinha o título de A Moenda dos Meus Dias.
Chegando em
casa, me dispus apenas a dar uma espiada naquelas páginas e de
repente exclamei para mim mesma;_Mas é
um grande Poeta!Li, reli,guardei para outras releituras e comentei com minha
amiga.Tempos depois conheci o autor daquela intrigante moenda em eventos
literários e na Feira do Livro de Brasilia.
Dizem que se um
poema não nos causa prazer estético, não é poema. Salomão, amigo de outro amigo
poeta, o Taveira,conseguiu despertar em mim emoções vividas e sonhadas em seus
brilhantes versos. Acompanhei seus passos à distancia através da ANE, entidade
que tenho o orgulho de fazer parte do quadro de seus associados, e percebi
Salomão construir tijolo por tijolo,às vezes de pedra bruta, este artista
completo do agora.
Em Vagem de Vidro, que recebi recentemente
pelos coreios, o poeta se mostra por inteiro, com um fazer poético refinado que
difícil se faz separar o que é melhor. Gostaria
de destacar apenas um pequeno fragmento que me agradou deveras,à pagina 84,entre
“viagens” estes versos: ”Viajei.Vi homens no luxo/Vi crianças no lixo/e no lixo
tropecei”, este contraste lixo/luxo,ou ao contrário, já tem sido mote de alguns
artistas, mas nenhum com a profundidade de Salomão que tropeça nesse lixo, não
apenas constata e faz com que o poeta
não seja aquele que vive nas nuvens, como sói acontecer, sonhando com seres inatingíveis, não,o
poeta aqui vive/viaja mas que é telúrico partícipe da realidade de nossa gente,
“Viajei”. Quem diria que um verbo assim pretérito, isolado do
restante do verso por um ponto final, pudesse transmitir tanto. É como se
houvesse uma chegada e batendo firme o pé no chão, desse conta do que viu na
viagem. E o lixo, no caso,sobrou justamente para os indefesos, as crianças no
lixo. A perplexidade do poeta passa a ser nossa. Tropeça no lixo, mas não fica indiferente
e cede a sua voz aos que não têm voz..
Ficaria aqui
interminavelmente a desfiar recados soltos ou nem tanto em sua bela poesia, mas
meu poeta Salomão, me contento em lhe dizer;Obrigada Salomão Sousa, valeu a leitura.
Hilda Mendonça_Em noite de Chuva em Passos, MG,28/05/13
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Salomão Sousa sente-se honrado com a visita e o comentário