3 de março de 2009

Quem quer ser milionário?

Já que deixou de ser necessário o conceito de verossimilhança, Quem quer ser milionário? é um bom filme. Vale-se de situações velhas — mas também não podemos considerar que a história é nova, pois Bombaim está lá há algum tempo — para entrelaçar situações sociais que nunca envelhecem. Os programas de perguntas e respostas deixaram de existir desde os idos de 70, mas outras loterias estão aí no mundo todo para enganar os indivíduos, que sempre creem capazes de sair do real através de um sorteio grande. No filme é possível sair? Talvez, pois Jamal guarda fidelidade. A fidelidade — numa época em que até a ejaculação ocorre sem nenhuma promessa — merece ser premiada. Não, não jogo este filme no limbo. Há agilidade nas cenas, profundidade na fotografia, e uma música arrebatadora, quente. Uma música que soma o jazz fusion com a música oriental ou é o próprio jazz fusion. Ou clássico fusion. Só não é mais bonito porque a miséria sempre quer ofuscar o encanto. Pela abordagem de questões sociais — e pela fidelidade — o filme Quem quer ser milionário? merece o nono Oscar.

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