25 de junho de 2009

OH! MEU CAPITÃO! MEU CAPITÃO

Walt Whitman
Versão: Salomão Sousa


I.
Oh! Meu capitão! Meu capitão! nossa fatal viagem é finda;
O barco venceu as tormentas, alcançados os prêmios que buscávamos;
O porto está próximo, ouço os sinos, o povo se exulta;
Embora os olhos sigam as firmes quilhas, a embarcação sinistra e audaz:
Mas oh! coração! coração! coração!
Não derrame nem uma mínima gota
No convés onde meu capitão jaz
Estirado frio e morto.

II.
Oh! Capitão! Meu capitão! Levanta e ouça os sinos;
Levanta — por ti a flâmula flana — por ti a corneta trila;
Por ti buquês e grinaldas com fitas — por ti as multidões nas margens;
Por ti eles chamam, se aglomeram, os rostos ansiosos à procura;
Oh! Capitão! querido pai!
Passo embaixo de ti este braço;
No convés é um sonho que jaz,
Onde te estirastes frio e morto.

III.
Meu capitão que não responde, os lábios pálidos e tranquilos;
Meu pai que meu braço não sente, está sem pulso e vontade;
Mas o barco, o barco ileso ancorou, a viagem feita e conclusa;
Da terrível viagem, a vitória do barco, os objetivos alcançados;
Exultem-se, oh! margens! e toquem, oh! sinos!
Mas eu, com passo silente,
Atravesso onde meu capitão jaz
Estirado frio e morto.

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