6 de março de 2010

Amin Maalouf

A introdução de duas páginas ao livro "Origens", do libanês, Amin Maalouf, é comovente. Deixo aqui os dois primeiros parágrafos. Mais na frente ele dirá: "Pertenço a uma tribo que, desde sempre, vive como nômade num deserto do tamanho do mundo". Portanto, ele realmente não pode falar em ""raízes". Na última frase há uma expressão que tanto pode conter um erro na edição da Aliança Editorial quanto algo que não consegui captar do espanhol: "a la vera". Sei lá. Nem tudo é universal ou globalização. Consegui tirar a dúvida, é "à beira" mesmo. Vou ler este livro de memórias, pois preciso comprender as minhas próprias "origens", pois tudo se confunde e preciso encarar com muita ousadia e sem subterfúgios



"Outros falariam de "raízes"... Mas não é esse um vocabulário que eu use. Não me agrada a palavra "raízes", e menos ainda me agrada a imagem. As raízes se enterram no solo, se retorcem no barro, prosperam nas trevas; têm a árvore cativa desde que nace e a nutrem em troca de uma chantagem: "Se te liberas, tu morres!".



Às árvores não resta mais que resignar-se, necessitam de ter raízes; os homens, não. Respiramos a luz, cobiçamos o céu, e quando nos fundimos na terra é para apodrecermos. A seiva do solo natal não nos entra pelos pés para subir até a cabeça, os pés só nos servem para andar. A única coisa que nos importa são os caminhos. Eles nos levam: da pobreza à riqueza, ou a outra pobreza; da servidão à liberdade, ou à morte violenta. Prometem-nos, transportam-nos, impulsam-nos e, logo, nos abandonam. E então morremos, assim como nascemos, à beira de um caminho que não havíamos escolhidos."

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