A poesia é meu território, e a cada dia planto e colho grãos em seus campos. Com a poesia, eu fundo e confundo a realidade. (Linoliogravura do fundo: Beto Nascimento)
29 de janeiro de 2013
Convite para o lançamento do livro Vagem de Vidro
Há cinco anos sem lançar um livro de poemas, foi um desafio organizar os sessenta e seis poemas que compõe este livro. São poemas atemporais, mas com a preocupação de estar presente no tempo presente, tempo fragmentando, fútil e amoral, pleno de catátrofes que ainda fragmentam mais o humano. Não é um surrealismo tardio ou barroquismo irrelevante, mais um desafio de integrar as reverberações das vanguardas. Não há lírica amorosa ou piedade. Até impiedoso com o ego e suas primazias e proximidades. "Vagem de vidro" é o universo cada vez mais inorgânico incorporado ao homem, até naquilo que ele tem de mais poético. Livro impiedoso até com o próprio autor, pois esquivo, insistindo em acréscimos, apêndices, nebulosidades. Em quebrar ao mínimo toque. Cortante e cortes. Veja o final do poema que era para ser lírico para a Roberta, que queria queimar o próprio nome por julgá-lo, quando criança, excessivamente masculino, e que se transforma em tragédia pos-moderna:
Por pouco o nome descobre as origens
por pouco racha a muralha do inimigo
O nome começa a abrir o postigo
a quem vai entrar em cena
Vai entrar com a tocha de queimá-lo
No palco as acuçenas murchas
junto ao nome agora cinzas
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