Para
Salomão Sousa, meu amigo
Num 22 de abril como hoje, só que em 1724 (há
289 anos, portanto!), nasceu, na Alemanha, Immanuel Kant. Sua obra de filósofo é
um dos monumentos culturais da civilização ocidental, constituindo autêntica
bússola a orientar a humanidade na direção de uma existência pautada por
princípios éticos e valores morais.
Uma de suas lições mais divulgadas é aquela
segundo a qual "somos todos iguais pelo dever moral". Reúne, em síntese
perfeita, igualdade e moralidade, ou seja, a ninguém é escusado, sob qualquer
pretexto, fugir do mesmo dever de agir moralmente.
Se um indivíduo, no âmbito de determinado grupo,
conquista uma posição de prestígio acadêmico,
tal circunstância não o libera de manter-se íntegro, intelectualmente
honesto e socialmente justo.
Convidado a avaliar certas manifestações
culturais, o docente deve, necessariamente, conhecê-las em toda a sua extensão.
Não o fazendo, seja lá por que motivo for, impõe-se que se abstenha, passando a
tarefa a outrem. É o cumprimento de um dever moral, que vale para todos, sem
exceção. Não há vestais para Kant. Muito menos donos da verdade.
Insistir em avaliar algo, sem lhe penetrar o
inteiro teor e os fundamentos, é
algo moralmente reprovável, ainda mais se tal avaliação descamba para o terreno
do juízo político, incluindo comentários de ocasião sobre a atuação de homens e
partidos que nada têm a ver com o objeto da indagação originalmente formulada e,
numa etapa seguinte, tristemente negligenciada.
Em linguagem kantiana, a hipótese se afigura
assim: eu não cumpro meu dever moral de cidadão, mas a política ao meu redor
está podre. Ora, a podridão advem exatamente do não cumprimento, pela cidadania,
de seus deveres morais quotidianos e básicos, perante todos, em todas as
situações. O resto é cinismo, empáfia, arrogância, mentira de tigres de papel
(literalmente).
Kant viveu quase 80 anos, vindo a falecer em 12
de fevereiro de 1804. Viva Kant!
FÁBIO COUTINHO
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Salomão Sousa sente-se honrado com a visita e o comentário