César Vallejo
É uma aranha enorme que já não
anda; uma aranha incolor, cujo
corpo,
uma cabeça e um abdômen, sangra.
Hoje eu a vi de perto. E com que
esforço para todos os flancos
seus pés enumeráveis alargava.
E pensei em seus olhos
invisíveis, os pilotos fatais da
aranha.
É uma aranha que tremia
fixa num fio de pedra;
o abdômen de um
lado, e do outro
a cabeça.
Com tantos pés a pobre, e ainda não
pode resolver-se. E ao vê-la
atônita em tal transe,
hoje eu senti pena dessa viajante.
É uma aranha enorme, a quem
impede o abdômen avançar a
cabeça.
E pensei em seus
olhos e em seus pés
numerosos...
E senti pena dessa viajante!
Tradução: Salomão Sousa
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Salomão Sousa sente-se honrado com a visita e o comentário