26 de fevereiro de 2022

Poema

Antes fosse a solidão, essa que não deseja
ruído, rugido, fricção de esteiras
e martelar em estacas a fixar arames
Antes chegasse o pelotão
com a incumbência de plantar velames

Tem de partir tão rápido quem procura
a reserva de cômodos e de quintais
onde secar lençóis e edredons
e continuará sem endereço
Tem de ter início um novo povoamento,
reserva de adereços da festa pátria

Antes não fosse o abandono,
esse que não arrancasse as folhas
e que não apresentasse instrução
para que as castanheiras virem carvão
Alguém deseja compreender
o que se obtém com umas braças de terra
e nem as palavras instruem
como se desfazer das crianças mortas

A bomba traz o decalque de instrução
Derruba dez andares e não sobrevivem
homens animais percevejos
numa determinada adjacência
E completa com o certificado de garantia
se não explodir há direito de reposição

Antes não houvesse a reposição dos loucos

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