É bem traduzida no Brasil a peça Antígona, de Sófocles. Nessa peça se encontra o poema que passaram a chamar Ode ao Homem, que considero uma grande saudação à capacidade humana de manter domínio sobre as coisas terrenas. Em momento de grandes dúvidas sobre a ética, compus um poema, com todas as minhas limitações, dialogando com Sófocles. Incluo como epígrafe os versos finais do poema, em tradução do poeta Guilherme de Almeida.
Quando respeita as leise os juramentos dos deuses,é digno da pátria; mas é sem pátriao que por orgulho a conduz ao mal:esse não entre em minha casanem comigo tenha um pensamento igual.
Sófocles
Desastre ter de gastar pergaminho
para narrar horrores.
Ainda é prodigioso o homem
após aprender a organizar com habilidade
os artifícios do mal?
Por mais consciente da necessária
constância das velas para enfrentar
as estocadas tempestuosas do Noto,
ufana-se o homem
do impudor de impor destroços.
E, para os traços da charrua, escraviza,
em desperdício dos esforços
dos antepassados para viverem
em urbes pacificadas e livres.
O homem anula com ganância,
traz entorse com mercúrio
para justificar aquilo que mente,
apesar de ter ciência que posiciona
a mira de ceifar a infância
com balas perdidas e fome.
Enfuna maldade na forma de empilhar,
esmigalhar para enriquecer com ouro,
estanho e orçamento a que impõe sigilo.
Debaixo do banco traseiro
carrega dinheiro vivo e fuzil.
Há o palco para o espetáculo de prodígios.
mas se socorre da extorsão,
inocula diabólicas incertezas
com bordões idênticos e furunculosos.
E insere nos mesmos canais,
em todas abas da língua,
as fúrias. Com uma quântica inverossímil
enlouquece as formas de compreender
e de forjar razões.
Quem viu aquele que se ajoelha
e ora em prantos ao deus pneu?
Aquela senhora, que se afastou
envenenada de seu lar, deixou o jardim a secar
com a desventurada ausência.
Ficou o registro fotográfico.
Ao pé de uma escada
onde dois soldados ao alto
desprezam o zelo de seus rogos.
Riem do pedido sôfrego para que arrombem
e desconectem os cabos das urnas.
Sófocles, dois pequenos soldados
para escorraçar os juízes,
pois nas fronteiras não avançam inimigos
e o homem, em sua Pátria,
agora é o farsante de si mesmo.
O general, em seu refúgio, defende a tutela,
pois a democracia não atende
a bonança dos interesses classistas,
certamente de pecúnia farta.
Se estão impressos em artigo
esses não são versos de invenção do escriba,
Merece desterro o que desonra
a sua Pátria, que desfoca os artigos da lei,
o fluir de uma água até uma tribo
e atrofia os pequenos músculos
de crianças irmãs yanomamis.
É festiva a minha casa,
e, para que não a habite a desonra,
não dá acolhida a golpes, a fuzis no forro.
Esforço-me para que um voto
desintoxique-nos das inflamações da loucura
e à auspiciosa liberdade
não venha contradizer o édito.
Oh! Sófocles, livre sopra o Noto
e embaralha as folhas de pergaminho.
Prodígios de napalm, cianureto,
casas nas encostas, o veneno da mentira,
afundada barcaça do que emigra.
Quando deixarão de bater em nossa face
constância das velas para enfrentar
as estocadas tempestuosas do Noto,
ufana-se o homem
do impudor de impor destroços.
E, para os traços da charrua, escraviza,
em desperdício dos esforços
dos antepassados para viverem
em urbes pacificadas e livres.
O homem anula com ganância,
traz entorse com mercúrio
para justificar aquilo que mente,
apesar de ter ciência que posiciona
a mira de ceifar a infância
com balas perdidas e fome.
Enfuna maldade na forma de empilhar,
esmigalhar para enriquecer com ouro,
estanho e orçamento a que impõe sigilo.
Debaixo do banco traseiro
carrega dinheiro vivo e fuzil.
Há o palco para o espetáculo de prodígios.
mas se socorre da extorsão,
inocula diabólicas incertezas
com bordões idênticos e furunculosos.
E insere nos mesmos canais,
em todas abas da língua,
as fúrias. Com uma quântica inverossímil
enlouquece as formas de compreender
e de forjar razões.
Quem viu aquele que se ajoelha
e ora em prantos ao deus pneu?
Aquela senhora, que se afastou
envenenada de seu lar, deixou o jardim a secar
com a desventurada ausência.
Ficou o registro fotográfico.
Ao pé de uma escada
onde dois soldados ao alto
desprezam o zelo de seus rogos.
Riem do pedido sôfrego para que arrombem
e desconectem os cabos das urnas.
Sófocles, dois pequenos soldados
para escorraçar os juízes,
pois nas fronteiras não avançam inimigos
e o homem, em sua Pátria,
agora é o farsante de si mesmo.
O general, em seu refúgio, defende a tutela,
pois a democracia não atende
a bonança dos interesses classistas,
certamente de pecúnia farta.
Se estão impressos em artigo
esses não são versos de invenção do escriba,
Merece desterro o que desonra
a sua Pátria, que desfoca os artigos da lei,
o fluir de uma água até uma tribo
e atrofia os pequenos músculos
de crianças irmãs yanomamis.
É festiva a minha casa,
e, para que não a habite a desonra,
não dá acolhida a golpes, a fuzis no forro.
Esforço-me para que um voto
desintoxique-nos das inflamações da loucura
e à auspiciosa liberdade
não venha contradizer o édito.
Oh! Sófocles, livre sopra o Noto
e embaralha as folhas de pergaminho.
Prodígios de napalm, cianureto,
casas nas encostas, o veneno da mentira,
afundada barcaça do que emigra.
Quando deixarão de bater em nossa face
os arrotos da civilidade perdida?
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