Algumas publicações não podem passar desapercebidas. E uma delas é o livro da UFSC "A coisa perdida", que traz a poesia do italiano Giorgio Caproni e o estudo de Agmbem sobre o poeta. É uma poesia enxuta, necessária. Reserve logo o seu exemplar.
Dois poemas:
Lembrança
Lembro uma igreja antiga,
ermida,
na hora em que o ar se alaranja
e cada voz se greta
sob a arcada do céu.
Estavas fatigada,
e sentamo-nos num degrau:
nós dois mendigos.
No entanto o sangue fervia
de maravilha, ao ver
cada ave mudar-se em estrela
no céu.
Tudo
Queimaram tudo.
A igreja. A escola.
O município.
Tudo.
Até a relva.
Até,
com o campo-santo, a fumaça
tênue da chaminé
da fornalha.
Ilesa,
alvorece apenas a areia
e a água: a água que treme
à minha voz, e espelha
a esqualidez de um grito
sem nascedouro.
A gente
não sabe mais onde fica.
Queimada também a tasca.
Também o ônibus.
Tudo.
Não resta sequer o luto,
no cinza, a esperar a parva
(inexistete) palavra.
A poesia é meu território, e a cada dia planto e colho grãos em seus campos. Com a poesia, eu fundo e confundo a realidade. (Linoliogravura do fundo: Beto Nascimento)
30 de junho de 2012
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