Com atraso, com excessivo atraso, registro dois livros que a amiga e poeta importantíssima do Brasil, Astrid Cabral, encaminhou-me em dezembro. A reedição de "Intramuros", que foi o Prêmio Helena Kolody, de 1997. E "Palavra na berlinda", de 2011, pela editora Ibis Libris. Temos de saudar as pequenas editoras, pois elas salvam a poesia do anonimato. Geralmente são criadas já para expressão da paixão de seus propretários pela poesia. O "Intramuros" é da Valter Editora. O livros do Alcides Buss, registrado abaixo, é da Caminho de Dentro. Portanto, só editoras que estão fora do grande circuito. "Intramuros" traz poemas sore o cotidiano da mulher, assim como os poemas de Cora Coralina - Astrid Cabral que circulou muito por Goiás, pois esposa do poeta goiano Affonso Félix de Souza. Estou vendo que ela fez um poema para uma pedra que lhe foi presenteada por José Godoy Garcia, outro grande poeta de Goiás. Eu também tenho a minha pedra presenteada por José Godoy Garcia. Parece um sapo em minha estante.
Um poema de "Intramuros". Vejam que sutileza a transformação do instestino numa louça e em outro astro, com a sonoridade no aço do dente. Só a poesia para salvar o imaginário! Astrid, sou apaixonado pela sua poesia!
Metamorfose
No regaço da louça
o pêssego corado
é um pequeno sol.
Como à tentação resistirem
os dentes famintos?
Logo o astro se eclipsa
pelo túnel do corpo
e se torna bagaço
no regaço de outra louça.
A poesia é meu território, e a cada dia planto e colho grãos em seus campos. Com a poesia, eu fundo e confundo a realidade. (Linoliogravura do fundo: Beto Nascimento)
30 de junho de 2012
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