Clint Eastwood declarou que Gran Torino, seu mais recente filme, é sobre a tolerância. Mas é bem mais do que a tolerância, pois envolve questões raciais, de violência com a juventude, da dívida americana com aqueles que foram atingidos por suas invasões. A degringolada da família. Ele vem nos dizer que alguém precisa estar pronto para morrer para ver se a coisa muda. Trata-se de um filme que tem de virar cardápio do debate em sala de aula e nos comícios públicos. Trata-se de um filme que me faz voltar a refletir sobre a importância da realidade na obra de arte. Até onde a obra de arte tem de estar associada ou dissociada da realidade? Clint Eastwood sempre está dentro da realidade, com a sua obra (de grande arte).
Como serve para mim e mais e demais, registro aqui um trecho da obra de Bertrand Russell:
"Aqueles cujas vidas dão frutos para si mesmos, para seus amigos ou para o mundo são inspirados pela esperança e sustentatos pela alegria: eles veem em sua imaginação as coisas que podem vir a ser e o modo como se materalizam. Em suas relações privadas, não se angustiam com uma possível perda de afeto e respeito, preferem dar afeto e respeitar de maneira livre, assim a recompensa chega por si mesma, sem que a procurem. No trabalho, não são assombrados pela inveja dos concorrentes, mas estão, isto sim, preocupados com o que tem de ser feito. Na política, não perdem tempo e paixão defendendo privilégios injustos de sua classe ou nação, mas almejam fazer do mundo um lugar mais feliz, menos cruel, menos cheio de conflitos entre cobiças rivais e mais povoado por seres humanos cujo crescimento não tenha sido tolhido pela opressão."
Ah Boaventura! que diz mais: a "razão cínica" justifica toda artimanha de privilégios.
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Salomão Sousa sente-se honrado com a visita e o comentário