28 de outubro de 2011

Alexandre sem herói

Alexandre, poucas seriam as chances
de seres grandes num mundo
em que os jovens aboliram todos os heróis!
Com 33 anos ainda estarias vivo
e com grandes chances
de morrer de uma cirrose aos 30,
sem teres fundado nenhuma Alexandria.
Passarias as noites bêbado
na praça de uma cidade,
infernizando a quietude
com os 15 mil watts de som
em sofrível cum-cum-cum
de acabar com qualquer um.
Em tédio passarias teus dias,
dormindo à larga até as 3 da tarde,
sem conquistas, sem listrar o mapa
com os roteiros de tuas guerras.
Estarias nas asas de um pai,
retardando o primeiro emprego,
aos 29 estarias aguardando
uma lei que lhe garantisse
a gratuidade da passagem
em todas os ônibus, em todas as naus.
Não serias um mochileiro,
ou um guerrilheiro em Serra Leoa.
Serias um cafetão da própria mãe,
esperando que ela lhe trouxesse
o salário mirrado da diária.
Ou estaria na sua C-10, na sua Hillux
passando por cima dos mendigos,
incentivado pelo pai que se esqueceu
que o homem se constrói
em cada ação da infância,
em cada honradez da juventude.
Ai! Alexandre, não terias o teu Aristóteles!
Ai! a Ásia, as pequenas cidades do sul de Goiás,
do Norte de Minas, da beira mar da Bahia
prefeririam as tuas invasões, Alexandre,
a estas hordas bêbadas, violentas,
insurdecedoras de inutilidades!

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