Quentinho, chegado de Cataguases, terra do forte Modernismo, o livro "Alma de brinquedo", que introduz Leonardo de Paula Campos no mar da poesia. Vem abonado pela nata dos cataguases: pelo amigo Ronaldo Cagiano, pelo notório Ruffato e, ainda, por Joaquim Branco. E mais.
O livro transparece as dificuldades do poeta iniciante e, ainda mais, de poeta excessivamente novo, excessivamente virgem. Fala muito de amor, os poemas ainda se concluem com excesso de obviedades. Mas ele vai progredir. Basta ver o poema Margasmo, que reproduzimos abaixo. Fortes metáforas, imagens abertas, sonoras, nas duas primeiras estrofes, que em si mesmas valem o poema. Parabens à nata de Cataguases e ao poeta, que, a estas horas da noite, continua, certamente, a ferver de poesia.
Margasmo
Em mim há um corpo
e uma âncora
Só me aguardo: à espera insone
de abrir-me,
pois já perdura intensa a virgindade
— quase um naufrágio em mim.
E quando aqui sei, indigno
ao ver o mar em seus olhos
e neles flutuar o orgasmo
— única promessa à libertação do meu sexo.
Não basta uma safra, senão há a esterilidade. A poesia é meu território, e a cada dia colho grãos em seus campos. (Linoliogravura do fundo: Beto Nascimento
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Olá, Salomão
ResponderExcluirObrigado pelas palavras ao meu primeiro livro e também pelo destaque aos pontos que devem ser aperfeiçoados na poética.
Um abraço, amigo
Até