11 de junho de 2020

A aranha

César Vallejo

É uma aranha enorme que já não 
anda; uma aranha incolor, cujo 
corpo,
uma cabeça e um abdômen, sangra.

Hoje eu a vi de perto. E com que
esforço para todos os flancos 
seus pés enumeráveis alargava.
E pensei em seus olhos 
invisíveis, os pilotos fatais da
aranha.

É uma aranha que tremia
fixa num fio de pedra;
o abdômen de um 
lado, e do outro
a cabeça.

Com tantos pés a pobre, e ainda não 
pode resolver-se. E ao vê-la
atônita em tal transe,
hoje eu senti pena dessa viajante.

É uma aranha enorme, a quem
impede o abdômen avançar a
cabeça. 
E pensei em seus
olhos e em seus pés 
numerosos...
E senti pena dessa viajante!

Tradução: Salomão Sousa 

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