17 de dezembro de 2011

Natal do Zé Gaúcho

São muitos os trabalhos sociais, em SilVânia, na época do Natal. Aproveitei para visitar o momento da entrega dos brinquedos do Natal do Zé Gaúcho. Eram dois e oitocentos kits de brinquedos para 2800 crianças. Mais ou menos 2500 kits entregues. e os demais serão distribuídos diretamente nos bairros. Com café da manhã. Parabens ao Zé Gaúcho! Apareço na foto com o Célio Silva (D) (diretor da Rádio Rio Vermelho), a Cidinha (no centro, esposa do Zé Gaúcho), e outros auxiliares dos trabalhos. 

Folia do seu Inácio e Dona Iraci

Volto a Silvânia para rever familiares e participar do pouso de folia na casa da Dona Iraci e do Seu Inácio. A Folia de Reis, festividade típica de Goiás, que alimenta as reminicências de minha infância, era uma das paixões de meu pai. Eu, garoto, ficava a ouvi-lo treinar as cantorias deitado no longo champrão que servia de banco na cozinha.

A cantoria da folia é religiosa e serve para criar liames sociais, fortalecer amizades. Agradeço aos foliões a oportunidade de fazer uma foto no momento da chegada e, à Dona Iraci, a permissão para sairmos juntos juntos na foto depois de ela ter recebido a bandeira. Foi uma noite especial, com um jantar maravilhoso. Pena que não consegui entrar na noite para assistir as apresentações de catira - outra dança goiana.
Ai Goiás!  

9 de dezembro de 2011

a palavra de meu corpo


a minha palavra saiu de meu corpo
outra saliva a dirá com gosto de sarcasmo
ou com o sal de lesma ou com a humildade
de entrever a falha, a tátil e labial beleza
a minha palavra dita a amizade
arranca o caruncho que abre as falhas
seca furúnculos e assopra palhas
mando a minha palavra à cidade
escondida num silêncio pasmo
a minha palavra não acena só
o meu cinismo, o meu ventriloquismo
floresce no outro corpo a fava
que nele aguardava a carga de umidade
de húmus salivado de meu corpo
se é fossilizadora a minha palavra
não irá ao ar ao destempero da tinta
outro corpo não a repetirá se a fava é amarga

1 de dezembro de 2011

Troféu Tiokô


Nesta quarta-feira, 30, em solenidade no auditório do Instituto Histórico e Geográfico do Estado de Goiàs, recebi o troféu Tiokô na categoria Prêmio Especial Goiás  - Personalidade goiana residente fora do Estado de Goiás que mais se destacou na área da literatura no cenário Nacional e Internacional no biênio 2010/2011, concedido pela UBE, seção de Goiás, atualmente dirigida pelo poeta e amigo Edival Lourenço. Trata-se do primeiro prêmio que recebi em Goiás, e que muito me incentiva a continuar a trabalhar junto às minhas raízes litarárias goianas. Não tenho uma relação nostálgica com Goiás, pois nostalgia pressupõe uma relação onde as coisas parecem paradas no tempo, mas de relação crítica, às vezes conflituosa, para gerar perspectivas produtivas. Lembrei, ao agradecer o prêmio, que a literatura para mim, é produção de texto, de alegria e de amizade. A literatura em Goiás, para mim, é um celeiro de amizades. Agradeço a todos da UBE-GO que esteveram envolvidos na concessão deste prêmio, que muito me estimula e gratifica. (Na foto: represenatnte da rádio Universitária,  MARIA LUÍSA RIBEIRO NEVES, e Salomão Sousa).

26 de novembro de 2011

Schnitzler

São minutos os livros despudoradamente bons e Crônica de uma vida de mulher, de Arthur Schnitzler, publicado no Brasil pela Record,é um deles. A tradução de Marcelo Backes é irrepreensível, com raras gralhas ou falhas no posicionamento de vocábulos. Mas fiquei siderado com a leitura, com a trajetória da heroína, se é que o fracasso dá certidão para um personagem ser herói. O livro é perfeito, sem nada fora de lugar, assim como O grande Gatsby, dde Fitzgerald. Talvez tenha sido o livro que mais tenha me emocionado entre os que li neste ano de 2011.
E não deixem de correr atrás da nova tradução de Guerra e Paz, de Tolstoy, que já está nas melhores livrarias, sejam presenciais ou virtuais. Agora esta obra prima está traduzida diretamento do russo.

4 de novembro de 2011

Salomão,

        Parabéns pelo prêmio, o Troféu Tiokô 2011. Você fez por merecê-lo. Abração. João Carlos Taveira

Olá, Salomão. Receba meus parabéns por mais este galardão poético.
Sinta-se abraçado por este seu amigo e admirador. Nilto Maciel

Salomão, velho amigo, que felicidade vê-lo outra vez premiado.!
Da ilha de São Luís do Maranhao, onde escrevo estas linhas
Grande abraço
Ronaldo Costa Fernandes

Valeu, Salomão.
Merecida homenagem: para você e sua obra!
Abraços
Ronaldo Cagiano

Parabens Salomão

Vou divulgar.

abraço

Tagore

Valeu, Salomão!
Bom demais.
Te aguardo.
Abs
V. (Vassil Oliveira)

Parabéns, meu caro Salomão Sousa,
. Cheguei ontem de Goiânia e fiquei contente com o seu prêmio. Merecido. Abraço do Gilberto Mendonça Teles

poema para o blog da Janaína

eu que pensei em ser lótus
desarmado me pus
diante dos pensamentos de sol
um tanto de sombra sob uma Eva
enquanto esperava sobre a pedra
enquanto falecer me sentia
sombrio nos pátios de uma cidade

desarmado pari um gato
que passou a me seguir num círculo
ainda que busque nas águas
ainda que busque nos ciscos
e nas vagens trágicas
não é numa cidade estrangeira
o gato me segue
nas estivas perdidas

28 de outubro de 2011

Alexandre sem herói

Alexandre, poucas seriam as chances
de seres grandes num mundo
em que os jovens aboliram todos os heróis!
Com 33 anos ainda estarias vivo
e com grandes chances
de morrer de uma cirrose aos 30,
sem teres fundado nenhuma Alexandria.
Passarias as noites bêbado
na praça de uma cidade,
infernizando a quietude
com os 15 mil watts de som
em sofrível cum-cum-cum
de acabar com qualquer um.
Em tédio passarias teus dias,
dormindo à larga até as 3 da tarde,
sem conquistas, sem listrar o mapa
com os roteiros de tuas guerras.
Estarias nas asas de um pai,
retardando o primeiro emprego,
aos 29 estarias aguardando
uma lei que lhe garantisse
a gratuidade da passagem
em todas os ônibus, em todas as naus.
Não serias um mochileiro,
ou um guerrilheiro em Serra Leoa.
Serias um cafetão da própria mãe,
esperando que ela lhe trouxesse
o salário mirrado da diária.
Ou estaria na sua C-10, na sua Hillux
passando por cima dos mendigos,
incentivado pelo pai que se esqueceu
que o homem se constrói
em cada ação da infância,
em cada honradez da juventude.
Ai! Alexandre, não terias o teu Aristóteles!
Ai! a Ásia, as pequenas cidades do sul de Goiás,
do Norte de Minas, da beira mar da Bahia
prefeririam as tuas invasões, Alexandre,
a estas hordas bêbadas, violentas,
insurdecedoras de inutilidades!

6 de outubro de 2011

Adônis

Neste dia em que foi divulgado o prêmio Nobel de Literatura de 2011, que coube ao sueco Tomas Transtromer, aproveito para postar um poema de Adônis, poeta sírio, que esteve cotado para receber o prêmio. A literatura árabe, sobretudo a poesia, é muito pouco traduzida. E há uma forma muito rápida de encontrar a simplicidade, com exatidão em seus textos. Ainda agora estou lendo de novo Maalouf (Leon o Africano, em espanhol, pois acredito que ainda não há tradução em português). E logo no primeiro parágrafo, este achado de incontrolável beleza:
Sou filho do caminho, caravana é minha pátria e minha vida a mais inesperada travessia.


A tradução do poema foi a partir do espanhol




CELEBRAÇÃO DO DIA E DA NOITE
Adonis (Ali Ahmad Said Asbar)

O dia encosta a cancela de seu jardim,
lava os pés e se envolve em seu manto
para acolher a sua amiga noite.

O crepúsculo avança lentamente.
Há manchas de sangue em seus ombros;
em sua mãos, à beira de murchar,
uma rosa.

Ruidosa avança a aurora.
Suas mãos abrem o livro do tempo
e o sol passa as páginas.

No umbral do ocaso
o dia rompe seus espelhos
para conciliar o sono.
 
Os momentos são ondas do tempo.
Cada corpo uma praia.

O tempo é o vento
que sopra dos lados da morte.
 
A noite veste a camisa da noite.
O dia a descobre.
 
É a alba:
na sacada as flores roçam os olhos;
na janela,
ondeiam as tranças de sol.
 
O dia vê com as mãos;
a noite vê com o corpo o corpo.

Se o dia falasse,
anunciaria a noite.
 
Suave é a mão da noite
nas tranças da melancolia.

O dia não sabe adormecer
fora do regaço da noite.
 
Concedeu-me a minha tristeza
ser uma contínua noite.

O passado,
lago para um único navegante:
a lembrança.

A luz: vestido
que às vezes tece a noite.

O crepúsculo: a única almofada
em que se abraçam o dia e a noite.

A luz só age desperta.
Só adormecida age a escuridão.
 
Com os sonhos da noite tecemos
os trajes do dia.


uma reorganização num poema já postado


se ninguém nunca
formular o convite
nunca haverá desfrute
e é quando se acende a luz
e acaba o lado escuro

não haverá conhecimento
do horto da fruta
cairá dentro da angústia
o eixo que se desfibra
se o convite é a fala muda

vem o convite para os vôos
e há o enfrentamento do sutil
e do inútil
o corpo suave às baixezas
e às alturas

o corpo da cidade
é um desconjuntado
relógio de luz
e aquele que aguarda
é só um ponto fixo e escuro

vem o convite e o tempo induz
a alargar-se
o desconvergido prumo
e o escuro acolhe o fluxo 
de um calor de um flux

2 de outubro de 2011

Resistência

Agradeço aos amigos Sérgio Muylaert (amigo desde os tempos iniciais do José Godoy Garcia e da publicação de Ofício de Agoco, com Stela Maris Rezende Paiva e Aglaia Souza) e Marselha pela recepção na sexta-feita (30.9.2011). O encontro que era para ser leitura de poesia (informalidade), se transformou numa efusiva revivescência da história de resistência do País, pois estavam presentes Acilino Ribeiro (guerrilheiro, que chegou a integrar a guarda de Kadafi), o jornalista Jarbas Silva Marques (torturado da resistência brasileira, meu amigo desde os tempos de nossas relações com o poeta José Godoy Garcia, outro que, mesmo depois de falecido, foi incluído entre aqueles que receberam indenização pela perseguição política), Luiz Fenelon (também militante) e, ainda, Maria Auxiliadora (trabalha com assuntos cubanos na UnB), e a poeta Consuelo Gontijo (aguardamos a publicação de um livro). A Consuelo vem com a literatura de Brasília desde os saraus do poeta Esmerino Magalhães Jr. Por aí, podem imaginar o que rolou de conversa! Fico devendo a foto da Consuelo e da Maria Auxiliadora (foi tirada com o celular e ficou muito danificada, prejudicando a postagem).

30 de setembro de 2011

Novo livro do Ronaldo Cagiano

"O sol nas feridas", de poesia
de Ronaldo Cagiano, lançamento em Brasília
dia 30 de setembro de 2011,
sexta-feira, a partir das 19h
Café Martinica
CLN 303 - BLOCO A - LJ 4
ASA NORTE
BRASÍLIA - DF

23 de setembro de 2011

Entrevista

Agradeço à equipe da Comunicação Social do Ministério da Fazenda, sobretudo ao Rafa, pela divulgação de uma entrevista comigo na página institucional do Gabinete do Ministro. Como a entrevista fica mais restrita aos funcionários do Gabinete, transfiro-a integralmente aqui para o blog.

Onde nasceu?

R: Nasci entre capoeiras na Fazenda Calvo, no município de Vianópolis, em Goiás. Mas me considero de Silvânia, pois a fazenda de meus avós se estendia pelos dois municípios, e nasci do outro lado do rio. Para afirmação de minha naturalidade, passaria a morar Silvânia, onde estudei no ginásio dos salesianos.

Quais suas paixões?
R: Como gosto da sagração de estar vivo, de participar das belezas que povoam cada margem de nosso caminho, são muitas as paixões de minha vida. Num dia pode ser as estrias amarelas de uma moita de bambu. Noutro, a rebeldia de uma pichação no tapume ao lado do meu caminho. As mulheres, os homens, as crianças, bem como a poesia e a música — são paixões obrigatórias. Estas não contam.

Algum ídolo?
R: Na minha geração, nasceram muitos ídolos, que agora se esfacelam. Lamento que a carência de ídolos transforme a geração atual em massas sem referenciais. Um ídolo? Antonio Conselheiro. Dois ídolos? Miles Davis e Beethoven. Três ídolos? Antonio Conselheiro, Miles Davis, Beethoven, Whitman. Uai, quatro? Eu seria muito mais pobre se não tivesse ouvido diversas vezes a Nona Sinfonia, e não seria rico sem os gumirins sobre as cevas dos rios de minha infância.

Algum hobby?
R: Conversar com um amigo e, se possível, ao som de jazz.

Qual estilo de musica que você mais gosta? Uma música para o dia de hoje.
R: Jazz, desde o dixeland ao minimalista. Mas, para ouvir hoje, “Bambino”, de José Miguel Wisnik, o sábio, com Elza Soares. Ou “Shout”, de Miles Davis.

Qual desejo de consumo?
R: Um livro de Hafiz, ainda a ser traduzido, com os seus 500 gazéis.

Quanto tempo de Fazenda?
R: Tempo suficiente para me aposentar. Mas, como os quadros do ministério estão renovados com a necessária juventude, muito me instiga a permanência. Vou ficando...

Fez algum curso de música? Desenho? Dança?
R: Nunca fiz nenhum curso específico de arte. Nem de música, desenho ou dança. Só de estética. Por isso, gosto de filosofia da arte, de história da música, de psicologia social. Lamentavelmente, danço abaixo do sofrível.

Esporte preferido.
R: Já pesquei, já nadei, já joguei cartas. Mas não pratico nenhum esporte com regularidade.

Uma viagem inesquecível. Por que?
R: Tenho muitos projetos de viagem, que acabam abortados na última hora. Para todo lugar que vou, acabo dentro de uma livraria. Mas sei que irei a Macchu Picchu e, lá em cima, lerei os poemas de Pablo Neruda sobre a localidade. Mas, qualquer travessia de vereda, para mim, é uma grande viagem. Não adianta viajarmos se não for para nos extasiarmos com a beleza e a história locais. Deixo a minha viagem a Carolina (MA), pois fui muito feliz diante de suas águas. Ou sentado diante do púlpito de Antonio Vieira, em Salvador, imaginando ouvir um de seus sermões.

Quando chega em casa, qual seus pensamentos, seus rituais?
R: Como raramente me alimento no meio da tarde, já entro em casa com fome. Não faço uma refeição completa — lancho, às vezes de pé. Assisto o jornal para repousar os pés, podendo deixar, muitas vezes, o banho para mais tarde. Leio, alimento meu blog, ouço música.

Tem plantas? Animais?
R: Tenho uma cadelinha dachshund. A Mel. E um limoeiro em homenagem ao poema Canção de Mignon, de Goethe, que serve de epígrafe para a Canção do exílio, de Gonçalves Dias :

Conheces o país onde florescem os limoeiros,
Em meio à folhagem escura ardem os pomos de ouro,
Uma brisa suave sopra no céu azul,
E o mirto e o louro em silêncio crescem?
Não o conheces?
Pois lá, para lá,
Quisera contigo, meu-bem amado, ir!

Conheces a casa, cujo teto repousa sobre colunas,
E onde brilham o salão e o aposento,
E marmóreas estátuas se erguem e me fitam:
Que te fizeram, minha pobre criança?
Não a conheces?
Pois lá, para lá,
Quisera contigo, meu protetor, ir!

Conheces a montanha e suas veredas enevoadas
Onde a mula, entre a neblinas, seu caminho procura
Nas cavernas habita a velha cria do Dragão
Onde a rocha se precipita, e sobre ela a torrente:
Não a conheces?
Pois lá, para lá,
Leva nossa caminho! Ó pai, sigamos pois tu e eu!

Sonhos?
R: Que não exista a eternidade! pois, se nos aborrecermos, estaremos impossibilitados de sair. A nossa cota de alegria e de infelicidade já é suficiente ao longo da existência terrena.

Conte uma história engraçada. Pode ser no trabalho, na vida pessoal. Qualquer uma.
R: Durante as crises econômicas das décadas 80/90, acontecia de alguma chefia não durar mais de um mês. Cada uma chegava alegando que “agora vai mudar”. Mandavam mudar as divisórias de lugar — até que se desgastaram os encaixes dos parafusos.
Além da história, eu gostaria de deixar um poema de minha autoria:

No galho a casca não é definitiva
Para filhotes surgem tocas,
as juntas amontoam pó e surgem trevos

Muda o pássaro a plumagem
só para ter outra coisa mais viva
e assim combinar com a nuvem

Vivo de me mudar de caminhos
para não ter de dar o mesmo tédio
Dar outro gosto à ternura

Vamos mudar de banda
Vamos mudar de brisa
E em meus braços nasçam ninhos



  

RETRATO, poema de Antonio Machado

Traduzi para meu consumo o poema "Retrato", do espanhol Antonio Machado. Trata-se de um dos poetas de minha predileção, assim como...