27 de dezembro de 2022

Alguma memória de minhas atividades literárias em 2022:

Comecei o ano de 2022 com este texto, que vale também para 2023:

Ler é a melhor maneira de avançarmos em nosso humanismo, com experiências emocionais, históricas e civilidade. Quem lê, vai se preocupar bem menos com armas e em chutar outro homem. Mereça o título de humano, leia. O rato não lê e não escreve.

Às vezes julgamos que não fizemos muito, quando vamos fazer o levantamento de nossas atividades ao final de um ano que termina. As paisagens são quase sempre as mesmas, os percevejos aparecem sempre nas mesmas árvores e nas mesmas camas. No entanto, o olhar refaz o ângulo e tudo parece que está em novas vagens. Não me espanta nem mesmo ter sido apagado pela Wikipédia sob o argumento de que se trata de “personalidade sem relevância” – dá o título de um livro de memórias. Sofri bastante com as ameaças totalitárias, mas resisti com angústia, pois o Brasil não merece a desonestidade de pessoas de boa índole, que passaram a apoiar a insanidade. Me perguntei sempre: amigos ficaram também insanos? Mas a poesia sempre me trazendo conforto... Perdi a minha mãe, o meu primo Sansão, que foi um dos raros amigos de minha infância, além de amigos, como Alan Vigiano. Mas mantenho a esperança nos novos tempos. Para que esses novos tempos floresçam, plantemos confiança, afeto e mãos empenhadas em participar da construção. Confiemos em nossa capacidade de contribuir para que os novos tempos correspondam à nossa esperança. Juntemos já as nossas mãos.

Participei das seguintes publicações:

1) Em agosto, no Jornal da ANE, publicação do meu artigo “Os pulmões cheios de Gás Lacrimogêneo”.

2) 2° número da Revista da Academia de Letras, Artes e História de Silvania (ALAHS), publicação de poemas de minha autoria.

3) Revista nº 7, da Academia de Letras do Brasil, publicação do meu artigo “Legado de resistência de Cecília Meireles”.

4) Já está pronta a antologia Brasilidade, do Coletivo de poetas, organizada por Menezes y Moraes, para lançamento na abertura de 2023. São três poemas de minha autoria.

5) Coletânea Poesia Salva, Salve Poesia!, organizada por Valter Silva, com três poemas de minha autoria.

6) Antologia Cena Poética 8, publicada em BH, organizada pelo amigo Rogério Salgado a oportunidade de participar da antologia com três poemas.

7) Antologia Tempos adversos, organizada pelo Celeiro Literário Brasiliense, com lançamento de gala. Brasília-DF, também com dois poemas.

8) Antologia Poemas e poetas na Ilha da Magia, pela editora Artecultural, Florianópolis, também com dois poemas.

9) 28. 6 – Circulou meu artigo Consciência e trapaça ou até quando Mr. Hide?, no site Jornal Opção, editado pelo amigo Euler Belém

10) Permiti a publicação integral de dois livros de crítica no Jornal de poesia, portal pioneiro de divulgação da literatura brasileira, com prioridade na crítica e na poesia. É uma honra participar desde o início desse projeto vitorioso, mantido heroicamente por Soares Feitosa.

Alguns eventos:

1) Na Live INSTAPOESIA, do Programa Cruzeiro em Letras, outorgou-me certificado por justa distinção literária. Agradeço ao Pietro Costa a homenagem.

2) Descobri que desde 2019, circula a terceira edição do histórico livro A Poesia em Goiás, de Gilberto Mendonça Teles. A primeira edição é de 1964 - eu ainda estava sendo alfabetizado. Só agora tive acesso à essa nova edição e pude notar que fui mencionado no novo prefácio preparado pelo autor. Notei um erro na edição: os autores mencionados no prefácio não estão relacionados no índice onomástico. Uma pena, pois as menções aos novos autores terão de ser localizadas no ato da leitura.

3) Na edição de fevereiro do Jornal da ANE, saiu a resenha de Sônia Elizabeth Nascimento Costa “As biografias espalhadas pelas páginas de Cascos e Caminhos”.

4) 12.4 - Leonardo de Magalhaens apresentou minha poesia no Youtube, belo estudo do meu livro Vagem de vidro. Gratidão eterna! O artigo está publicado no blog https://leoliteraturaescrita.blogspot.com/2022/03/vagem-de-vidro-poesia-adensada-de.html?m=1&fbclid=IwAR2GEHurcvUGP29uwq8A0F2uKo6v582-zdJ046qeqwm0Q4W66LfxBOdTSzw

“Assim um von Schiller, um von Goethe, um Victor-Hugo, um de Balzac, um Thomas Mann, um Hermann Hesse, um Drummond de Andrade, um João Cabral de Melo Neto, um Ferreira Gullar, um Antonio Miranda [1], grandes autores por serem grandes leitores, atentos e vorazes, e assim um Salomão Sousa, com vários títulos com sua autoria, desde final dos anos 1970. Vivendo entre livros, nos corredores de estantes e volumes convidativos, pronto para acessar letras e linguagens, outras épocas e universos./ Assim a obra Vagem de Vidro [2013] enquanto exemplo de leituras acumuladas, intertextualidade, metaliguagem em muita erudição. De faro, podemos adentrar os mundos da mitologia greco-romana, ou das narrativas bíblicas, com soberanos egípcios, ou reis babilônicos, e também poetas renascentistas, primeiras utopias, e até agências de espionagem. Eis aqui uma Obra a completar uma década e merecedora de uma leitura atenta./ Os temas sobre os quais se dedica os poemas densos de Vagem de vidro são os mais variados. As preocupações do Autor são muitas, desde a condição humana a metafísica, desde a vida rústica a correria nas cidades, desde as figuras mitológicas aos labirintos do dia-a-dia. Sem mencionarmos os metapoemas... Aqui faremos alguns recortes, destacando alguns em lugar de outros. Longe qualquer possibilidade de tratar aqui de todas as cores e as nuances do arco-íris./ É a partir de imagens selecionadas do cotidiano, em flashes e polaróides, cuidadosamente recortados e colados que o Poeta apresenta a nossa condição, ou melhor, a Condição humana, sempre diante de algo lá fora, cercado de mercadorias e promessas, entre os direitos e os deveres.”

5) 21.04 - Uma leitura de meu livro Bifurcações, pela escritora Amanda Kristensen. Não há nada mais valioso para um escritor do que ouvir: “Quero levar a sua obra para onde eu for!”.

6) 29.02 – Publicação do meu poema “O grão seco” no jornal Poiésis, por Camilo Mota.

7) Compareci ao lançamento do livro Trem da memória, com a bela poesia de Nirton Venâncio.

8) Compareci ao lançamento do livro Assim não vale, com a poesia de Noéla Ribeiro.

9) Compareci ao lançamento do livro O itinerário do curativo, com a contínua poesia de Nicolas Behr.

10) 2.12 - Mostra Visual de Poesia Brasileira - Poesia em Movimento - Curadoria do poeta Artur Gomes, na Biblioteca Municipal de São Francisco de Itabapoana-RJ;

11) 3.4. - Circulou no portal O Jornal Opção, editado em Goiânia por Euler Fagundes De França Belém , um artigo de João Carlos Taveira , que muito honra e dá transparência à trajetória de minha atividade de poeta. O artigo também foi publicado no Jornal da ANE – Associação Nacional de Escritores, edição de Junho.

12) 21.10 - Compareci à Bienal do Livro. Está no parque da cidade. Esqueceram de criar facilidade para quem chega de ônibus. O visitante se desloca da parada de ônibus e dá de cara numa portaria fechada e tem de dar volta ao pavilhão. Essas coisas precisam ser pensadas e executadas. Era melhor catraca. Tirar ingresso dificulta para o visitante. É preciso facilidade e não dificuldade. A Bienal é feira de livro e é necessária.

13) 14.12 - Quinta-literária na Associação Nacional de Escritores, com palestra de Sandra Maria Fontoura Queiroz abordando a poesia feminina de Goiás. Reencontro com as Rosy Cardoso Rose e Elizabeth Abreu Caldeira Brito.

14) 7. 10 – Compareci à Associação Nacional de Escritores para o lançamento do livro sobre Dostoievski, de Vera Oliveira. Encontro com os amigos José Anchieta Oliveira e Nirton Venancio . Aproveitamos para desanuviar a tensão com conversa profunda.

15) 11.8 – Compareci ao lançamento do livro A invenção do passado, do amigo Ronaldo Costa Fernandes, na Associação Nacional de Escritores, oportunidade de encontro com o amigo Wil Prado, grande romancista.

16) 26.6 – Participação do recital do Coletivo de Poetas, com Ádyla Macial, no Digitalina. Curadoria de Menezes y Moraes e minipalestra de Jorge Amâncio.

17) 18.6 – Comparecimento à Feira do Livro de Brasília -- Um dos eventos mais necessários para uma cidade é um feira de livros. Acho até que as cidades deveriam ter feira permanente de livros. Para incentivo à leitura, às conversas culturais, aos encontros amigos.

Fui duas vezes à Feira do Livro de Brasília. Ela tem de passar por uma total reformulação. A feira tem de estar integrada ao calendário de eventos da cidade para que a sua organização ocorra de forma permanente. A feira vem ocorrendo de forma improvisada, com total descaso dos governantes. No improviso, não há tempo para definição dos livreiros participantes, não há tempo sequer para montagem dos estandes e mesmo para montagem do pavilhão. Os feirantes e os visitantes ficam expostos ao sol e, se chover, os livros irão à deterioração. Uma garota passou a mão sobre um livro e achou que ele emanava calor, pois não viu que o sol incidia sobre ele. O livro emana calor, mas não merece exposição direta ao sol. Ninguém sabe quem vai expor, o restaurante é um fracasso e sequer funcionou no primeiro dia. O que vemos é a exposição dos mesmos livros em todos os estandes. Não há diversidade. Os livros ofertados são os piores do catálogo nacional. A feira tem de atrair expositores com diversidades. Não é só a questão do desconto, da gratuidade do livro, mas também do livro raro, do livro belo, novo, bem acabado. Um expositor de livros em outras línguas. Quero a feira anual, mensal, permanente, mas com diversidade e um espaço agradável à visitação. Não sabemos quais palestrantes estão convidados. Não há um site para consulta. Ainda teremos essa feira imaginária e necessária. Com computadores na entrada para consulta do espaço, com pessoal para recepção do visitante. Contamos com um futuro governo que entenda essa necessidade e compreenda a importância do livro ao sol, mas o sol que leva luz à imaginação. Mas todo livro tem sua luz para dar.

18) 1.6 - Escrevi um haikai, que fica perdido por aqui:


Esteja atento à natureza.
Os insetos mais estranhos aparecem
nos melhores palácios.


19) 23.3 – Assisti ao "Drive my car", filme japonês que concorre ao Oscar. Foi oportuno assisti-lo, pois seu existencialismo, construído a partir da peça O tio Vânia, de Tchekhov, nos leva a lembrar que a existência é construída com maldades paralelas e que, em algum momento, as culpas e dores serão reconhecidas e deverão ser perdoadas. Hoje eu assisti outro filme que concorre ao Oscar como documentário. O indiano "Escrevendo com fogo", sobre um jornal digital mantido com resistência só por jornalistas mulheres. Comovente. A borboleta não tem nada a ver com a postagem, apenas estava à beira do caminho do meu passeio vespertino perto da linha de trem que contorna a minha quadra.

20) 8.3 - Participei da Live da Academia de Letras do Brasil, com Anderson Braga Horta, Marcos Freitas, Kori Bolívia, Márcio Catunda e Flávio Kothe. Fiz uma pequena introdução sobre poesia e li 4 poemas novos sobre o nosso conturbado tempo de conflitos.

21) Fui reeleito como tesoureiro da Academia de Letras do Brasil;

22) Fui eleito como Diretor de Biblioteca da Associação Nacional de Escritores.

23) Ricardo Alfaya manifestou-se sobre meu livro Vagem de vidro:

“Chegou hoje à tarde seu Vagem de Vidro. É uma obra densa, complexa, de estrutura singular. Um livro de poesia de fato diferente. Vc realiza uma colagem de textos e imagens numa velocidade vertiginosa, explorando inúmeros efeitos surrealistas, a começar pelo título; a quebra ou mesmo eliminação da pontuação formal acarreta por vezes a sensação de estarmos diante de um hipertexto – por sinal, a influência da Internet no seu fazer literário se evidencia em vários momentos. Alguns poemas marcaram-me mais, como o que fala em Ulisses. Destaco também “E se todos nós decidíssemos pela ausência?” - Esse poema, aliás, caracteriza uma das tendências que percebi em seu estilo: a criação de uma espécie de universo à parte, totalmente feito de palavras (signos), em que tudo é possível. Algum dos seus apreciadores notou, com propriedade, a presença de um tom um tanto solene, grandioso, em seu discurso; por exemplo, no poema que começa por “A palavra definitiva”, há algo de bíblico no discurso; e aquela história de “corpo que repartes” evoca a passagem bíblica mais conhecida do antigo Salomão – só que, no seu poema, quem entra em cena é Prometeu; a parte do corpo a sacrificar não é o filho, mas o heroico fígado. Enfim, é uma poesia personalíssima, muito instigante. Difícil pretender esgotar a riqueza de seus significados e possibilidades com um único e breve comentário. Porém, fica aqui o registro, não apenas do recebimento do livro, mas também do prazer que essa primeira leitura me proporcionou. Parabéns.”


24) 25.02 – O poeta Gerson Pereira Valle, que mantém sempre atenção crítica à literatura de seu tempo, apresenta esta resenha sobre nosso último livro. Faltam-me palavras que possam expressar o meu agradecimento, mas sobra emoção pela manifestação de tamanho carinho por nossa obra.

O poeta Salomão Sousa é um dos marcos literários da capital federal. Sua poesia possui uma originalidade marcante. Neste ano em que se comemoram 100 anos da Semana de Arte Moderna, que quebrou os cânones do então parnasianismo, Salomão Sousa merece um exame melhor de sua obra, quando se constata a liberdade do verso encaminhá-lo ao mesmo tempo que para metáforas e outras figuras como para a narrativa ou reflexão mais encontradiças na prosa. Mas, que nele ganham a graça de uma espontaneidade que traz em si o diferencial poético numa forma em nada tradicional. Em 2022, Salomão Sousa publicou um livro em que apresenta sua redação caminhante para várias direções entre a poesia e a prosa, “Bifurcações – memória, resistência e leitura”, Baú do Autor, Brasília. Há poemas em várias páginas, como há artigos, resenhas literárias, crônicas e mesmo ensaios. Mas, dentro de seu estilo de poesia de destacada liberdade e fruição lírica os textos não expressamente poéticos deles não destoam na continuidade da leitura, dando-lhe, ao contrário, uma benfazeja impressão de repouso, para logo prosseguir nos raciocínios e observações várias em prosa. Tal como um míni-poema-em-prosa que encabeça uma página solitariamente, e que parece referir-se à própria concepção de obra: “Nunca perdemos nada, simplesmente passamos para outra realidade, com experiências adversas aos nossos desejos. Talvez o trem tenha entrado na bifurcação errada.”

As composições passeiam entre observações personalíssimas sobre o “algoritmo”, por exemplo, “Acabar com o xingamento ajuda a Civilização”, “Processo crítico em tempos de legalização da mentira”, neste último já se aproximando de posicionamentos políticos como em “O que é um fascista?” onde perpassa por obras de, entre outros, George Orwell, Hanna Arendt, Theodor W. Adorno, “Exercícios para exorcizar o autoritarismo”, com afirmativas como “Sempre que alguém insulta, vitupera, ameaça, xinga e chuta ou se julga dono de toda cognição, deixa em dúvida se não esconde uma cauda sobre as vestes”. Em “Para não chocarmos com o fracasso” nos coloca diante da crise política observando que “O mundo está degradante por irmos desaprendendo a amar, pois falar em perda do humanismo não é suficiente”.

Memorável é o artigo “Legado de resistência de Cecília Meireles”, que deveria ser divulgado largamente com o fim de propagar a vida e obra da grande poetisa e educadora. Apresenta a colaboração jornalística perseguida no Estado Novo, junto ao trabalho desenvolvido com o educador Anízio Teixeira. Suas viagens, seu conhecimento de línguas que a aproximou da literatura inglesa, francesa, italiana, espanhola, alemã, russa, hebraica e da escrita nos dialetos do grupo indo-irânico, traduzindo Rilke, Virginia Woolf, Lorca, Tagore, Maeterlinck, Anouilh, Pushkin, bem como, em 3 volumes, “As mil e uma noites”. Enfim, cito apenas tais detalhes para aguçar a curiosidade, havendo muito mais informações e reflexões que necessitam sua leitura.

Outro poeta modernista também apresentado em várias de suas facetas é Manuel Bandeira, no texto “Muros”, que foi o discurso de posse de Salomão Souza na Academia de Letras do Brasil.

Por todas as questões aqui levantadas, concluo por sugerir a leitura do livro em pauta, como dos mais destacáveis lançamentos do início deste ano de 2022.

25) 18,2 - Da poeta Mariana Vieira, do Rio de Janeiro, recebi pela rede social esta mensagem que só as grandes almas nos enviam:

O Cerrado brasileiro me trouxe grandes amigos.

Não sei se são aquelas flores exuberantes, ou aquele céu (que só existe por lá mesmo) ou mesmo se esta afinidade decorre da mesma visão que temos sobre a necessidade de transpor a aridez aguda da vida.

O fato é que @salomaosousapoeta é parte deste rol de amigos que sempre surpreendem e que me dilatam a alma para que a arte se acampe em campos mais largos.

De modo que, chegar em casa e receber esta riqueza é simplesmente indizível.

Prosa e poesia reunidas em prol da denúncia deste estado de coisas e de indignidades que assolam um país aviltado pelo autoritarismo.

Mais do que isso, a obra revisita a história tendo como guia o meu amigo poeta.

Mais do que isso e mais do que tudo, escritos pelo gentil, culto, generoso e talentoso Salomão Sousa

Obrigada, meu amigo poeta, pela obra e pelo afeto que nos unem.

Algumas leituras:


1) Charles Dickens – Nicholas Nickliby - Ler um romance de 900 páginas dá trabalho, pois nos desacostumamos à concentração. Não é o melhor romance de Dickens, mas desnuda para nós a velhacaria da sociedade londrina, ainda que pese o pouco número de personagens. Mas centra na ganância humana. O homem mata os próprios familiares para angariar riqueza. Como Balzac se vale de seu coringa Vautrim, aqui Dickens cria os personagens de boa índole para salvar os desafortunados. Tirando alguns momentos que possam parecer piegas (aliás, piegas) agora na modernidade, nunca podemos desprezar a acuidade de Dickens. São lapidares seus diálogos. As palavras são exatas. Veja a frase: por que não construímos uma única lareira e ficamos juntos. Para ser compartilhada por duas almas, teria de ser uma única lareira. Leia Dickens, gente, e talvez compreendamos os momentos em que devemos ser melhores.

2) A Sociedade aberta e seus inimigos, de Karl Popper; e Homo Sapiens, de Harari - Após a leitura de Popper e de Harari, fiquei bastante cético. Por mais que Popper construa uma narrativa para que os homens façam escolham que cumpram a racionalidade, pergunto-me se a irracionalidade também não atenderia o conceito da razão já que esta é um contrato de um grupo. Desde que a irracionalidade adota um comportamento, temos de assumir que este comportamento irracional também ganha uma validade racional. A razão é construída com indivíduos que se confrontam face a face. Com as individualidades encarceradas no mundo virtual, a razão está sendo adotada com unilateralidade, a lá Robinson Crusoé. E toda razão unilateral leva ao ódio, que por sua vez leva à violência. A razão unilateral não admite perder, pior, não admite que o outro possa participar do processo. O jurídico existe para fazer valer a razão, mas os irracionais trabalham para derrubar essa barreira, pois se julgam donos de validades incontestáveis.

3) Várias Leituras do longo poema “Cadáveres”, de Nestor Perlongher. Cheguei a traduzir uma parte, mas já há outras traduções facilmente disponíveis. Uma surpresa enorme. Uma energia violentíssima contra o crime dos regimes ditatoriais.

4) Assisti ao filme "O som da montanha", do japonês Naruse, baseado em livro do Prêmio Nobel Kawabata, o personagem principal, ao olhar um girassol, diz que deveria ser permitida a algumas pessoas a retirada do cérebro em alguns casos, para ser lavado. Acredito que a lavagem cerebral não é suficiente. Quando há perda de compreensão da razoabilidade, nem injeção de conhecimento em pó ajudará na adoção de atitudes justas por aqueles que sujaram o cérebro ao longo da vida. Nascemos com o cérebro limpo, mas devemos atuar duro para que ele seja preenchido como o crescimento de um girassol, caso contrário, crescerá como um bolo de lodo. A este lodo renegarei sempre, por mais que se pinte de amarelo para me enganar. Ou enganar a Nação.

5) Simon Bolivar – O libertador da América. Livro de biografia. Eu não entendia nada de Simon BOLIVAR. Impecável esta biografia. Estou lendo como uma história de terror. Como a América foi sacrificada pelos espanhóis, que carnificina, que espoliação dos bens! Só homens que se desprendem de tudo, de seus bens e de sua família, são os que constroem suas pátrias. Ficou um único legado execrável de Bolivar - o afã de poder dos militares caudilhescos. A todo momento os militares se julgam donos do poder, sem passar pelo voto.

6) Esboço para um Auto-retrato, de Bernard Berenson. Guardei um livro por bastante tempo. Tinha lido sobre ele e comprei uma meia dúzia de exemplares para quando quisesse presentear um amigo. Surpresa ao terminar a leitura e encontrar aquilo que desejo na velhice. A boa leitura é aquela que nos complementa ou corresponde àquilo que somos e desejamos. B. Berenson bateu comigo.

7) Li o livro Cristina, hija de Lavrans, de Sigrid Undset, que ganhou o prêmio Nobel de 1928. 1223 pgs. A história se passa na alta Idade Media (1384 +), quando a Igreja tinha total domínio sobre os indivíduos. Adoro ler autores do Nobel, pois é inevitável que suas obras carregam humanismo. Não há edição no mercado brasileiro. Parece que nem foi traduzido por aqui. É um novelão, com uma heroína bem feminista para seu tempo. “Neste mundo, onde os seres só se unem e engendram novas gerações sob a atração das paixões da carne, a dor e as decepções são tão inevitáveis como as geadas outonais. A vida e a morte separam os amigos assim como o inverno derruba as folhas das árvores. "

8) Relatório ao Greco, de Nikos Kazantizakis - A minha primeira leitura do ano de 2022. Foi um grande desafio e um grande auxílio para eu me pacificar diante deste momento egocêntrico que vivemos. Kazantizakis, como bom grego, firma o pé na vida, afirmando que não podemos ficar reféns de deuses castradores das emoções. Os deuses gregos não são fixados em humilhar, mas em enviar o homem para conquistar e embater. Não li muito Kazantizakis. Conhecia os filmes Zorba o Grego e A última tentação de Cristo. Agora li Zorba e este seu relatorio/testamento, que funcionam como conflito memorialista. Talvez a leitura contribua para eu escrever um artigo sobre a postura atual do indivíduo diante do outro. É comum ouvir: não gosto de quem não gosta de mim? Mas temos de perguntar: o que faço para o outro gostar de mim? Qual a minha sedução? Vou ler o livro O infamiliar, de Freud, para tentar complementar essa compreensão. FREUD analisa O conto de areia, de KLEIST, e nem sei bem se o tema trata dessa questão de algumas pessoas desejarem se posicionar não-familiar. E ser não familiar é ser nao-comunitário, não-civilizado? O civilizado procura sempre a harmonia, já que o pecado, para Kazantzakis é a quebra da harmonia. Mas é assunto demais, vamos em frente. mas vejam aí: sempre que alguém dá um salto, ele está usando a energia de todos aqueles que vieram antes dele.

Obs.: vários eventos e leituras não foram registrados. Agradeço a todos que participaram desses momentos.

1 de agosto de 2022

Livros para epocas fascistas

Sugestões de leitura para etapas históricas contaminadas por autoritarismo ou totalitarismo:

1 - Morrer sozinho em Berlim, de Hans Falada. Romance doloroso, que retrata as agruras de um casal no cotidiano do nazismo de Hitler. Mas resistem sob risco de não sobreviver. Linguagem fácil e dura.

2 - Topologia da violência e Psicopolítica, de Byung-Chul Han. Análise da sociedade de conflito em época de desconexões de compreensão.

3 - 1984, de George Orwell. Romance distópico sobre o governo de controle da sociedade.

4 - Origens do Totalitarismo, de Hannah Arendt. Análise do totalitarismo de Hitler, Mussolini e Stalin. Aqui estão os princípios que norteiam a construção dos governos autoritários e totalitários. Linguagem fácil.

5 - O jogo das contas de vidro, romance de Hermann Hesse. Livro denso e de leitura arrastada. Publicado em 1946, escrito durante o nazismo. Há uma revolta contra o conhecimento pois o conhecimento se descasa da vida em épocas de construção de fascismos. Só é possível equilíbrio com conhecimento da natureza e espírito. Se for só natureza, descambamos para o fascismo, para a violência, mas também só espírito há ausência de ligação, de ajuste com a realidade.

6 - As folhas de relva, de Walt Whitman. Poemas sobre o homem livre, fundadores da democracia americana. Livro de cabeceira para todos. Várias edições disponíveis. Tanto a da Martim Claret e a da Hedra são ótimas. Tem até uma edição para crianças, com uma seleção de poemas.


26 de fevereiro de 2022

Poema

Antes fosse a solidão, essa que não deseja
ruído, rugido, fricção de esteiras
e martelar em estacas a fixar arames
Antes chegasse o pelotão
com a incumbência de plantar velames

Tem de partir tão rápido quem procura
a reserva de cômodos e de quintais
onde secar lençóis e edredons
e continuará sem endereço
Tem de ter início um novo povoamento,
reserva de adereços da festa pátria

Antes não fosse o abandono,
esse que não arrancasse as folhas
e que não apresentasse instrução
para que as castanheiras virem carvão
Alguém deseja compreender
o que se obtém com umas braças de terra
e nem as palavras instruem
como se desfazer das crianças mortas

A bomba traz o decalque de instrução
Derruba dez andares e não sobrevivem
homens animais percevejos
numa determinada adjacência
E completa com o certificado de garantia
se não explodir há direito de reposição

Antes não houvesse a reposição dos loucos

6 de fevereiro de 2022

O que é um fascista?

Este texto integra o livro Bifurcações memória, resistência e leitura.

O que é um fascista? Quando é que acontece a construção de uma sociedade fascista? Há a prática criminosa de injúria social quando uma parcela da sociedade é acusada de possuir “baixa cognição” para negar-lhe participação no debate político? Tenho recebido amiúde esses questionamentos de pessoas que desejam se esclarecer sobre essas questões.

Alguns eventos sugerem a necessidade de análise da postura de segmentos da política e do comportamento da sociedade brasileira no início desta terceira década do Século XXI quanto a reivindicações de instauração de limites obscuros à Democracia. Vem se impondo a necessidade de questionar se está em andamento a construção de uma sociedade totalitária, pois é inegável que há uma voluntariedade autoritária ativa.

Aqui não se analisa o afã da elite brasileira, conforme se pode apurar da trajetória republicana, pela busca contínua pela tutela da democracia pelos militares. Aí já seria outro questionamento: há democracia tutelada, com imobilização da participação política de segmentos da sociedade?

No entanto, é possível notar que há preocupação crescente de parcela da população, sobretudo por indivíduos que não se encontram na elite, em buscar resposta para questões políticas para compreender o que significa ser “fascista”. E é necessário ter sempre presente que só com argumentação há enfrentamento para que a democracia – que garante a cidadania (direito de participação política e de acesso ao emprego, à educação e aos bens) –, não sofra invasões e esmorecimento.

Tal como o nazismo e o stalinismo, o fascismo foi um segmento do totalitarismo, que causou sérios danos à Itália, com reflexos na Europa e no resto do mundo. Por seu aspecto raivoso, com um líder de ufanismo popular e exibicionismo sobre a motocicleta, o termo passou a ser empregado para qualificar governos autoritários e totalitários centrados na figura do líder, com abolição dos demais poderes e que se voltam – com ódio – contra os opositores. Os governos totalitários, após devidamente instaurados, sempre eliminam fisicamente seus opositores (veja Ruanda, a Alemanha nazista, Stalin e Mao).

Para implantação de um governo de exceção, há o afã em tentar a eliminação dos Poderes Judiciário e/ou Legislativo sob o argumento de que eles não contribuem para o andamento da democracia. Há predomínio da força militar, que se investe no direito de julgar e executar civis. No caso brasileiro, foi enviado parecer da Advocacia-Geral da União ao Supremo Tribunal Federal solicitando permissão para que civis sejam julgados pela Justiça Militar e, ainda, a elaboração de parecer pela Funarte com conteúdo religioso e de afronta às manifestações “antifascistas” para negar recursos para projetos culturais.

Se não bastasse a intimidação da imprensa livre, com ataques físicos a jornalistas, há a desfaçatez de apresentação de proposta legislativa visando legitimar a prática de divulgação de fake news para manipulação da sociedade através da mentira. Há, ainda, adoção de terminologia para desqualificar os opositores, alegando que uma camada da sociedade, portadora de “baixa cognição”, não merece manifestar-se politicamente.

Não pode passar despercebido o aparelhamento do Estado com a presença de militares, sejam na ocupação de postos chaves do Governo (com elevadas sinecuras), ou na concessão de benefícios, tais como acumulação de vencimentos e empréstimos a baixo custo para aquisição de casa própria, para atraí-los como guardiães do chefe do Poder Executivo.

Em 1944, quando estava no auge o governo de Mussolini, de onde surgiu o termo “fascismo”, George Orwell escreveu o pequeno ensaio “O que é fascismo?”. O autor registra que nos Estados Unidos, naquela época, foi realizada uma pesquisa com 100 pessoas para responder a pergunta. Para demonstrar a falta de envolvimento das pessoas − em qualquer época e em qualquer país, por mais democrático que ele seja e com compreensão dos mecanismos da política −, chegou a ser apresentada resposta definindo o fascismo como “pura democracia”. Orwell reconhece que, na época em que escreveu o artigo, ainda não estava cunhada definição clara e popularmente aceita para a palavra e sugeria que ela fosse usada “com certo grau de prudência”. E complementava: “não degradá-la ao nível de xingamento”.

Desde que Mussolini foi dependurado nas traves de um posto de combustível e depois jogado numa vala ao lado da mulher e que Hitler desapareceu no monturo (locais em que é descartada a maioria das figuras totalitárias), o significado de fascismo passou a ser esmiuçado por estudiosos, sobretudo por Hannah Arendt em seu definitivo livro As origens do totalitarismo. Portanto, o fascismo, tal como o nazismo e o stalinismo, é uma corrente do totalitarismo, na qual o governo fica “totalmente” centrado na vontade do governante. O líder, além de linguagem de xingamento e de ameaças de desmobilização política do país pela intimidação, define aparato militar para se proteger e eliminar ou silenciar do seio da sociedade todas as correntes opositoras, além de permitir que a população tome conhecimento apenas daquilo que interessa ao establishment e vá manter o líder à força no Poder.

No totalitarismo, o líder (mito) exerce todos os poderes, com domínio ou abolição do Legislativo e do Judiciário, bem como instala departamento de comunicação para enganar a população, deixando o povo sem conhecimento da realidade política. Basta ver o que vem registrado nos preâmbulos dos atos institucionais da ditadura brasileira de 1964. Os chefes militares, autoritariamente, afirmam que resolveram manter a Constituição de 1946 e as atividades do Congresso Nacional, no entanto, legitima a “revolução” através de atos unilaterais. O próprio ato se acusa como autoritário, pois o Legislativo, que soma a diversidade democrática de uma Nação, é descartado na edição dos atos. No preâmbulo do AI-1, a ditadura já entra de sola afirmando, despudoradamente, que ela mesma cuidará de fazer as leis que ela executará:

Fica, assim, bem claro que a revolução não procura legitimar-se através do Congresso.

No preâmbulo do AI-2, a ditadura (mais despudoradamente) se autolegitima e se confessa totalitária ao descartar a discussão do ato com os demais poderes:

b) a revolução investe-se, por isso, no exercício do Poder Constituinte, legitimando-se por si mesma.

Não pode ser negado que só se constrói um Governo totalitário com a vontade de alguns estratos da sociedade, que desejam tirar proveito de um universo administrativo livre de travas judiciais, de sinecuras salariais ou de liberalidades comerciais e industriais. Esses estratos elegem e protegem o líder, que assegurará a execução de suas reivindicações (destruição do meio ambiente, redução de direitos trabalhistas, alta do dólar, pauta conservadora (e daí para frente). Esses estratos não se preocupam com o preço que o país paga por suas benesses, tais como perda de direitos individuais, de direito de manifestações políticas e por reivindicações salariais. Os detentores da produção econômica não correm risco com ações judiciais ou com efeitos inflacionários.

O regime totalitário se dá o direito de invadir as casas, determinar como a sexualidade deve ser praticada, qual religião é oficial, chegando à prisão e eliminação de opositores. Sem se envergonhar, os mantenedores do totalitarismo assegurarão até alguém ser atirado ao monturo que estão trabalhando para garantia da democracia. Os pequenos ditadores mantêm vivo o ditador.

Desde o artigo de George Orwell, vários significados foram sendo incorporados ao conceito de “fascismo”, assumindo-se até como expressão de menosprezo para xingamento dos líderes autoritários ou totalitários, basta ver que tanto governistas quanto situacionistas passaram a repudiar o termo “antifascista”, pois ninguém se enxerga “fascista”.

Quando os três poderes estão em funcionamento pleno, não há totalitarismo (fascismo). No entanto, sob o manto de um discurso de messiânico conservadorismo, há esforço para esvaziar as competências dos poderes Judiciário e Legislativo, dirigindo-lhes críticas para redução da credibilidade de suas ações. O autoritarismo se cobre com os símbolos nacionais para enganar a Democracia. Quando o nome da Democracia é usado em vão, do autoritarismo para o totalitarismo é um passo. Compete à sociedade cerrar a passagem ao líder autoritário para que esse passo não seja avançado.

Cabe uma observação final sobre o que consideramos o aspecto mais terminal das práticas do autoritarismo, aquele que preconiza as consequências mais intimidadoras. Trata-se de estabelecimento de terminologia que desqualifique a parcela da sociedade que se opõe à instauração do regime de exceção.

O filólogo Victor Klemperer, no livro LTI: a linguagem do Terceiro Reich, analisou o uso da linguagem para estabelecimento do nazismo. Para ele, “o nazismo se embrenhou na carne e no sangue das massas por meio de palavras, expressões e frases impostas pela repetição, milhares de vezes, e aceitas inconsciente e mecanicamente”. O jornalista polonês W. L. Tochman, no livro Hoje vamos desenhar a morte, revive o genocídio dos tutsis, em Ruanda, através de entrevista das crianças que sobreviveram após ficar dias escondidos debaixo dos corpos mortos dos pais. As crianças relembram que o som de um crânio ao ser partido por um facão é o mesmo de uma cabeça de repolho ao ser cortada abruptamente ao meio. Ambos livros mostram as terminologias que foram sendo implantadas na Alemanha e em Ruanda para desqualificar raças e etnias e, assim, fossem justificados e executados os genocídios. Suspendi a leitura do livro de Tochman, pois começaram a surgir tremores em meus lábios em razão do descontrole de minhas emoções provocado pelo horror das cenas.

Importante também a análise de Theodor W. Adorno sobre a propaganda fascista a partir da teoria de Freud sobre o narcisismo. No autoritarismo moderno, o narcisismo foi substituído pelo egocentrismo, onde o amor passa a inexistir e a figura ameaçadora passa a se concentrar no próprio indivíduo. No fascismo (leia-se hoje autoritarismo), para Adorno, as técnicas do demagogo e do hipnotizador (leia-se líder autoritário) coincidem com o mecanismo psicológico através do qual os indivíduos são levados a se submeter às regressões que os reduzem a meros membros de um grupo.

Nesse processo, os indivíduos seguem o líder autoritário, que os cega através de manipulações publicitárias. Os seguidores (muitas vezes pagos para montar e disseminar mentiras) se põem apartados, conscientes da própria ruindade (perda da razoabilidade), transferindo para os opositores o fracasso pelos resultados da prática política, chegando a dizer que eles possuem “baixa cognição” (forma de tratamento intolerante contra pobres e opositores) e julgando com direito de puni-los e eliminá-los.

Ao quantificar que os pobres e os integrantes da oposição possuem “baixa cognição”, tentam imputar que os indivíduos das categorias sociais aí inseridas são “idiotas” (ou de qualquer outra qualificação pejorativa, talvez “ratos”, como ocorreu em Ruanda). Sob o manto dessa terminologia erudita – eivada de criminosa injúria social –, alegam que os opositores não merecem ser cidadãos. Objetivam, assim, ação abortiva, de eliminação, de forma a assegurar o domínio de uma elite mesquinha e má, atuante para manter parte da sociedade à margem da economia e do conhecimento. O conhecimento (cognição) eleva a capacidade crítica para participação da vida política e econômica – e o acesso ao conhecimento sempre foi negligenciado (deliberadamente) pela elite.


(*) Salomão Sousa, poeta e funcionário aposentado do serviço público federal após trabalhar por mais de 40 anos na área de assessoramento parlamentar.

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