9 de dezembro de 2011

a palavra de meu corpo


a minha palavra saiu de meu corpo
outra saliva a dirá com gosto de sarcasmo
ou com o sal de lesma ou com a humildade
de entrever a falha, a tátil e labial beleza
a minha palavra dita a amizade
arranca o caruncho que abre as falhas
seca furúnculos e assopra palhas
mando a minha palavra à cidade
escondida num silêncio pasmo
a minha palavra não acena só
o meu cinismo, o meu ventriloquismo
floresce no outro corpo a fava
que nele aguardava a carga de umidade
de húmus salivado de meu corpo
se é fossilizadora a minha palavra
não irá ao ar ao destempero da tinta
outro corpo não a repetirá se a fava é amarga

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