Não aguento mais ler, folhear
os raios de sol pela janela,
escorar-me nos degraus da área.
Dobradas, as pernas ardem.
Por mais que substitua os calçados,
os pés suam e, gélidos, me torturam.
Nada me soa biográfico
se não me sinto um homem
que seja sombra na areia, vulto
homem movente na água.
Não sei em que ameaço
o projeto, o entupimento
de um cano ou a estação.
Não imagino porque desconfiam
que eu desejo atravessar,
se pretendo abraçar
ou levar a chave.
Tal o incômodo que fecho
com cola venenosa
a entrada do formigueiro.
As formigas a saírem
dos furos do rejunte da janela
constituíam uma distração.
Limpar a pia será bem mais
solitário após o formiguicídio.
Quem foi à praça para o manifesto
com seu punhado de tubos
de pasta de memória venenosa?
Não basta uma safra, senão há a esterilidade. A poesia é meu território, e a cada dia colho grãos em seus campos. (Linoliogravura do fundo: Beto Nascimento
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