Consagração
a Salomão Sousa
sou um pterodáctilo ou dois
ou três pterodáctilos mesmo
antes, quiçá durante ou depois
de ver perdurar tua dor a esmo
tiranossauro rex com certeza
de pestilentas patas colossais
ao entranhar de vez tua tristeza
por patadas profundas, animais
ninho de cobras trago bem cuidado
para destampar a hora que for
espalhar uma a uma a cada lado
onde tua dor tenha mais horror
eis o golpe final com minha adaga
por estocadas nos pontos vitais
a mão que sangra ainda assim afaga
as tripas que provocam os teus ais
sigo em meia volta a anos luz
deixo apodrecer-te com teus vermes
livro-me desta culpa que seduz
em não ver almas mas só epidermes
meu olhar tem os olhos de meninos
à procura de cores e magias
a mesma vida com seus desatinos
é quem me cura até vir outros dias