Algumas informações esparsas. Estive no médico na tarde desta sexta-feira. Se eu fosse romancista ou contista, criava um personagens e construía uma narrativa com as hemorróidas luminosas em sangue. Lembro-me de meu avô fazendo, às escondidas, as suas lavagens na bacia de flandres. Estive sobre a maca em posição fetal, e agora preciso fazer menos leituras enquanto permanecer no sanitário.
Não consegui ainda iniciar a leitura da História do império, de Tobias Monteiro, na edição da Itatiaia. Fiz a encomenda pela Livraria da Rodoviária, mas os distribuidores não têm mais interesse em fazer entregas para as pequenas livrarias. São mais de vinte dias e não consigo ser atendido. Só as grandes redes conseguem atendimento rápido, pois são tratados com prioridade e com bons descontos. Precisamos de estudos para reversão deste quadro, pois as livrarias pequenas não poder ser extintas e ainda outras precisam ser motivadas a surgir.
Terminei a leitura da novela Terra sonâmbula, de Mia Couto. Não me agrada o excesso de inversões vocabulares do moçambicano, nem o excesso de neologismos para surgimento de verbos já existentes. Mas é uma narrativa preciosa em que o próprio texto se cristaliza em poeticidade. Moçambique aparece com todas as suas contradições. Realmente a literatura não existe sem o real.
Refiz um verso de minha tradução de Antonio Machado. Pois "marcas dos pés" deve ser substituído por "pegadas". Algumas de minhas traduções saem neste domingo no Jornal Opção, conforme promete o poeta Carlos Willian.
PROVÉRBIOS E CANTARES XXIX
Antonio Machado
Caminhante, são teus rastros
o caminho e nada mais;
caminhante, não há caminho,
o caminho se faz ao andar.
Ao andar se faz o caminho,
e ao voltar o olhar para trás
vê-se a trilha que nunca
mais há de voltar a pisar.
Caminhante, não há caminho
mas só pegadas no mar.
A poesia é meu território, e a cada dia planto e colho grãos em seus campos. Com a poesia, eu fundo e confundo a realidade. (Linoliogravura do fundo: Beto Nascimento)
13 de março de 2009
3 de março de 2009
Quem quer ser milionário?
Já que deixou de ser necessário o conceito de verossimilhança, Quem quer ser milionário? é um bom filme. Vale-se de situações velhas — mas também não podemos considerar que a história é nova, pois Bombaim está lá há algum tempo — para entrelaçar situações sociais que nunca envelhecem. Os programas de perguntas e respostas deixaram de existir desde os idos de 70, mas outras loterias estão aí no mundo todo para enganar os indivíduos, que sempre creem capazes de sair do real através de um sorteio grande. No filme é possível sair? Talvez, pois Jamal guarda fidelidade. A fidelidade — numa época em que até a ejaculação ocorre sem nenhuma promessa — merece ser premiada. Não, não jogo este filme no limbo. Há agilidade nas cenas, profundidade na fotografia, e uma música arrebatadora, quente. Uma música que soma o jazz fusion com a música oriental ou é o próprio jazz fusion. Ou clássico fusion. Só não é mais bonito porque a miséria sempre quer ofuscar o encanto. Pela abordagem de questões sociais — e pela fidelidade — o filme Quem quer ser milionário? merece o nono Oscar.
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