Terminei de lei a biografia "Byron Apaixonado", da irlandesa Edna O'Brien. Li como se tivesse degustando um romance. Byron é verdadeiramente um Don Juan, como a sua famosa obra. Sodomita no internato, agressivo no casamento, aventureiro, teve filhos com a própria irmã, foi "cavalieri", e foi morrer na Grécia numa luta que não era dele. Mas toda guerra de libertaçaõ é de todo homem. É leitura altamente recomendável.
Li num blog sobre a autora da Biografia:
"A autora ficou mais conhecida nacionalmente ao alegar que Chico Buarque é uma fraude. Esse caso chegou ao conhecimento do público ao ser redigido pelo colunista Diogo Mainardi. "
A poesia é meu território, e a cada dia planto e colho grãos em seus campos. Com a poesia, eu fundo e confundo a realidade. (Linoliogravura do fundo: Beto Nascimento)
20 de março de 2012
3 de março de 2012
Traduzi porcamente uma pergunta de uma entrevista concedida pelo poeta Juan Gelman, em 2011, por ocasião do lançamento de sua "Poesia Renida", pela FCE do México. Será que sempre teremos de falar em autoritarismo? Mas de espiritualidade, acredito, será sempre oportuno falar quando falarmos de poesia. Ela espiritualiza realmente o indivídupo, mas para uma "espitirualização social", "espiritualização de cidadania".
José David Cano:
Dizia o poeta argentino Roberto Juarroz: a poesia nos tornará livres. Essa sentença parece verdadeira e necessária hoje?
Juan Gelman (nasceu em 1930):
Eu não acredito. O que nos tornará livres é a luta social. Agora, a poesia, e em geral todas as artes, enriquecem de imediato o ser humano. É um fato: vivemos numa época onde se quer castrar a espiritualidade da gente; neste sentido, a poesia em particular, e a arte em geral, têm mais valor do que nunca. Porque são expressões que, queira ou não o autor destas expressões, dirigem, não por vontade própria pelo fato de existir ou não o autor, à sociedade. Enfim, são manifestações de resistências num mundo que, ademais, está mais mercantilizado, e onde cada vez mais quer uniformizar nosso espírito e converter-nos assim em terra fértil para qualquer autoritarismo. Talvez tenha sido sempre assim, mas eu acredito que hoje mais do que nunca, em meus 81 anos, e em comparação com épocas que vivi, parece-me que a arte e a poesia têm esse valor. Quando falo de épocas que vivi, refiro-me a épocas da adolescência, de juventude, de minha Argentina daquele momento. Mas não me refiro só a ela; depois de tudo, como disse o grande poeta argentino Paco Urondo: muitos de nós pegaram nas armas porque buscávamos as palavras justas.
José David Cano:
Dizia o poeta argentino Roberto Juarroz: a poesia nos tornará livres. Essa sentença parece verdadeira e necessária hoje?
Juan Gelman (nasceu em 1930):
Eu não acredito. O que nos tornará livres é a luta social. Agora, a poesia, e em geral todas as artes, enriquecem de imediato o ser humano. É um fato: vivemos numa época onde se quer castrar a espiritualidade da gente; neste sentido, a poesia em particular, e a arte em geral, têm mais valor do que nunca. Porque são expressões que, queira ou não o autor destas expressões, dirigem, não por vontade própria pelo fato de existir ou não o autor, à sociedade. Enfim, são manifestações de resistências num mundo que, ademais, está mais mercantilizado, e onde cada vez mais quer uniformizar nosso espírito e converter-nos assim em terra fértil para qualquer autoritarismo. Talvez tenha sido sempre assim, mas eu acredito que hoje mais do que nunca, em meus 81 anos, e em comparação com épocas que vivi, parece-me que a arte e a poesia têm esse valor. Quando falo de épocas que vivi, refiro-me a épocas da adolescência, de juventude, de minha Argentina daquele momento. Mas não me refiro só a ela; depois de tudo, como disse o grande poeta argentino Paco Urondo: muitos de nós pegaram nas armas porque buscávamos as palavras justas.
1 de março de 2012
Eskraquecidos
Ulisses, deixastes a imprevisão nas vistas;
na antessala, extinguistes a disputa dos amantes.
No entanto, entregastes o enfado, o fastio
fio emaranhado de fuso sem memória.
Quem soube de Homero que canta,
de Findley que finge na guerra?
Da oleada princesinha em Aldebarã?
Ah! estas pederastias, encalhes de Loyds,
barracos de Pinheirinhos, de tiros nas frontes
e as crianças em sangue,
incêndios em homens eskraquecidos!
Homero não canta o computador,
também é sem memória
o verso na frouxa preguiça
a sumir nas janelas do Facebook.
Se ela não há, não canta vitória.
Não canta a guerra, o glamour,
o féretro, se nem féretro há para aquele
que sequer dispõe de coragem para uma história.
Ítaca nem foi imaginada,
nem imaginado o veleiro.
Ficamos aqui sem mar,
se não o compuseram as águas.
Não há ira, vento para o veleiro.
Não há a amizade do guerreiro.
O vazio ateia o fogo, dá o tiro,
atravessa o giro da porta impermitida.
O olhar vazio não vê o outro,
a próxima página, a outra margem.
As mãos vazias não trazem o barro,
e Ítaca não emerge de uma praia
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