1 de março de 2012

Eskraquecidos


Ulisses, deixastes a imprevisão nas vistas;
na antessala, extinguistes a disputa dos amantes.
No entanto, entregastes o enfado, o fastio
fio emaranhado de fuso sem memória.

Quem soube de Homero que canta,
de Findley que finge na guerra?
Da oleada princesinha em Aldebarã?

Ah! estas pederastias, encalhes de Loyds,
barracos de Pinheirinhos, de tiros nas frontes
e as crianças em sangue,
incêndios em homens eskraquecidos!

Homero não canta o computador,
também é sem memória
o verso na frouxa preguiça
a sumir nas janelas do Facebook.

Se ela não há, não canta vitória.
Não canta a guerra, o glamour,
o féretro, se nem féretro há para aquele
que sequer dispõe de coragem para uma história.

Ítaca nem foi imaginada,
nem imaginado o veleiro.
Ficamos aqui sem mar,
se não o compuseram as águas.

Não há ira, vento para o veleiro.
Não há a amizade do guerreiro.
O vazio ateia o fogo, dá o tiro,
atravessa o giro da porta impermitida.

O olhar vazio não vê o outro,
a próxima página, a outra margem.
As mãos vazias não trazem o barro,
e Ítaca não emerge de uma praia

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