Não se acaba em Iguaba,
talvez tenha principio a travessura
do esquecimento, sementes
que não serão levadas
para o infrutífero continente.
Não se acaba próximo à mão.
Uma cova sente o abandono
em transbordos sob a chuva,
sob o solo nenhum prenúncio de raiz
no território desconectado, desa
marrado da volúpia de gestar.
O estuário do perfume aguarda
com a performance do inodoro.
Se alguma pele se oferece
falta sarna para enfurecê-la de verniz.
As palavras se exaltam, se oferecem
e as mensagens não serão proclamadas.
Não se acaba próximo ao lábio.
Faltam as abelhas, a cera, o cismo
de recompor as tábuas de registrar
a branca memória. Esforço
de recompor o princípio, a falha
de compartilhar a fala e a solidão
que as telhas recobrem, ainda que
noite e penúria. Onde nada se acaba,
onde fortes vigílias, onde bocas de metal,
o furor das abelhas, mel e lábia,
brotos selfies em postagens,
a frutificação na paisagem.
Não basta uma safra, senão há a esterilidade. A poesia é meu território, e a cada dia colho grãos em seus campos. (Linoliogravura do fundo: Beto Nascimento
6 de setembro de 2014
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