31 de janeiro de 2023

Filme Tár

Levei meus netos ao cinema para assistirmos ao filme Tár (o título talvez remeta ao cineasta Béla Tarr), que concorre ao Oscar em várias categorias. Por diversas razões, fui atraído ao cinema. A personagem é esquizofrênica, é maestro, a música é de Mahler, e o roteiro não é trivial. Num primeiro momento, o filme certamente terá sido cansativo para meus netos (12 e 15 anos), pois na primeira hora o roteiro inclui cenas paradas muito longas dedicadas a debater o cotidiano dos personagens, além de inclusão de assuntos muito sutis sobre o universo da música sinfônica (clássica). Esses diálogos serão bem ásperos para o expectador que não for íntimo da história da música sinfônica. Acredito que alguns diálogos são bem dispensáveis até mesmo para redução do tempo de duração do filme (quase três horas). Depois de uma hora, o filme passa incluir tensão psicológica, sem nenhum obviedade até o final, que avançam para questionamentos bem atuais (lesbianismo, assédio, convicções autoritárias de comportamento social), com consequências bem amargas. Eu retornaria ao cinema, mas chegaria uma hora atrasado. Mas recomendo, sugerindo inclusive que as pessoas ouçam antes a Quinta Sinfonia, de Mahler, e o Concerto para Violoncelo, de Elgar. Há referências bem marcantes sobre Marlon Brando e Karajan, que muitos expectadores certamente sairão boiando da sala de cinema. É uma obra de referências, necessárias, senão o interesse pela cultura só irá se arrefecendo. Não me arrependo de ter levado meus netos. O de 15 anos gostou da tensão dramática. Eu também, somando-se, é claro, as referências culturais sutis,

que não serão alcançadas pelo expectador não afeito ao universo cultural. 

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