3 de fevereiro de 2023

Se fraquejamos, o napalm cai na nossa cabeça.

Após assistir o filme "Tár", revi "Apocalypse Now" só para matar a saudade da recitação do poema de Eliot por Marlon Brando. E, nessa sequência às avessas, reli pela terceira vez o romance "Coração das Trevas",  de Joseph Conrad, que originou esse imbróglio todo. Li os capítulos I e II na edição da editora Mojo e o III, na edição da Darkside. Existem umas dez traduções em catálogo. A crítica é unânime em indicar a edição da Hedra. Mas quem quiser mais conforto na leitura, deve optar pela edição da Antofágica, com letras maiores. Não é de se desconsiderar a edição da editora Ubu, certamente a mais cuidada, com iconografia de Regina Rennó e farto material complementar. A tradução da Mojo é bem poética e as palavras estão ajustadas para a linguagem do tempo presente. A da Darkside é mais fiel. Em ambas, bem como da  Cia das Letras e da Ubu, a tipologia é menor. Portanto, é um livro, merecidamente, bem traduzido no Brasil.

Mas vamos em frente.

Conrad era ucraniano e tornou-se um dos grandes escritores de língua inglesa após morar na França. "Coração das Trevas" trata do colonialismo e da admiração por lideranças despóticas, de forma cega. O filme de Copolla não é fiel ao livro e mostra que a fidelidade ao despotismo deve ser quebrado. Copolla, em "Apocalypse Now", repudia as guerras coloniais e mostra o absurdo despótico da atuação das lideranças. Tanto o romance quanto filme, tudo muito permeado com poesia e dolorosa exposição do lado macabro da violência. São obras a nos alertar para a necessidade de estarmos atentos para que o humanismo não seja violentado. Veja o caso dos yanomamis.

Se fraquejamos, o napalm cai na nossa cabeça.

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