Beatriz, qual desatinado quer apagar a luz?
Quando escurece não conseguimos sair
dos aposentos, mesmo que as portas
sejam partidas. Não conseguimos
usar a faca e descascar a maçã madura.
Apagar a luz é como dar um golpe
Quando as estrelas ficam inquietas
e se despregam da vestimenta do céu
passamos a bater as cabeças
Deixamos de visitar o vizinho
que em um choque vai perder as ventas
Larvas roem as nossas mentes
Apagar a luz é como queimar
as latadas de vides que não conhecemos
Tomaremos vinho amargo, com os pés sem rumo
No escuro, destruiremos polpas carnosas,
por cima de nós dançarão ratos e formigas
Encostas nos enterram dentro do quarto
Beatriz, para o escuro não acabar com a festa
oriente alguém para acender o carvão
Se dermos golpes será para colhermos
e em volta das chamas iremos dançar
Há festa porque não fizemos nenhum inimigo
Há festa porque saímos abraçados pelas portas
rumo aos vulcões mortos − as montanhas
Não basta uma safra, senão há a esterilidade. A poesia é meu território, e a cada dia colho grãos em seus campos. (Linoliogravura do fundo: Beto Nascimento
23 de fevereiro de 2023
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