7 de março de 2024

Passeio com Eurídice na ausência de Luíza

Aqui estamos afundados na dengue.

Para deixarmos o corpo fora

esticamo-nos dentro do olho do monstro.

Mas temos sol, temos outros astros,

e divertimentos de enchentes.

Liguemos os véus do tempo

e cumpramos os gestos de reiniciar o reino,

está velho o norte em que vamos.

 

Cremos. A noite não passa

de um desarme dos remos.

Temos sobre o leito o tesouro de esmeraldas

quando nos pomos a navegar

e não é de roubo nossas lâmpadas.

Implica quase sempre tirarmos as travas.

Enquanto Luísa se ausenta,

com Eurídice passemos a tormenta.

 

Construímos o leito

para que as palavras se amem.

Salgado Maranhão, Homero.

Cabem em nosso corpo o vento

e os desejos de Eurídice.

Talvez escaravelhos nos dorsos,

se prazeres de esmeraldas sabemos.

Não embarcamos serpentes.





Nenhum comentário:

Postar um comentário

Salomão Sousa sente-se honrado com a visita e o comentário

RETRATO, poema de Antonio Machado

Traduzi para meu consumo o poema "Retrato", do espanhol Antonio Machado. Trata-se de um dos poetas de minha predileção, assim como...