Podemos estar em silêncio, o cio frio,
no entanto algo fleme, inflama, infuna.
No entanto, algo incomum move.
A poesia, que é incomum.
A fartura do desejo, que é incomum.
A fartura de Whitman,
que é incomum!
Que o Ronaldo Costa Fernandes me corrija,
se erro.
Que o Ronaldo Cagiano me corrija,
se me engano.
Que o Vassil Oliveira me corrija,
se vacilo!
A poesia é meu território, e a cada dia planto e colho grãos em seus campos. Com a poesia, eu fundo e confundo a realidade. (Linoliogravura do fundo: Beto Nascimento)
25 de junho de 2009
OH! MEU CAPITÃO! MEU CAPITÃO
Walt Whitman
Versão: Salomão Sousa
I.
Oh! Meu capitão! Meu capitão! nossa fatal viagem é finda;
O barco venceu as tormentas, alcançados os prêmios que buscávamos;
O porto está próximo, ouço os sinos, o povo se exulta;
Embora os olhos sigam as firmes quilhas, a embarcação sinistra e audaz:
Mas oh! coração! coração! coração!
Não derrame nem uma mínima gota
No convés onde meu capitão jaz
Estirado frio e morto.
II.
Oh! Capitão! Meu capitão! Levanta e ouça os sinos;
Levanta — por ti a flâmula flana — por ti a corneta trila;
Por ti buquês e grinaldas com fitas — por ti as multidões nas margens;
Por ti eles chamam, se aglomeram, os rostos ansiosos à procura;
Oh! Capitão! querido pai!
Passo embaixo de ti este braço;
No convés é um sonho que jaz,
Onde te estirastes frio e morto.
III.
Meu capitão que não responde, os lábios pálidos e tranquilos;
Meu pai que meu braço não sente, está sem pulso e vontade;
Mas o barco, o barco ileso ancorou, a viagem feita e conclusa;
Da terrível viagem, a vitória do barco, os objetivos alcançados;
Exultem-se, oh! margens! e toquem, oh! sinos!
Mas eu, com passo silente,
Atravesso onde meu capitão jaz
Estirado frio e morto.
Versão: Salomão Sousa
I.
Oh! Meu capitão! Meu capitão! nossa fatal viagem é finda;
O barco venceu as tormentas, alcançados os prêmios que buscávamos;
O porto está próximo, ouço os sinos, o povo se exulta;
Embora os olhos sigam as firmes quilhas, a embarcação sinistra e audaz:
Mas oh! coração! coração! coração!
Não derrame nem uma mínima gota
No convés onde meu capitão jaz
Estirado frio e morto.
II.
Oh! Capitão! Meu capitão! Levanta e ouça os sinos;
Levanta — por ti a flâmula flana — por ti a corneta trila;
Por ti buquês e grinaldas com fitas — por ti as multidões nas margens;
Por ti eles chamam, se aglomeram, os rostos ansiosos à procura;
Oh! Capitão! querido pai!
Passo embaixo de ti este braço;
No convés é um sonho que jaz,
Onde te estirastes frio e morto.
III.
Meu capitão que não responde, os lábios pálidos e tranquilos;
Meu pai que meu braço não sente, está sem pulso e vontade;
Mas o barco, o barco ileso ancorou, a viagem feita e conclusa;
Da terrível viagem, a vitória do barco, os objetivos alcançados;
Exultem-se, oh! margens! e toquem, oh! sinos!
Mas eu, com passo silente,
Atravesso onde meu capitão jaz
Estirado frio e morto.
10 de junho de 2009
Sutis declarações sobre a poesia de Salomão Sousa
Sua poesia é esse jeito, esse movimento, a funda estocada no coração das emoções.
Sérgio Campos (Nova Friburgo-RJ)
Para começo de conversa, o poema “Safras” é sensacional: é lindo de morrer, enxuto, na palavra exata.
Zila Mamede (Natal-RN)
… gosto desse movimento pendular, oscilando entre o lirismo confessional e o discurso cheio de indignação; justa revolta e amor pela vida, bem dosados e temperados.
Uilcon Pereira (Araraquara-SP)
Caderno de Desapontamentos, muito belo, sensível e pungente —só lamento ter somente agora conhecido a sua poesia, que revela um poeta consciente do poder da palavra, sem o ouropel e a sacralização acadêmicos.
Assis Brasil (Teresina-PI)
...gostei do seu modo de garimpar os territórios quase inacessíveis da metáfora, sobretudo quando aliada aos aspectos da miséria social e do cotidiano nem todas as vezes abordável, poeticamente.
Jorge Tufic (Fortaleza-CE)
Já nem sei se estou conseguindo esplicar-lhe minha emoção em ler seus poemas de Criação de Lodo, suas pérolas, sua baba, sua metáfora, seu borboletear.
Manoel Lobato (Belo Horizonte-MG)
Criação de Lodo é um livro primoroso. Dá a dimensão do talento do autor e também da sua formação enquanto artista. O texto introdutório —ensaio? metapoema— credencia o autor como um autêntico poeta que compreende o valor e as razões do seu ofício na modernidade. Num momento em que a poesia brasileira parece morta, o Salomão Sousa de Criação de Lodo é enfim um dos poucos que parece saber o que faz.
Osvaldo Duarte (Vilhena-RO)
A criatividade que contém seus versos; a beleza de seu estilo; virilidade de suas metáforas; o canto da terra a exalar o cheiro agreste da pureza; todas essa virtudes o tornam único.
Mário Celso Rios (Barbacena-MG)
Sérgio Campos (Nova Friburgo-RJ)
Para começo de conversa, o poema “Safras” é sensacional: é lindo de morrer, enxuto, na palavra exata.
Zila Mamede (Natal-RN)
… gosto desse movimento pendular, oscilando entre o lirismo confessional e o discurso cheio de indignação; justa revolta e amor pela vida, bem dosados e temperados.
Uilcon Pereira (Araraquara-SP)
Caderno de Desapontamentos, muito belo, sensível e pungente —só lamento ter somente agora conhecido a sua poesia, que revela um poeta consciente do poder da palavra, sem o ouropel e a sacralização acadêmicos.
Assis Brasil (Teresina-PI)
...gostei do seu modo de garimpar os territórios quase inacessíveis da metáfora, sobretudo quando aliada aos aspectos da miséria social e do cotidiano nem todas as vezes abordável, poeticamente.
Jorge Tufic (Fortaleza-CE)
Já nem sei se estou conseguindo esplicar-lhe minha emoção em ler seus poemas de Criação de Lodo, suas pérolas, sua baba, sua metáfora, seu borboletear.
Manoel Lobato (Belo Horizonte-MG)
Criação de Lodo é um livro primoroso. Dá a dimensão do talento do autor e também da sua formação enquanto artista. O texto introdutório —ensaio? metapoema— credencia o autor como um autêntico poeta que compreende o valor e as razões do seu ofício na modernidade. Num momento em que a poesia brasileira parece morta, o Salomão Sousa de Criação de Lodo é enfim um dos poucos que parece saber o que faz.
Osvaldo Duarte (Vilhena-RO)
A criatividade que contém seus versos; a beleza de seu estilo; virilidade de suas metáforas; o canto da terra a exalar o cheiro agreste da pureza; todas essa virtudes o tornam único.
Mário Celso Rios (Barbacena-MG)
O alvo insólito se esconde em abril.
A sólida ferrugem nos fuzis.
Os desamparadas informes
de acolher as arestas do esquecimento.
Ou as raízes da névoa quieta
que barram a procura de alguma porta.
Alguma luta se esconde em abril.
Com a lábia livre, com a alegre
esperteza de iludir a frágil fresta.
O vencimento do tardio ódio,
a fraqueza da reza sem milagres.
Há um ventilar de madureza,
de alguém que talvez nem venha
a entrar nalguma névoa,
a pisar nos gozos de alguma nave.
Montado o palanque. A besta imolada.
A gravidez depois fictícia.
Alguém limpa a ferrugem em abril.
@ Salomão Sousa
A sólida ferrugem nos fuzis.
Os desamparadas informes
de acolher as arestas do esquecimento.
Ou as raízes da névoa quieta
que barram a procura de alguma porta.
Alguma luta se esconde em abril.
Com a lábia livre, com a alegre
esperteza de iludir a frágil fresta.
O vencimento do tardio ódio,
a fraqueza da reza sem milagres.
Há um ventilar de madureza,
de alguém que talvez nem venha
a entrar nalguma névoa,
a pisar nos gozos de alguma nave.
Montado o palanque. A besta imolada.
A gravidez depois fictícia.
Alguém limpa a ferrugem em abril.
@ Salomão Sousa
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