O amigo Alaor Barbosa no manda o seguinte email na noite desta sexta-feira:
Comunico que foi lançado esta semana, dia 14, em Lisboa, pela Editora
Dom Quixote, meu romance EU, PETER PORFÍRIO, O MAIORAL, prêmio de
publicação do Prêmio Leya 2008.
Com todo nosso sentimento goiano, a notícia trouxe alegria à nossa porta. Já sabíamos da premiação e aguardávamos a publicação do romance premiado.
A poesia é meu território, e a cada dia planto e colho grãos em seus campos. Com a poesia, eu fundo e confundo a realidade. (Linoliogravura do fundo: Beto Nascimento)
19 de setembro de 2009
18 de setembro de 2009
Afonso Félix de Sousa
Na próxima quarta-feira, 23 de setembro de 2009, às 19h, participaremos do Tributo que Biblioteca Nacional de Brasília prestará ao poeta Afonso Félix de Sousa (Jaraguá-GO, 1925). A poeta Astrid Cabral, viúva do homenageado, comparece à Capital para fazer a conferência sobre vida e obra do autor, e , junto com os poetas Alexandre Marino, João Carlos Taveira, participaremos do recital lendo polemas seletos do autor, além da participação da jornalista e escritora Ana Cristina Vilela no papel do famoso poema a Moça de Goiatuba.
Auto-retrato
Afonso Félix de Sousa
A maneira de andar
como quem busca
estrelas pelo chão.
A cabeça a dar contra muros.
Em cada olho, o mundo como um punhal
-- cravado.
O pensamento a abrir estradas
numa várzea distante.
Os ângulos do sonho formando orlas
povoadas de fêmeas
que a meu encontro viriam
do outro lado, em lânguidas posturas.
Diante do mar, a sede, a sede
de beber a vida em infinitas viagens.
As garras de gato ante paredes impostas.
A impaciência de que chegue a manhã e a praia,
a tarde e o amor.
A maneira de andar
como a fugir dos homens
-- e tê-los contra o peito.
O pensamento a atirar pedras
contra as vidraças
que guardam os produtores frios
de injustiças.
O coração que bate
ao som de fábulas.
Que bate
contra rochedos mortos
numa praia de cinza
onde palpita o primeiro amor.
O coração eterno.
O amor eterno
que bate.
A alegria! A alegria!
Íntima, espantada de si mesma, gloriosa
como palmas a se abrirem aos quatro ventos,
a alegria de sentir-se vivo, alegria
de bicho do mato, criança, dominada,
eterna.
Auto-retrato
Afonso Félix de Sousa
A maneira de andar
como quem busca
estrelas pelo chão.
A cabeça a dar contra muros.
Em cada olho, o mundo como um punhal
-- cravado.
O pensamento a abrir estradas
numa várzea distante.
Os ângulos do sonho formando orlas
povoadas de fêmeas
que a meu encontro viriam
do outro lado, em lânguidas posturas.
Diante do mar, a sede, a sede
de beber a vida em infinitas viagens.
As garras de gato ante paredes impostas.
A impaciência de que chegue a manhã e a praia,
a tarde e o amor.
A maneira de andar
como a fugir dos homens
-- e tê-los contra o peito.
O pensamento a atirar pedras
contra as vidraças
que guardam os produtores frios
de injustiças.
O coração que bate
ao som de fábulas.
Que bate
contra rochedos mortos
numa praia de cinza
onde palpita o primeiro amor.
O coração eterno.
O amor eterno
que bate.
A alegria! A alegria!
Íntima, espantada de si mesma, gloriosa
como palmas a se abrirem aos quatro ventos,
a alegria de sentir-se vivo, alegria
de bicho do mato, criança, dominada,
eterna.
11 de setembro de 2009
Revisão de um poema ainda a ser revisto
Estou terminando o terceito livro da Trilogia do Cairo, de Nagib Mahfuz.
Onde tudo se condensa e, assim Schopenhauer, nos deixa no abismo.
Revi um poema postado aqui um dias atrás. É para deixar mesmo a respiraçaõ entrecortada.
Uma hora este poema bate o seu badalo.
►
Por dissolvidas células
por drenos engastados nas veias podres
por atos de drágeas moles e
uretra arrebatada por sangue
iguais a foles desgastados
ar não sugam
e o sopro entre cortado sangue
se os canais pedem agastados
leitos de anamofilina
intervalos de sopros
contínua missão de dissolver
os vasos se impulsam se emperram
nos músculos de poros com drenos
Segue pelo deserto de drogas
de corpos de drágeas
resfolega sem fôlego
Nada respira ou suga
Desertaram-se as pétalas vivas
os jatos de um caudal
de um prazer que se gesta numa uretra
Excretasse de forma ereta!
Desampara a sarna com gasturas
e o deserto e o deserto desampara
se só areia se só luz para esfregar
fadiga fadiga fatigado útero
Onde tudo se condensa e, assim Schopenhauer, nos deixa no abismo.
Revi um poema postado aqui um dias atrás. É para deixar mesmo a respiraçaõ entrecortada.
Uma hora este poema bate o seu badalo.
►
Por dissolvidas células
por drenos engastados nas veias podres
por atos de drágeas moles e
uretra arrebatada por sangue
iguais a foles desgastados
ar não sugam
e o sopro entre cortado sangue
se os canais pedem agastados
leitos de anamofilina
intervalos de sopros
contínua missão de dissolver
os vasos se impulsam se emperram
nos músculos de poros com drenos
Segue pelo deserto de drogas
de corpos de drágeas
resfolega sem fôlego
Nada respira ou suga
Desertaram-se as pétalas vivas
os jatos de um caudal
de um prazer que se gesta numa uretra
Excretasse de forma ereta!
Desampara a sarna com gasturas
e o deserto e o deserto desampara
se só areia se só luz para esfregar
fadiga fadiga fatigado útero
8 de setembro de 2009
Saul Bellow
Às vezes eu me me surpreendo perguntando sobre os grandes escritores americanos, pois quase sempre compreendemos a literatura dos EUA só em termos dos livros de livros de comunicação rápida. Mas sempre me extasio diante de Melville, de Faulkner, Salinger, Hemingway. Não podemos esquecer de Thomas Pyncho, que ridiculariza o mundo capitalista, de geração de lixo e deterioração cultural. E o encanto da literatura fragmentada e, ao mesmo tempo, tão real e necessária de Saul Bellow. À época em que ele ganhou o prêmio Nobel (1976), encataram-me O Legado de Humboldt, Henderson, O Rei da Chuva, e nunca me esqueço da última frase de O Planeta do Sr. Sammler.
— E sabemos, e sabemos, e sabemos.
Não consigo me lembrar de nada de Herzog, que é considerado sua obra prima. Terei de reler. pois aqui ele é mais questionador, indagador, bem moderno, se a narrativa, através de cartas, permite mais a introspecção do narrador ou do personagem ou ambas.
Agora estou no último volume da trilogia do Egito, de Nagib Mahfuz, e todas as 1800 páginas dos três volumes não passam desta constatação final de Saul Bellow. Sabemos e, no entanto, caímos nos mesmos fracassos.
E agora estou louco para ir à livraria buscar um exemplar de As Aventuras de Augie March, em tradução de Sonia Moreira, (Companhia das Letras, 704 págs., R$ 67). Estão dizendo que é nova tradução, mas é engano, pois o livro nunca saiu no Brasil anteriormente. O Estado de S. Paulo errou mais: a obra de Saul Bellow já foi bem contemplada e encalhada no País. Ele merece bem mais leitura do que encalhe. Qualquer sebo certamente tem livro dele.
Se o leitor é escritor, sugiro a entrada em Bellow pel'O Legado de Humboldt. Se o leitor gosta mais de leveza, por Henderson, O Rei da Chuva. Se é economista ou gosta de conhecer o sabor do uso da língua, este As Aventuras de Augie March, pois a história se passa na depressão de 29. Pelo que escreve o critico abaixo, o romance deve lembrar muito A Casa Desolada (a merecer reedição pela Nova Fronteira, já que ela editou o livro no País e ele está esgotadíssimo), de Dickens, que trata das multiplicidade das questões urbanas, sobretudo da burocratização processual, que esgota os recursos da população com excesso de documentos e tramitação, pois Bellow busca a sua experiência nos grandes narradores.
É bom lembrar que Bellow e Mahfuz são contemporâneos e que ambos ganharam o prêmio Nobel.
Vinicius Jatobá (Estado de S. Paulo):
O escritor apostou alto nesse romance de 1953: ele representa o êxtase do idioma americano, uma prosa em que o sabor do vernáculo, com todo seu senso de improviso e poesia, entra em namoro com uma ideia babélica de experiência urbana. Romance de formação, história de um homem que cresce em meio à Crise de 29, a picaresca construída por Bellow tem um sabor diferente dos romances usuais do gênero - nele, não se acompanha o desencadeamento lógico de uma personalidade. O que se vê em Augie March é a voragem de conhecimento de um indivíduo sendo deformada pela voltagem de improviso que a experiência urbana lhe oferece. Em cada esquina, uma nova história; cada pessoa é fonte de um saber único; as ideias atravessam sua vida com a mesma exuberância sedutora que as mulheres - e há muito adiante por ser descoberto para se ocupar com o passado, mesmo recente.
— E sabemos, e sabemos, e sabemos.
Não consigo me lembrar de nada de Herzog, que é considerado sua obra prima. Terei de reler. pois aqui ele é mais questionador, indagador, bem moderno, se a narrativa, através de cartas, permite mais a introspecção do narrador ou do personagem ou ambas.
Agora estou no último volume da trilogia do Egito, de Nagib Mahfuz, e todas as 1800 páginas dos três volumes não passam desta constatação final de Saul Bellow. Sabemos e, no entanto, caímos nos mesmos fracassos.
E agora estou louco para ir à livraria buscar um exemplar de As Aventuras de Augie March, em tradução de Sonia Moreira, (Companhia das Letras, 704 págs., R$ 67). Estão dizendo que é nova tradução, mas é engano, pois o livro nunca saiu no Brasil anteriormente. O Estado de S. Paulo errou mais: a obra de Saul Bellow já foi bem contemplada e encalhada no País. Ele merece bem mais leitura do que encalhe. Qualquer sebo certamente tem livro dele.
Se o leitor é escritor, sugiro a entrada em Bellow pel'O Legado de Humboldt. Se o leitor gosta mais de leveza, por Henderson, O Rei da Chuva. Se é economista ou gosta de conhecer o sabor do uso da língua, este As Aventuras de Augie March, pois a história se passa na depressão de 29. Pelo que escreve o critico abaixo, o romance deve lembrar muito A Casa Desolada (a merecer reedição pela Nova Fronteira, já que ela editou o livro no País e ele está esgotadíssimo), de Dickens, que trata das multiplicidade das questões urbanas, sobretudo da burocratização processual, que esgota os recursos da população com excesso de documentos e tramitação, pois Bellow busca a sua experiência nos grandes narradores.
É bom lembrar que Bellow e Mahfuz são contemporâneos e que ambos ganharam o prêmio Nobel.
Vinicius Jatobá (Estado de S. Paulo):
O escritor apostou alto nesse romance de 1953: ele representa o êxtase do idioma americano, uma prosa em que o sabor do vernáculo, com todo seu senso de improviso e poesia, entra em namoro com uma ideia babélica de experiência urbana. Romance de formação, história de um homem que cresce em meio à Crise de 29, a picaresca construída por Bellow tem um sabor diferente dos romances usuais do gênero - nele, não se acompanha o desencadeamento lógico de uma personalidade. O que se vê em Augie March é a voragem de conhecimento de um indivíduo sendo deformada pela voltagem de improviso que a experiência urbana lhe oferece. Em cada esquina, uma nova história; cada pessoa é fonte de um saber único; as ideias atravessam sua vida com a mesma exuberância sedutora que as mulheres - e há muito adiante por ser descoberto para se ocupar com o passado, mesmo recente.
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