7 de setembro de 2011

Jonatham Franzen

Estou um pouco sumido daqui do blog, mas a cultura está fervilhando em minha cabeça. Primeiramente, a frustração do cancelamento da Bienal Internacional de Poesia. Agora terei de encontraroutra saída para a antologia da poesia goiana, que organizei para o abortado evento. A antologia está pronta. Agora vamos precisar de outro patrocínio ou de alguma editora encampar a publicação. Vou ver isso com  calma, e aceitamos indicações de soluções. Não foi culpa do Antonio Miranda, mas de visões caolhas da administração.

Vi poucos filmes. "Árvore da vida", de Malick, é frustrante. Não merecia estar em Cannes. Imagens desconexas, roteiro que não sabe o que quer: misticismo ou crítica à família. Li um livro de Amin Malhouf. Líbio residente em Paris. Ver como outras culturas  pensam a organização do mundo. Só a visão americana ofusca a forma de como a humanidade deseja o domínio econômico e as relações internacionais.

Finalmente, li o aclamado "Liberdade", de Jonathan Franzen. Romance caudaloso (605 páginas) sobre a fragmentação da sociedade americana. Não só da sociedade — de sua cultura. O livro mostra como a forma de ser realista de composição romanesca mudou. Venho brigando: sem conhecer a sociedade não é possível escrever. E Franzen conhece. Às vezes pisa na bola: no momento em que vai escrever sobre gerações anteriores, continua no mesmo tratamento que dá aos aspectos contemporâneoas. Mas é um autor oportuno e importante — não tem como deixar de reconhecer. Vou agora passar para a leitura do seu livro anterior — "As correções", que é considerado a sua obra prima. Se é assim, Franzen vai muito bem. Ainda mais para um autor novo: 42 anos. Em alguns momentos a tradução escorrega, mas a própria formatação do estilo, que está preocupado em mostrar a deterioração da linguagem, também complica ou mascara o trabalho do tradutor. Mas há erros na edição, que merecem "correções" em edições futuras. Umas duas que assinalei, só para encher o saco: "Mas pode dizer que antecipar" (pg 362) — a frase não pode ser esta, pois está totalmente sem conecção; "E provavelmete conseguir" (pg 161) — anotei esta, mas a frase está correta, só que a tradição do português recomenda as vírgulas. Acabei não assinalando outros exemplos... Mas são muitos, sobretudo a falta de ajuste às tradições do português em nome à fidelidade do original. Muita coisa não funcionou bem. Mas é um romance de extraordinária oportunidade. Vai ter o seu espaço e merece leitura.    

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