20 de outubro de 2013

Poema

Areia flexível penetrável
movente nas longas margens
onde qualquer pata se afunda
qualquer cão babuja fezes

Flacidez desmontada por garras guerras
e não me reconhecem pó ao desamparo
às debulhadas de floradas secas
a ansiar por sangue e rigidez

Resseca a cola vermelha de tuas veias
de permeio em mim
e me encaminharei à margem
das ameias fixas

Gerações aguardarão sobre a muralha
Vão apontar as armas
Vão mirar horizontes
tremeluzes de miragens

Areia e sangue cimentados nas travessias
em defesa das eternas pátrias
Vão admirar as flexíveis plataformas
as irremovíveis montanhas as corcovas

Seguirei afeto ao sólido
interminável marca pelos territórios
impenetrável ao piche da fezes
à acidez das babugens

a Rita Cruz

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