A poesia é meu território, e a cada dia planto e colho grãos em seus campos. Com a poesia, eu fundo e confundo a realidade. (Linoliogravura do fundo: Beto Nascimento)
19 de dezembro de 2023
Biografia de Euclides da Cunha
17 de dezembro de 2023
Mais atividades de 2023
👐 17.12 – Saiu no Jornal
Opção artigo de Euler Belém, que traz recomendação de 21 livros de poesia,
com inclusão de Cascos e caminhos, de nossa autoria. Nada mais incentivador do
que terminar o ano merecendo palavras tão incentivadoras de Marcos Fabrício
durante nosso encontro no Café com Chero e do Euler Belém no Jornal Opção, que
seguem, em parte, abaixo:
É possível que Salomão Sousa, um dos melhores poetas brasileiros
em atividade, tenha livros melhores e, quem sabe, mais bem-elaborados. Mas
tenho um apreço especial por “Cascos e Caminhos”. Porque, exatamente, não sei.
É um dos livros que mantenho à mão e, em certos dias, abro e leio uma ou dois
poemas.
Quem é o poeta Salomão Sousa? Um “filho” de João Cabral de Melo
Neto que leu e deglutiu o
“bisavô”
T. S. Eliot e o “avô”
Carlos Drummond de Andrade. É um poeta tão
especial — que elabora tanto
sua poesia — que a angústia
da influência, diria Harold
Bloom, pode ser percebida só com muita
atenção. Porque nota-se sua identidade, não
exatamente a de outros, nas entrelinhas e, por assim dizer, tramas de seus
poemas.
Salomão Sousa é o tipo de poeta cerebral, um construtor
milimétrico — um engenheiro com a delicadeza do arquiteto —, que sabe que
“secura” e “lirismo” não se excluem. Por vezes, um alivia ou reforça o outro.
Há um aspecto a ser mais ressaltado pelos críticos: a presença de um humor
refinado na sua poesia.
👐14.12 – Compareci ao Café e um Chero para participação de lançamentos de livros de vários autores publicados pela Outubro Edições. Encontro de efusiva alegria com o poeta Marcos Fabrício, que acaba de lançar estudo sobre Machado de Assis; com Kori Bolivia, que lançou seu livro de poesia escrito durante a quarentena da Pandemia; e com Clara Arregui e Maria do Carmo. Oportunidade de encontro com José Pastana, da Academia Amapaense de Letras.
👐 14.12 – Comparecimento à livraria Sebinho para o lançamento do
livro Ouvir as árvores, do amigo Eugênio Giovenardi. Oportunidade para
reencontro com confrades da Academia de Letras do Brasil.
13 de dezembro de 2023
Atividades 2023
👐 👐👐 Saúdo todos os familiares, amigos, escribas de todo o País. Desejo Boas Festas e um 2024 cordato, produtivo, enriquecedor para todos nós, em cultura e em Paz.👐👐👐
Aproxima-se o período das festas
de fim de Ano e acumulam-se os compromissos. Não conseguimos participar de
todas elas, sobretudo pelo cansaço e também as revisões de saúde em família,
que me impediram de estar presente em muitos momentos. Aproveitamos para
prestar contas de nossas atividades literária no correr do ano de 2023, na
esperança de sermos mais produtivos em 2024. Não conseguimos publicar nenhum
livro, mas vários estão prontos e, logo no primeiro semestre de 2024, espero
lançar um de poesia e um de crítica. Li e reli muito, escrevi poesia, resenhas
e artigos. Tenho procurado participar com espontaneidade amiga e com direito à
crítica, pois o meu espírito goiano é mais contestador. Mas geralmente nosso
comparecimento serve mais como claquete, pois a troca nem sempre é espontânea,
ou talvez exijamos demais. Mas as saíras desejam entrar por nossa porta.
Só participando, compreendendo e produzindo
deixamos nossa contribuição. Gostaríamos de ter participado mais, de ter
produzido mais, de ter sido mais crítico e receptivo. Não consegui ir a
Goiânia, onde centenas de atividades literárias importantes foram realizadas.
Com essa minha ausência, não tenho sido lembrado na hora do registro dos
autores da história da Literatura Goiana. Quem não aparece não é lembrado –
sabemos. Sequer conseguimos participar da reunião de fim de ano da ALAHS, nossa
querida academia de Silvânia (GO), minha terra mater.
Me aguardem. Nalgum momento, comparecerei.
👐 12.12 – Comparecemos às comemorações do 15º aniversário da Biblioteca Nacional de Brasília, com homenagens aos amigos Antonio é 9.12 – Compareci ao encerramento das atividades de 2023 da Associação Nacional de Escritores, oportunidade em que Luis César Costa proferiu palestra sobre Manoel de Barros, com leitura de vários poemas do nosso poeta que nos deixou em 13 de novembro deste ano.
👐12.12 - Recebi exemplares da revista nº 2 da Academia Mundial de Letras da Humanidade que traz o meu pequeno artigo A desconstrução pela alteridade, em que destaco a importância da alteridade para a construção do processo democrático.
👐 2.12 – Comparecemos
à livraria Sebinho para o lançamento da
edição do nº 10 da Revista da Academia de Letras do Brasil, com encontro
produtivo e de efusiva alegria com os confrades da academia.
👐 29.11 –
Lançamento do livro Pedras encastoadas, do poeta Marcos Freitas, com
apresentação de nossa autoria. Oportunidade de encontro com grandes amigos:
Kori Bolívia, Flávio Kothe, Anderson Braga Horta, Roberto Nogueira, Francisco
Kac, Wélcio de Toledo. A íntegra da apresentação do livro se encontra em meu blog. https://safraquebrada.blogspot.com/2023/11/devaneios-do-poeta-viajante.html?fbclid=IwAR3ISEcouj8NXKrExe4mBPpcHM18-VR9WPOWCw0At5z9wgxyXnLsRTnk0NM
👐 28.11 –
Lançamento do livro A geometria flutuante das águas, do amigo José
Carlos Peliano. Não pude comparecer, mas o meu filho Carlos Alberto me
representou no lançamento, pois não pude sair de casa nesta data. O livro, que
é apresentado por Anderson Braga Horta, reúne dois títulos premiados: Tetraedro
e Águas emendadas. Ambas trazem a lírica inconfundível do autor, que é
intelectual da máxima representatividade da literatura do Distrito Federal.
👐 27.11 – Farei
apenas uma referência de meus três comparecimentos à Feira do Livro: de meu
encontro com a poeta e fotógrafa Flora Benitez. Trocamos livros. Pessoa de uma energia humana
sem par, energia esta que transfere para seu trabalho artístico. Ela sempre
participou da vida cultural de Brasília, seja através do Celeiro Cultural ou do
Coletivo de Poetas. Seu livro "Ata-me" traz esse humanismo, a sua
forma de olhar o mundo, com gestação espontânea de metáforas líricas, de quem
gosta de imaginar, de integrar-se. Amo pessoas espontâneas como Flora Benittez,
que se transferem para ambiente para criação de harmonia.
👐 11.11 – Saiu a edição do nº 10 da Revista da
Academia de Letras do Brasil, com dois artigos de minha autoria: 1) As
flores de uma irada sabedoria, que trata do livro Sob os olhos do Ocidente,
de Joseph Conrad, 2) A experiência da poesia de Alexandre
Pilati, que aborda a poesia desse poeta brasiliense. O material
contido em Tangente de cobre enobrece a poesia deste início de Século
XXI pelo que expõe, questiona e tangencia. Como conhecedor da poesia
drummondiana, com a experiência do seu tempo e das trilhas da poesia, Pilati
consegue emular temas contemporâneos e dilatar a composição sem arrogância ou
perda de foco. Não há um poema na forma de advertência ou carta endereçada a um
outro. Tão drummondiano que põe o boi para sambar. Enfim, Alexandre Pilati
consegue cumprir a proposta de dialogar com o seu tempo, eliminar a crise que o
acomete e subverte a construção de seus poemas. Não há crise no corpus
da escrita de Pilati – pelo menos é o que se pode apurar pela leitura de seu
livro. A poesia cumpre o efeito sanitário de apresentar um tempo sadio como o
álcool gel que tangencia a superfície e faz a assepsia para que o homem possa
transitar livre de contaminação.
👐 1º.12 – O amigo Antonio Miranda publicou o meu ensaio “A compreensão da
poesia” como editorial de seu portal de “poesiaiberoamericana”. Ilustro o
ensaio com poesias de Goethe, Eugênio Montale, Valdivino Braz, Delermando
Vieira . É um ensaio que eu imaginei por bastante tempo. http://www.antoniomiranda.com.br/.../A%20compreensAo%20da...
👐 20.10 – Por ocasião da comemoração do Dia do
Poeta, o site Brasil Escola divulgou matéria sobre a Poesia Brasileira,
com a inclusão de meu nome numa lista de 30 poetas “mais renomados poetas brasileiros e um breve comentário sobre
cada um”. Senti-me honradíssimo
como se tivesse merecido um grande prêmio.
👐 20.10 – Compareci
à cerimônia de entrega de medalhas da Olimpíada de Matemática do Distrito
Federal, quando minha neta Lyra Andrade Fritas de Sousa recebeu medalha.
👐 19.10 –
Compareci à Associação Nacional de Escritores para a quinta-literária com o
diplomata Lauro Moreira, que abordou o tema “Marli de Oliveira: poeta apenas de
poetas?”, acompanhada de recital de poemas da homenageada. Foi uma apresentação
linear, com certo pedantismo. Lauro Moreira falou baixo, tornando ininteligível
certas palavras, pois tinha pressa em esgotar o excesso de material escolhido
para a apresentação. Ele foi o primeiro marido de Marli de Oliveira, que casou-se
em seguida com João Cabral de Melo Netto.
👐 12.10 –
A escritora Cássia Fernandes, que escreve crônicas para o jornal O Popular,
de Goiânia, postou no Facebook um vídeo com leitura de meu poema “A Segunda
biografia da borboleta”. Trata-se de uma das melhores apresentações de meus
poetas, junto com as de José Inácio Vieira de Melo e do ator Antônio Moura.
👐 9.10 –
Compareci ao Beirute para o lançamento do livro Diminutos, o novo livro
de poemas de Angélica Torres, que levou 13 anos para ser publicado. Diz a
autora: “Estava pronto em 2010 e desde então foi só crescendo em quantidade de
haicais, enquanto não se abriam as portas para o projeto se concretizar.
👐 26.09 –
Novamente no Beirute para o lançamento de quatro livros do amigo Flávio Kothe.
Há muito tempo não conversávamos tão longamente. Estávamos lúcidos e serenos,
haurindo a vida com satisfação pela riqueza de pensar e de ter amigos.
👐 25.09 –
Voltei ao Beirute para o lançamento de Sol ridente, oitavo do amigo
Pietro Costa, que, em suas próprias palavras, reúne poemas bilíngues
(português-espanhol), intrépidos e agradáveis, com versos esbraseantes que
trazem a potência do sorriso, do amor e da introspecção, fazendo descortinar
novos horizontes de sentir, sonhar e viver.
👐 21.09 –
Fui à UnB para uma reunião com Augusto Niemar e Sóter, mas a reunião,
desastradamente, não se realizou. Valeu a longa conversa com o amigo Niemar, já
que somos goianos, nos entendemos nos costumes e na cultura, bem como na
admiração pela poesia do poeta José Godoy Garcia. Valeu ainda a visita à Feira
do Livro que estava sendo promovida pela própria universidade (UnB). Ótimas
conversas com estudantes, que estão sempre antenados na cultura, demonstrando
que o mundo sempre se remoça pelos moços.
👐 17.09 – Reunião familiar para comemoração dos
meus 71 anos. Me diverti muito com a pequena sobrinha Manu, que fez uma farra
danada ao fazer a leitura de uma estrofe do poema "Há Cadáveres", do
argentino Nestor Perlongher. O poema é quase incompreensível em suas mais de 60
estrofes. Sensacional a frase da Manu, dizendo que se as pessoas atiram
"há cadáveres ", que é o verso que termina todas as estrofes. E por
que as autoridades não entendem essa premissa básica do direito a armas? Lindas
as apresentações da neta Maria Clara Silva de Sousa junto com Lucas
Martelletti, com a música “Tocando em frente”, e o canto lírico da amiga Marta
Teixeira. Os primeiros cumprimentos que recebi pelo aniversário foi do amigo
Pietro Costa. Representemos com galhardia e responsabilidade nossos papeis. São
palavras dele: “Que nas primícias de cada amanhecer, o sopro divino possa lhe
renovar o ânimo, revitalizar seus propósitos e clarear a sua percepção, de modo
a usufruir da experiência profunda da vida, em toda a sua poesia, e que jamais
se perca da sua invulgar identidade e vocação. Colaciono, no fecho, para
propiciar alguma reflexão, os argutos dizeres de William Shakespeare:
E todos os homens e mulheres
não passam de meros atores
Eles entram e saem de cena
E cada um no seu tempo
representa diversos papéis."
👐 16.09 – Lançamento do livro "Poesia
Marginal, política e cidade: o percurso poético na construção da identidade
cultural em Brasília", do poeta Wélcio de Toledo. O livro traz um percurso
poético da construção da identidade cultural de Brasília, com abordagem da
poesia da localidade, centrada sobretudo na poesia marginal. Não pude
comparecer ao evento do lançamento, mas estou honrado de ser contemplado no
livro com citação sobre a obra de José Godoy Garcia.
👐 12.09 – Compareci ao lançamento do livro Sangradas
escrituras, de Reynaldo Jardim, que aconteceu na Livraria Travessa.
Trata-se de uma reedição, pois o livro lançado em 2009, que reúne toda a obra
do poeta, encontrava-se esgotada. Eu tenho a primeira edição, mas adquiri a
segunda edição, que, diga-se de passagem, está perfeita. A família está de
parabéns pela dedicação à memória e à obra desse intelectual que tanto
contribuiu com a poesia e o jornalismo brasileiros.
👐 11.09 – Foi publicado na Amazon o livro
digital Bomba, vergonha e guerra, de Joel Cavalcante, que tive a honra de
fazer a apresentação. Dono de uma obra vastíssima, constituída de peças
de teatro, livros infantis, contos eróticos, monólogos, milhares de poemas,
Joel Cavalcante – que aciona em si mesmo a máquina de fotografar sonhos – deixa
nesse livro Bomba vergonha e guerra o seu canto em defesa do mundo de
amanhã, das crianças que não são responsáveis pelas mazelas atuais, mas que
precisam de um destino para combatê-las e, assim, poder recuperar − no futuro
que lhes pertence − a escada de Jacó. Escrever serve para reagrupar as partes
esfaceladas da realidade, reagrupar encontros que não se perderam, pois podem ser sempre remontados pela admiração da memória. Serve para buscar, para compreender, levar ao outro o que somos.
Sempre erramos quando escrevemos para entregar ao outro o que queremos. Mas sempre acertamos quando somos sinceros na escrita para expormos o que vemos, o que
sentimos com nosso desejo de ser justo com o caminho que todos trilham. Não escrevemos para
imposição de barreiras, mas para desvendamento, iluminação de espaços escuros, onde ainda não chegou compreensão daquilo que deve ser almejado e
obtido.
Escrevemos para nos tornarmos discerníveis. Do reagrupamento
emerge o monstro que irá confrontar o conforto. Mas não há ordem que nos
satisfaça, por isso a escrita está sempre tentando reorganizar o mundo de forma
a aflorar a esperança. Para essa existência da esperança da criação de
realidades possíveis, temos de manter a constância do desejo com a teimosia do
imaginário que torna tudo factível. Desejo de estar junto, de desfrutar dos
espaços. E a ocupação do mundo não tem nenhum significado se não for
partilhada. Escrever para reencontro de irmãos gêmeos, fibrilados pela
esperança. Encontro essa missão na poesia de Joel Cavalcante. Corajosa,
gritante, reivindicante. Dura na palavra de denúncia.
👐27.8 – Divulgado no Youtube documentário
sobre o Mexidão Cultural, evento do Condomínio Verde sob a coordenação do poeta
Marcos Freitas. Participamos em dois momentos do vídeo. Sem sombra
de dúvida, o evento mais importante do DF produzido pela comunidade. Um evento
de interatividade e criatividade. Sempre me orgulho de ter oportunidade de
participar. As comunidades de todos os municípios brasileiros poderiam criar
seus mexidões para incentivo à cultura e às trocas sociais.
👐 27.8 – Compareci
novamente ao Beirute para mais poesia. Desta feita para o lançamento da amiga Váldima Fogaça , com seu livro Que eu leve poesia!
Poesia rica de vida, de prazer de estar com a natureza e de existir. O mundo
precisa da poesia espontânea, viva, animada, sem rancor. E Váldima carrega esse
dom e, com ele, enriquece o mundo de humanismo.
👐 22.8 – Compareci
ao Beirute para o lançamento da antologia organizada pela Semim Edicoes sobre a Poesia Marginal em Brasília, Dos 70
aos 70. Poetariado numa zoada danada!!! Integrantes da antologia: Nicolas Behr,
Noélia Ribeiro, Vicente Sá, Francisco K, Vicente Sá, Sóter (organizador e
editor), Angélica Torres Lima, José Carlos Vieira. Estavam lá Liga Tripa,
conversa longa com Antônol Carlos Queiroz.
👐 11.8 – Produzi
um pequeno artigo a partir da poesia de Alexandre Pilati , com pequena passagem pelo último livro de Djami Sezostre. A intenção é divulgar os bons poetas e
questionar a poesia de nosso tempo. Gratidão ao poeta João Carlos Taveira pelo auxílio na organização final do texto. O material contido em Tangente de cobre enobrece a poesia deste início de Século XXI pelo que expõe e questiona. Como conhecedor da poesia drummondiana, com
a experiência do seu tempo e
das trilhas da poesia, Pilati consegue emular temas contemporâneos e dilatar a composição sem arrogância ou perda de foco. Não há um
poema na forma de advertência ou carta endereçada a um outro. Tão drummondiano que põe o boi para sambar. Enfim, Alexandre Pilati consegue
cumprir a proposta de dialogar com o seu tempo, eliminar a crise que o acomete
e subverte a construção de seus poemas. Não há crise no corpus da escrita de Pilati
– pelo menos é o que se pode apurar pela leitura de seu
livro. A poesia cumpre o efeito sanitário de apresentar um tempo sadio como o álcool gel que faz a assepsia para que o
homem possa transitar livre de contaminação.
👐 15.8 - Publiquei em meu blog o texto "O Homem e o Poeta Antonio Carlos Antônio Carlos Queiroz", pela oportunidade do lançamento do livro de poemas poemas e próesias, que reúne quase duas centenas de poesia, recheadas de clareza, profundo conhecimento e de experiência da realidade, da política e da cultura antiga.
👐 10.8 - Em dia
de perda para a cultura de Brasília, com o falecimento de Dad Squarisi, que foi
minha professora no 2° Grau, compareci ao Beirute para encontro de poesia com José Sóter, Francisco Perna Filho, Alexandre Pilati, José Carlos Vieira, Nara Fontes, o Chiquinho dos livros, a Luiza Fariello, da
nova safra dos autores brasilienses. Vou retomar a frequência aos eventos. A
Dad certamente esteve presente.
👐 2.8 – Subiu para o Youtube, nesta data, a
entrevista que concedi ao podcast República Popular das Letras, de Antonio
Carlos Queiroz. https://youtu.be/iqCIg2q9XWg?feature=shared
👐 2.8 – Retornei ao Sindicado de Escritores
para regravar a entrevista concedida a Antonio Carlos Queiroz para o programa
República Popular das Letras, pois a anterior foi destruída por um vírus.
Voltamos a falar sobre três temas: a) minha trajetória de vida e experiência
literária; b) a importância da poesia de José Godoy Garcia) e c) rápidas
observações sobre a poesia de Brasília.
👐 2.8 – Visitei o amigo Antonio Miranda, que
aniversaria no dia 5.8. Ele me presenteou com o livro “Celebrando com poesia os
83 anos do autor”, onde dedica poemas aos seus principais amigos, tais como
Elmira Semeão, Salomão Sousa (euzinho), Gilberto Mendonça Teles, Antonio Carlos
Secchin Luis Alberto Machado, Victor Alegria, Elga Pérez-Laborde, Hilda Lontra
e Zenilton Gayoso. O livro traz uma apresentação enxuta de autoria de Ricardo
Rodrigues sobre a trajetória de Antonio Miranda.
👐 28.7 – Compareci ao velório da amiga Cláudia
Gomes, que trabalhou quase 30 anos na editora Thesaurus (pool de encontros de
escritores). Além de participar do design dos livros, ela convivia
fraternalmente com os autores.
👐 28.7 – Compareci ao espaço Colabora, na 507
Sul, Avenida W-3 de Brasília, para o lançamento do livro de Fios macos
metálicos, do amigo José Roberto, que inclui aforismos e poemas que
questionam o destino com valorização das experiências desfigurantes das
vanguardas. Sem coragem de estilhaçar as memórias não há construção poética.
Então eu preciso exatamente agora
Daquela gaveta para essas memórias
Assar o ontem na grelha do tempo
Um baralho argentino
O velho tarot argelino
Meu chá verde; um pequeno sino
E o lado oculto da tua esfera maçã
👐 25.7 – Agradeço à Academia de Letras de Brasília (ACLEB) a homenagem que me prestou pela passagem do Dia do Escritor (25.7), ato que muito acrescenta à minha carreira de escritor. Foi veiculado banner nas redes sociais com meu nome ao lado de João Almino, Nicholas Behr e de Maria de Lourdes Borges. O texto do banner diz que “Salomão Sousa é popular pela lírica e reflexiva”.
👐 25.7 – Compareci ao Sindicado de Escritores para conceder entrevista a Antonio Carlos Queiroz para o programa República Popular das Letras. Antes da entrevista, circulei pelo Setor de Imprensa, oportunidade em que presenciei mazelas locais: cacos de vidro de uma batida abandonados no meio da calçada, uma boca de lobo aberta na passagem de pedestres, uma fedentina de fezes em frente à Imprensa Nacional (deve ser banheiro aberto das pessoas em condição de rua, sendo que um deles vociferou impropérios em minha direção, pois não dei trelas a ele). Salvou-me a vigília de um D. Quixote que foi instalado no teto de prédio local e dois bem-te-vis que insistiam em não me liberar a passagem. Kori Bolivia gostaria de ver fotos dos bem-te-vis, mas eles foram mais rápidos do que o transeunte, que não conseguiu posicionar a câmera a tempo de fotografá-los.
👐 25.7 – Terminei nesta data a leitura da biografia de Doistoievski, de Joseph
Frank. São três mil páginas de profunda análise da vida de Dostoievski, de sua
obra e das condições sociopolíticas da Rússia no final do Século XIX, bem como
a efervescência jornalística e das correntes de pensamento em que Dostoievski
estava metido. São cansativos os capítulos dedicados ao resumo das obras. Como
eu tinha lido recentemente "Os Irmãos Karamazov", acabei lendo
superficialmente a parte relativa ao resumo desse romance. Mas revisitei a vida
de Dostoievski com muita emoção. A sua permanência na Sibéria por 10 anos, 4
como preso carregando grilhões de 5 quilos de ferro e 6 como soldado forçado do
exército russo. As suas eternas dívidas, o eterno embate com o pensamento da
época, inclusive perigosa interpretação da condição dos judeus presentes na
Rússia e na Alemanha. Mas só confirma: construiu uma obra que ombreia com os
grandes autores universais, tais como Dante e Cervantes. É um patrimônio
construído com muito sofrimento pessoal. Quem for encarar a coleção, vá sabendo
que é uma leitura pesada na maioria das passagens.
👐 28.6 – Participei da reunião da Academia de Letras do Brasil
destinada à apresentação dos novos sócios: Ruy Espinheira Filho , João de Jesus Paes Loureiro, José Alberto
Wenzel e Ester Abreu Vieira.
👐 16.6 – Participei da reunião da Academia de Letras do
Brasil destinada à apresentação dos novos sócios. Ruy
Espinheira Filho ,
João de Jesus Paes Loureiro, José Alberto Wenzel e Ester Abreu Vieira.
👐10.3 – Deixei de participar dos lançamentos da antologia do Coletivo de Poetas por discordar do texto do organizador inserido na mesma. Produzi um manifesto a propósito da antologia Brasilidade, produzida em regime de financiamento coletivo pelo coordenador do COLETIVO DE POETAS, no qual manifesto inconformismo com o miniensaio do organizador introduzido na obra sem ter sido submetido aos financiadores. “O miniensaio não tem ordem, traz verbetes jogados ao acaso, com conteúdo que em nada interessa ao tema do livro (de ditadores, sobre inflação, Novacap, Janis Joplin, Bob Dylan), dando a impressão que foram sacados de um arquivo pessoal ao acaso, só para o autor pôr em relevância a sua memória pessoal. Não me ocorre em momento algum que Brasília tenha albergado algum artista por nome de Figueiredo e ou de Newton Cruz. Só contribuímos para a sanidade com o esquecimento. Essas figuras não podem andar emparelhadas com a poesia.” Temos a maior admiração pelo cineasta Vladimir Carvalho, mas nada justifica que ele seja contemplado com quase dez páginas do miniensaio numa antologia custeada pelos próprios poetas. Uma descortesia do organizador, que aproveitou a obra para fazer homenagens pessoais, que sequer têm justificativa para inclusão na proposta do livro.
👐9.3 – Participei da Assembleia Geral Extraordinária da Associação Nacional de Escritores destinada a aprovar a alteração do Estatuto da instituição.
👐3.2 - Produzi uma nota sobre o livro "Até minha terapeuta sente falta de você", da poeta Elisa Marques. São poemas minimalistas, com mensagens diretas, questionando a perda, o esvair do que foi: "os pedaços de ti que achei que nunca/me deixariam". Mas há permanência no amor? Remete-nos a Nagisa Oshima, no filme "O império da paixão", que discute o quão destrutivo é a permanência da pulsão amorosa (sexual). Deixo para autoridades apropriadas a discussão da questão mulher lésbica e LGBTQIA+, conforme expresso na ficha catalográfica.
👐 3.2 - Reli pela terceira vez "Coração nas trevas", de Joseph Conrad, e revi o filme Apocalipse Now, de Copola, baseado livremente nesse livre.
👐23.2 - Terminei a leitura do livro "1000 anos de alegrias e de tristezas", livro de memórias de Ai Weiwei. Ontem faltou luz em meu bairro. Eu poderia dizer que escrevi um poema em razão da falta de luz ou de um pensamento de Ai Weiwei: "Quando a autoridade determina o sentido, o pensamento independente não existe, e tudo é extensão do discurso de poder."
👐 20.1 - Leonardo de Magalhaens, de Belo Horizonte, em seu canal Literatura Agora, ao apresentar livros de poesia, lê um poema meu que foi incluído pelo poeta Rogério Salgado na antologia Cena Poética nº 8.
https://www.youtube.com/watch?v=r9lTpEK5w2s
youtube.com/watch?app=desktop&v=e5aR41Kd4bg&feature=youtu.be&fbclid=IwAR3bCrNB8ZgeQXpRF1_orSue6UMWOIeZlTuYRUk3pIQ3wrmwBPAZrnREU0o
👐19.1 – Participei da segunda reunião da Academia de Letras do Brasil, destinada à eleição de novos membros. Foram eleitos:
1 – Cadeira VII – Patrono: Lima
Barreto; Candidato inscrito: José Alberto Wenzel;
2 – Cadeira IX – Patrono: Da Costa
e Silva; Candidato inscrito: Antônio Lisboa Carvalho de Miranda;
3 – Cadeira XVIII – Patrono:
Cassiano Ricardo; Candidato inscrito: Anderson Olivieri Mendes;
4 – Cadeira XX – Patrono: Cornélio
Pena; Candidato inscrito: Ruy Espinheira Filho;
5 – Cadeira XXIII – Patrono: José
Lins do Rego; Candidata inscrita: Ester Abreu Vieira de Oliveira;
6 – Cadeira XXV – Patrono: Emílio
Moura; Candidato inscrito: João de Jesus Paes Loureiro;
7 – Cadeira XXIX – Patrono: M.
Cavalcanti Proença; Candidata inscrita: Luiza Leite Bruno Lobo.
Na categoria de membros
correspondentes estrangeiros:
1 – Cadeira I; Candidato inscrito:
Abhay Kumar (Índia);
2 – Cadeira II; Candidato
inscrito: Indran Amirthanayagam (Sri Lanka/EUA);
3 – Cadeira III; Alfredo Pérez
Alencart (Peru/Espanha);
👐15.1 - Produzi um pequeno texto (A desconstrução pela alteridade) para destacar a importância da alteridade para a construção do processo democrático. O tema aflorou dos recentes acontecimentos terroristas, depois de uma troca de mensagens com a poeta Kamilly Barros. Agradeço a Kamilly a permissão para a inserção de seus comentários em meu texto. Isso já é alteridade. O texto está em meu blog, conforme link abaixo.
👐12.1 - Assisti ao filme “Bom trabalho”, que está nessa caixa Diversidade, que foi incluído entre os grandes filmes mundo da revista Sight and Sound. E este filme não está em streaming no Brasil, só mesmo no catálogo da Versátil. Um filme bem poético, que traz fotografia impecável, sobre o cotidiano militar de um grupo da Legião Estrangeira. Gosto de filmes reflexivos, com paisagens vazias, onde reside a poeticidade do mundo. Prato cheio para quem quer fugir um pouco de Hollywood.
👐 08.1 – Publiquei em meu blog o artigo O envenenamento político da nacionalidade.
👐 4.4 – Participei do ciclo de lives realizada pela amiga Noélia Ribeiro, com Reynaldo Damazio e Iracema Ribeiro, para leitura de poemas e manifestação sobre o ato de escrutira poética. A live está disponível no canal da Noélia Ribeiro.
👐 20,5 – Participei da Maratona de Poesia,
iniciativa do Sindicato dos Escritores do DF (Sindescritores), em parceria com
o Instituto Fazer o Bem e com o Museu de Arte de Brasília, em homenagem a
Anderson Braga horta. Durante 24 horas, poetas da cidade apresentaram poemas
autorais ou não, com participação aberta à comunidade. A ação contou com o
apoio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do DF (SECEC). A
apresentação está disponível no youtube.
👐 20.5 – Participei da 9ª edição do Mexidão
Cultural do Condomínio Verde, com organização de Marcos Freitas, com os
seguintes poetas convidados: Adão Paulo Oliveira, Adeilton Lima, Ana Rossi,
André Giusti, Angélica Torres Lima, Antonio Miranda, Cillas Amaral, Edelson
Nagues, Edmilson Figueiredo, Eliane de Sá, Ferdinand Bezerra, Flávio R. Kothe,
Flora Benittez, Ismar Lemes, Jorge Amâncio, José Edson dos Santos, José Garcia
Caianno, José Roberto da Silva, Kori Bolivia, Luis Turiba, Luiz Felipe Vitelli,
Marcelo Porlan, Marcos Fabrício, Marcos Freitas, Mardson Soares, Menezes y
Morais, Nicolas Behr, Noélia Ribeiro, Nonato Véras, Osmar Coelho, Paulo
Varadero, Raphael Mendes, Reginaldo Gontijo, Roberto Medina, Rossini Neto,
Salomão Sousa, Sóter, Vanderlei Costa, Vanessa Trajano, Vicente Sá, Wélcio de
Toledo e Yonaré Flávio. Foi publicada uma antologia digital com os poetas
convidados, que se encontra disponível na Amazon.
👐 11.6 – Recebi o exemplar do nº 9 da Revista
da Academia de Letras do Brasil, que traz o meu artigo O envenenamento da
política nacional.
28 de novembro de 2023
Devaneios do poeta viajante
Sempre estive
próximo de Marcos Freitas e de seu trabalho poético. Talvez por isso nunca
senti necessidade de me preocupar com a sua trajetória biográfica ou com os
elementos que entram na construção de sua poesia expressiva e de alcance tão
universal – basta ver a crescente acolhida de sua obra em outras línguas.
Quando me aproximei da coletânea Pedras
encastoadas, despertou-me de um jato a visão do poeta humano e perspicaz
que Marcos Freitas se tornou em cada obra de sua errância por vários
territórios do Planeta. Expressa-se com a voz silenciosa de um guru de terras
orientais, no ritual de um pajé nos ermos de uma floresta, remanescente de uma
comunidade em extinção.
Pela naturalidade
de nosso convívio e pela vivência natural com sua obra, tomo a liberdade para
divagar sobre esse homem e esse poeta. Faço isso para mostrar que não podemos
perder a capacidade de construções de visões de mundos possíveis, de homens
confiáveis e de territórios habitáveis sem medo. A cada dia deixamos de
construir o futuro, pois a perda do devaneio leva ao desprezo pelo outro, à
falta de desejo de estar construindo territórios para viver em comunidade. A
poesia é um dos principais caminhos do devaneio para ver e desejar espaços para
habitar o mundo em companhia. Marcos Freitas vai aos territórios para fazer
intervenções administrativas e poéticas para torná-los habitáveis e
preservados, inclusive na memória.
Engana-se quem
julga que Marcos esteja prestando atenção à conversa. Não lhe preocupa se
atravessa o poema um efeito plástico, mas talvez o cachorro que está do outro
lado das grades. Permanece entretido, talvez aguardando o cachorro choramingar
enquanto se coça. Como em um de seus versos, ouve distraído O blém! blém! do desempeno da chapa metálica.
Enquanto todos falam e troçam, Marcos Freitas devaneia. Devaneia se a porta
espera por ele ou fica ansiosa pela hora certa em que ele entrará em casa? Mas
não seria melhor não ter a obrigação de existir porta, se nascemos para não
colocarmos obstáculos? Puro engano quem o viu num bar. Talvez ele prefira ser
abandonado numa floresta, onde possa devanear sobre o mar e os campos. Graças a
Deus ele nunca se filiou à Ku Klux Klan, negou-se a ser porteiro em Dachau e a
auxiliar na redação da introdução ao AI-5 – peça que consideramos a mais
antipoética que já se escreveu em toda história da Civilização. Muito pelo
contrário, repudia a marcha dos
neonazistas sobre os escombros/da cambaleante pseudodemocracia alemã. Penso
que ele nunca planejou ferrar um cavalo ou escravizar um homem. Prefere
devanear com os provérbios de nossa língua (mostro
os dentes./é assim que se/atesta a qualidade dos cavalos). Dentro da
floresta, enquanto devaneia sobre os mares e os desertos, deve imaginar como
seria ser o pirilampo no escuro ou o que deseja o escravo. O que mais podemos
acrescentar sobre a biografia de Marcos Freitas? Pelo que está dito em sua
poesia, podemos deduzir que ele pertença à Academia dos Poetas Guardiães do
Ventre do Mundo, ao Grupo Permanente dos Caciques da Língua Walapiti e à
Sociedade Protetora dos Peixes do Rio Citarum.
os peixes poluídos do rio Citarum dividem espaços
e oxigênio da
água com as pilhas de garrafas de plásticos.
crianças em
saltos plásticos mergulham no meio dos plásticos.
crianças em
barcos de alumínio catam, para venda,
latas de
alumínios e plásticos
A oportunidade da errância trouxe a Marcos Freitas o estabelecimento de um processo poético refinado, de acuidade rara, que só poetas antigos conseguiram deixar como legado à Humanidade. Ao errar por capitais europeias e fundões brasileiros, em íntima fraternidade com a natureza em razão de seu trabalho, refinou não só o vocabulário, mas a finesse da expressão. Engana-se quem julga que seus poemas possam ser visuais, processo, japoneses ou marginais. É um grande poeta, um criador, pela descoberta dessas experiências de seu tempo para naturalizar em si mesmo uma especial forma de abordagem da natureza, do noticiário, do devaneio do olhar, em peças poéticas exatas, com um carisma pessoal e uma vitória sobre o lirismo e, sobretudo, sobre o chamado para exposição das mazelas das ações humanas em campos políticos tão diversos (desnecessário a definição de todas as áreas que aparecem em seus poemas, tais como a natureza, o território e as comunidades, pois tudo que alcança sucesso ou fracasso advém da ação política do homem).
Neste Pedras
encastoadas, que agrupa poemas inéditos do período da pandemia do Covid-19
junto com um grupo de outros aparecidos em livros anteriores, cristaliza-se a
experiência de Marcos Freitas em valorizar o mistério que se esconde debaixo
das palavras. O que está escrito não é o que se diz. A poesia não é a palavra
em si, mas algo que encobre, que fica para ser desnudado. Está no livro a sua
defesa da poesia no poema “estado democrático de poesia”; aparece no poema
“puro jazz maduro jazo” a paixão que temos pelo jazz, num tom tão precioso
quanto no texto de Cortázar para Clifford Brown; o necrológio do índio Amoim
Aruká, entre tantos outros poemas que nascem clássicos e irão se incorporar
naturalmente ao nosso florilégio canônico.
Merece entrada especial o poema “Lavoura de galáxias”,
constituído de doze raios rotativos em torno da mãe, eternizando microcosmos da
infância. Por mais que poeta diga que “se fez rouco” com aquela morte, é dele o
grito e os espectros, em “sutis sons de galáxias”, das lembranças. Quase
inconcebível que as lembranças se façam com “microvilosidades de sonhos” vindas
de “Diafragmáticas rotas de ar”. A raridade das palavras não ocorre para
suntuosidade, ufanismo poético, mas pela dificuldade do sopro do ar, sua falta,
para registrar a ausência da mãe. Na ausência não há respiração. São doze raios
com pouco espaço para respiração, e o uso de versos milimétricos, pois a
ausência não ocupa espaço. Resta o quarto vazio, sem “aonde/arrumar teus
chinelos”. A poesia, em Marcos Freitas, não é só a oportunidade de tocar na
Paideia do seu tempo, mas também de validação da memória.
Sem perda da fluência com o uso de palavras raras, dos
versos aforísticos de crítica social e de abordagem do microcosmos das
florestas e da cultura dos povos primitivos, a poesia de Marcos Freitas quase
se insere na poesia de invenção. No entanto, não o preocupa o sincretismo, mas
o acréscimo de uma tonalidade crítica, que passa a jazer sobre as margens das
palavras. Preferível ajustá-lo à linhagem dos hierarcas universais, poetas dos
momentos trágicos. Seria Píndaro, seria Horácio, se não fosse Marcos Freitas, o
que habita entre nós. Cada época histórica precisa do seu poeta de ávida lírica
trágica para tocar no processo de estabelecimento da ética do homem do seu
tempo. O poema “direito à vida”:
hoje li sobre cidadania
e o que isso
seria?
cidadania hoje
é manter-se vivo
em plena via
cidadania hoje
é manter-se vivo
em plena pandemia
Acariquanas berós
jurus
Juruá
carapanaúbas madeira
Coataquiáuas
xingu cumarus
Paricás mungubas
morototós
quarubas tauarís
árvores-rios
Seja em
apresentações de seus livros, em páginas virtuais e da imprensa, vários
intelectuais destacam o mérito crescente da poesia desse poeta, tais como
Antonio Miranda, Anderson Braga Horta, Jorge Amâncio, Kori Bolívia, Rogério
Salgado, André Giusti, José Roberto da Silva, Edmar Oliveira, Alicia Silvestre
e Batista de Lima. Para finalizar essa peroração, assumo as palavras da
autoridade de Marcos Fabrício Lopes da Silva, para quem Marcos Freitas vem
construindo uma “obra fascinante que desperta o impensado, adormecido no sono
dogmático; é pensar no impensado, o que mais se dá a pensar”.
Pensemos e
flertemos, intensamente, com a poesia de Marcos Freitas!
Brasília, agosto
de 2023.
12 de novembro de 2023
As flores de uma irada sabedoria
Texto de minha autoria publicado na revista nº 10 da Academia de Letras do Brasil.
Em continuidade às minhas leituras voltadas para o
conhecimento de obras relacionadas à constituição de governos totalitários, principalmente
para elucidar o extremismo político que vem conturbando vários países neste
início de novo milênio, busquei o romance Sob os olhos do
Ocidente, de Joseph Conrad, publicado em 1911 na Inglaterra, mas que só
alcançou plena acolhida seis anos depois, quando foi traduzido na União
Soviética. As constantes reedições do livro naquele país, além de se dar pela localização
de parte da ação naquele território, certamente decorreu do interesse do leitor
russo em discutir o processo revolucionário numa ótica “autocrática”
(autocracia é a denominação totalitária do regime de governo adotado no
romance), pois a União Soviética vivia o período de instauração do regime que
iria se enveredar para a intensificação das ações extremadas.
As repetições históricas de aceitação de governos
frontalmente antidemocráticos passaram a surgir, quase sempre, de conjunturas estruturais
idênticas. Fundam-se a partir do desconforto de crises econômicas, na propaganda
estatal massiva, benesses para os grupos de posse do poder, sobretudo da área
militar e de proprietários de terra. Soma-se a isso a degradação da consciência
social, com interferência, nesse processo de degradação, das agremiações religiosas
que atuam de forma faminta para impor os eternos enraizamentos dogmáticos. Esse
clima de desarranjo leva à aceitação dos tons carregados de conservadorismos perversos
para a perda dos direitos individuais.
Para conhecer a ambiência de medo, suspeição e tormento
repressivo dos estados totalitários, basta acercar-se de algumas obras de
ficção, tais como Os deuses tem fome de Anatole France, Morrer
Sozinho em Berlim de Hans Falada, O senhor presidente de Angel
Miguel Astúrias, O jogo das contas de vidro de Herman Hesse, A
revolução dos bichos de Jorge Orwell e Sob os olhos do Ocidente, de
Joseph Conrad. Muitas outras obras poderiam ser incluídas na lista,
principalmente do realismo fantástico latino-americano e da literatura de
distopia como 1984, também de Jorge Orwell, e O conto da aia, de Margaret Atwood.
No processo crítico dos regimes totalitários, os ficcionistas
preferem criar personagens baseados no homem sem escrúpulos, que passam a atuar
de forma violenta, forjados com a perda de consciência, de indiferença ao
coletivo e de desrespeito aos direitos humanos, ou naqueles indivíduos que
preferem não se envolver com o processo político. Como o personagem de Joseph
Conrad, alguns indivíduos são desenraizados. Razumov não tem experiência
doméstica, recebia “uma mesada modesta, mas suficiente, das mãos de um obscuro
advogado”, talvez seu guardião. Nem relações sociais parecia manter na cidade.
Enfim, sem relações suficientes para uma alteridade fomentadora de respeito aos
demais e de defesa de ideias revolucionárias ou libertárias. Mas é bom lembrar
que os cientistas sociais são unânimes em apontar que aquele que se omite
também está incentivando, melhor, alimentando estruturas autoritárias.
Tanto em André Gide, que reconheceu os males do colonialismo
e frustrou-se com o marxismo após integrar grupos revolucionários, como em
Joseph Conrad, os atos criminosos dos personagens desenraizados e
individualistas ocorrem quase de forma fortuita. Em Os subterrâneos do
Vaticano, Lafcadio é capaz ora de salvar uma criança ora de matar um
terrorista. Quanto a Sob os olhos do Ocidente, pensando em ganhar a
medalha de prata, Razumov corre às esferas militares para denunciar o
conspirador Haldin, provocando, indiretamente, a sua morte. O indivíduo
desenraizado não liga para o ambiente em que está instalado, pouco se preocupa
em destruir instituições ou em eliminar figuras responsáveis pela ordem e defensoras
da liberdade. Razumov irá cair na armadilha do coração ao se ver atraído pela irmã
do assassinado tão logo seus caminhos se cruzam.
A trajetória de vida do escritor Joseph Conrad, em si mesma,
já é romanesca. Órfão logo cedo, trabalhou na marinha inglesa por dezessete
anos, inclusive com tentativa de suicídio. Quando saiu dos mares, ganhou
cidadania inglesa e ninguém mais se lembra que ele nasceu na Ucrânia.
Tornou-se, assim, um dos principais autores de língua inglesa, que engendrou
grandes obras contendo tramas que se passam no mar – território que explora com
total domínio. A obra de Conrad mais conhecida no Brasil é a pequena novela O
coração das trevas, que aborda o absurdo do colonialismo na África. O
cineasta Frans Ford Copolla adaptou livremente essa obra para montar o apoteótico
filme Apocalipse Now sobre a guerra do Vietnã. Não pode deixar de ser
mencionado o romance Lord Jim, que traz como personagem homônimo um
marinheiro comerciante de armas, que passa grande parte da vida em busca de
recuperação da dignidade pessoal. Trata-se do livro de Joseph Conrad mais
aclamado mundialmente. São livros incorporados ao acervo da Literatura Universal.
Frente à experiência cultural, sobretudo a partir do romance
O coração das trevas e de seus desdobramentos ideológicos no tratamento
do tema pelo cinema, é o caso de se propor estudo para questionamento das ações
totalitárias dos países que fizeram opções por explorações coloniais. Na
maioria dos casos, são países de prática e de estrutura institucional
democráticas, mas que invadem e instauram a imoralidade totalitária na forma de
tratar os autóctones dos territórios ocupados. No livro Por que ler os
clássicos, ao destacar a obra de Joseph Conrad, Ítalo Calvino levanta essa
questão. Assinala que a crise do colonialismo, que trouxe consequências
econômicas para os países que faziam uso desse sistema, agravou o reacionarismo
de Conrad contra os movimentos revolucionários. Ao reacionário não interessa
alteração do sistema ao qual está satisfatoriamente instalado.
Ao contrário do romance de distopia 1984, de George
Orwell, que teve aumento de 10.000% de vendagem nos Estados Unidos na época do trumpismo,
Sob os olhos do ocidente tem sido injustamente menosprezado pelo mercado
editorial nesses tempos de extremismo e de guerra contra a Ucrânia. Joseph
Conrad poderá tê-lo concebido a partir da admiração por Dostoievski. São várias
remissões à obra do romancista russo possíveis de serem detectadas ao longo da
narrativa. Primeiramente, estabelece paralelo entre o comportamento (talvez até
na composição do nome do seu personagem) de Raskolnikov e de seu personagem
quanto ao posicionamento perante ao cometimento de seus crimes. Razumov provoca
a morte de Haldin só mesmo para passar por cima de seu cadáver, pois em nenhum
momento se põe como opositor às suas ideias (até o salvaria). Quando o
denuncia, foi movido apenas pelo desejo de afastá-lo de seu caminho. Talvez a
morte do revolucionário nem fosse o seu principal objetivo.
Em Dostoievski, uma das motivações do assassinato cometido
por Raskolnikov, em Crime e castigo, é a experimentação das sensações da
própria prática do ato criminoso. O assassinato tem de ser praticado com a
imposição da força corporal, por isso a escolha do uso do machado. Em Joseph
Conrad, permanece avocação do niilismo, da busca da experiência de aproximar-se
da morte sem exposição presencial para não correr nenhum risco. É o indivíduo
indiferente, para quem “a morte de um homem ou de muitos é uma coisa insignificante”.
O indiferente não expõe o próprio corpo, não tem sensações. Deixa a execução
para outros, por isso basta a denúncia.
Razumov vê Haldin como “um galho seco que precisa ser
cortado”. É bom repisar: o totalitarismo é produzido por homens frios e inescrupulosos.
Essas são características dos precursores dos piores regimes do Século XX. Nem
se ruborizam quando defendem o direito de a população se armar, e de os
governantes usarem snipers para eliminação de comunidades pobres. Não
vai ao campo de batalha. Contrata milicianos para a ocultação de seus crimes. Albert
Camus cria Meursault, para quem a
morte da mãe é indiferente. Ao descobrir-se portador de vasta possibilidade de
ações e comportamentos que lhes abrem a liberdade, os Meursault e os Razumovs se
sentem estrangeiros dentro da própria sociedade em que vive. São os
indiferentes. Os que acolhem qualquer líder com quaisquer propostas, ainda que
comprometedoras das instituições e da harmonia político-social.
Depois ainda existem outras remissões à obra de Dostoievski.
Além da localização da primeira parte da narrativa na Rússia, cria um núcleo de
conspiradores como em Os demônios e, de forma tangencial, ressuscita o padre
Zózima, que é um dos personagens centrais de Os irmãos Karamazov. As três
partes finais se passam em Genebra, mas por outras preferências do autor. Em
que pese ser conservador e reacionário, Joseph Conrad declara a pátria de Rousseau
a terra da plena liberdade. Chega a transitar Razumov ao lado de uma estátua do
pensador e a mencionar o livro O contrato social, certamente tendo em
mente a importância das liberdades individuais para criticar a autocracia. No
entanto, diante do governo autocrático que Conrad põe como pano de fundo,
Genebra chega a ser qualificada de “odiosa cidade da liberdade”,
pois, para o antirrevolucionário e reacionário, a liberdade é odiosa.
Para dar autonomia ao processo narrativo, Conrad cria um avatar
de si mesmo que transita na ação – capaz de questionar os rudimentos da criação
literária e de ir ao ápice do atrevimento de orientar a forma de participação dos
personagens na narrativa – e que preenche as lacunas da trama com o diário do
personagem principal, ao qual teve acesso. Mas a única transcrição literal do
diário só acontece no final do romance, para apresentação da última manifestação
das confissões de Razumov. Razumov é um personagem que transita sem convicção
política, mas desperta confiança pela postura silenciosa que adota em público e
pela capacidade de mudar de assunto para fugir de questionamentos que poderão
implicar na sua culpabilidade. Com esse clima de apatia, a narrativa, em
diversos momentos, se alonga num marasmo vazio, sem despertar aprofundamento. Mesmo
que essa não fosse a principal preocupação de Joseph Conrad, ele demonstra que
os indiferentes à participação política – não só na ação romanesca – acabam
transitando num mutismo dissimulado, dando a impressão de pertencimento a todos
os grupos. Guardam em silêncio para si as crenças que lhe asseguram vantagens,
pois “as palavras são as grandes inimigas da realidade” para esses seres de
moralidade suspeita.
Nem sempre precisamos aguardar que uma obra de ficção
estampe diretamente um regime de exceção para criticar essa forma de governo. A
instalação de extremismos sempre se dá onde transitam os individualistas sem fé
e esperança, detratores da liberdade, pois são eles a força motriz para dar energia de sobrevivência aos
regimes autoritários. São personagens chatos e repugnantes. Postam-se à nossa
frente como inimigos de nosso livre trânsito, de nosso livre arbítrio e de
nossa sobrevivência. São comuns suas aparições com discursos esvaziados de
qualquer convicção ou plausibilidade, inexpressivos, pois em tons guturais,
como se em sibilação, palavras emitidas só com o uso do queixo, sem nenhuma
participação do cérebro para evitar que algum sentimento possa se intrometer e
alterar a ordem do significado.
Joseph Conrad também pode parecer ou ser um avatar de Razumov, pois, nove
anos após a publicação de Sob os olhos do Ocidente, apresenta justificativa
para a acolhida do livro. No entanto, ele ainda não tinha condições de
compreender os desdobramentos criminosos da Revolução Russa e muito menos estavam
à sua disposição os estudos futuros sobre as condições sociais, políticas e
econômicas desencadeadoras de regimes totalitários. O mundo só estava dando o pontapé
inicial para o stalinismo, o nazismo, o fascismo, e tantas outras ditaduras
periféricas, sobretudo da América Latina. Mas não podemos tirar dele certo dom
visionário. Antecipou o questionamento dos personagens vazios, indiferentes,
responsáveis pelo amadurecimento dos espíritos frios, aptos a serem os
gendarmes dos ditadores.
O primeiro a fazer esse questionamento dos indivíduos violentos, o
nascedouro dessa questão, tinha sido Musil, com o seu grupo de demônios juvenis
para infernizar um estudante numa instituição educacional, na pequena e notável
novela O jovem Törless (1906). Os criadores são as antenas visionárias dos
eventos históricos, pois conseguem captar os momentos em que a sociedade se
desconecta da razoabilidade moral e volta-se contra seus próprios interesses,
produzindo correntes às quais o homem se deixa aprisionar. Musil passou grande
parte do Século XX alertando que tudo passou a ser possível quando o homem
perdeu suas qualidades.
Joseph Conrad faz uma declaração importante na nota de 1920 que agregou
ao romance Sob os olhos do Ocidente. Reconhece que o que “mais o
perturbou ao lidar com ele (Razumov) não foi a monstruosidade, mas a sua
banalidade”. A banalidade, ou seja, a falta de consciência, conhecimento e
qualidades éticas, além da dissimulação para fugir da participação de
discussões que possam incriminá-lo ou definir seu caráter antirrevolucionário, fatores
esses que levam os indivíduos a abraçarem as crenças mais tresloucadas e
destrutivas.
Finalmente, na mesma nota acrescentada à abertura do livro, Conrad
enfatiza que à “derrubada de quaisquer instituições deve se seguir uma mudança
fundamental nos corações”. Não que ele pense com essas palavras, mas, passada a
revolução, não há garantia de que não se instalem forças totalitárias, posto
que o ditado diz que “o tigre não pode mudar suas listras, nem o leopardo suas
manchas”. Se tivessem tido oportunidade de acesso aos avanços tecnológicos da
Odontologia, Joseph Conrad ou George Orwell, sobretudo Orwell, ajustaria o
provérbio para identificação das figuras totalitárias que emergiriam no futuro –
não adianta levar o suíno ao dentista e ajustar facetas para branquear seus
dentes, pois ele vai continuar a grunhir como suíno e a comer como um porco.
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