10 de julho de 2007


Poxa, este meu blog completou um ano e nem teve comemorações!!!

Escrevi hoje para a página virtual de Silvânia (www.silvaniense.com.br) uma pequena croniqueta para afirmar a necessidade de esta cidade histórica estar presente, de forma mais precisa, na consciência dos brasileiros. Abraços ao Cleverlan. E obrigado ao Antonio da Costa Neto pela foto da igreja.


No final da década de 60, a ditadura decidiu investir algum resto de recurso no interior do País para disfarçar suas perseguições políticas. Silvânia já perdera filhos nas guerrilhas e sequer notou que aquelas sobras de orçamento chegavam para investimentos que desfigurariam ainda mais o seu retrato histórico. Com a construção de monstrengos de concretos na praça do Rosário — uma passarela que não leva a lugar nenhum (cansei de subir e descer e retornar sem nada encontrar) e uma fonte luminosa que até hoje deve dar dor de cabeça aos administradores para que permaneça ligada —, mais patrimônio histórico foi ao chão.

Naquela época, eu estava saindo das calças curtas, sem ninguém para me orientar para lutas mais específicas que mirassem o patrimônio histórico. Consegui, com minha pouca desconfiança de princípios de cidadania, publicar o primeiro poema, que retratava o desconforto de perder o coreto, a torre do relógio e as árvores centenárias. Ainda que sejam replantadas, não serão as mesmas as murtas que recendiam odores adocicados sob a pouca luz elétrica produzida pela usina municipal.

Agora Silvânia está até no ambiente virtual, com as paredes da igreja do Senhor do Bomfim remoçadas de branco. Na praça em frente, onde foi o antigo cemitério, as crianças — e, entre elas, eu —, em meio à poeira, jogavam conflituosas partidas futebol. Nos fundos, naquele pequeno círculo fechado por grosso muro de barro, brincavam com fincas e com bolinhas de gude. Aboletavam-se sobre o muro quebrado, olhando a fundura do Buraquinho, imaginando quanto ouro expatriado, quantos escravos mortos para arrancá-lo. Ali, esvaziadas de riqueza, coçando as perebas.

Torço para que esta ambiência virtual contribua para a formação da consciência cidadã das novas gerações silvanienses. E digo mais: novas gerações que se preocupem com a saúde física e cultural. Sempre me lembro do Japão do pós-guerra: encaminhar-se para a modernidade sem extinguir as raízes históricas.

Desejo longevidade à página e aos mantenedores. Parabéns.

Um comentário:

  1. VOCÊ SABIA QUE O MAIS SÁBIO DOS SABIÁS, SÓ TEM UM ÁS DE ESPADAS NA MANGA PORQUE VOCÊ DESVIOU O OLHAR ?


    -QUE RESPOSTA BOA, É A QUE VOCÊ DÁ ?


    _QUE, QUEM INVENTOU O SÁBIO, FOI UM REI IGNORANTE?


    -SABIAS, POR ACASO, O CASO DE QUEM ESTÁ PREPARADO PARA O ACASO?


    _SEI QUE NÃO SABE, E É POR ISTO QUE SEM SABER, PONHO UM OVO DE SABIÁ NO SEU NINHO DE CAGA-SEBO !


    -SEMPRE TENHO UM JEITO DE VOAR ALÉM DO SEU FERNÃO CAPELO GAIVOTA: BATE-VOLTA.


    _ SABE, CÊ PODERIA POLIR COM LIXA FINA, TÔNIFICAR COM TÔNUS MUSCULAR, SEM MODISMO, MAS... NUM FÖRTLEK, EDUCAR SUA EXPRESSÃO CORPORAL...


    -SABIDO MESMO NÃO DESFILA DESELEGÂNCIAS, COBRANDO ELE GANÂNCIAS !


    _A DIETA DO TIÃO DO SACO É ESCOLHIDA POR ELE, ARROZ E FEIJÃO, ÀS VEZES, PEDE UM PEDACINHO DE CARNE OU FARINHA: ELE É UM MENDIGO ELEGANTE, COM SEU TURBANTE(...NÃO FOI PARA RIMAR, MAS SIM, PARA DIZER: O QUE É TURBULENTO, O QUE É A TURBA ?), SEMPRE CALÇADO COM UM PÉ DE CADA.


    -BOM, COMO INICIEI PASSARINHO, PASSOU SABIÁ, POUSOU NO PAU BRASIL, O ÁS DE PAUS...


    _ACABO POR PERGUNTAR: -QUEM TEM ESTILO DE SABIÁ ?

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Salomão Sousa sente-se honrado com a visita e o comentário

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