Não basta uma safra, senão há a esterilidade. A poesia é meu território, e a cada dia colho grãos em seus campos. (Linoliogravura do fundo: Beto Nascimento
27 de julho de 2009
Viajei
Viajei. Vi homens no luxo
Vi crianças no lixo
e no lixo tropecei
Roupas lavadas próximas aos meus passos
e o que encobria úmida
podia ser relva, pedra ou trevo
Nas seis manhãs
as roupas estendidas nas calçadas
Viajei. Vi casais que quase se abraçavam
As sete pontes, algumas de ferro recortado
no estrangeiro
Vi mulheres a sós com os filhos
se sentindo alienígenas
Não pude ver os ausentes companheiros
Não pude ver as freiras recolhidas
e a zabumba a ensaiar o próximo frevo
Viajei. Senti este cheiro de homem
Fezes. Este cheiro ejaculado.
Vestido de passado
comi as minhas sete refeições
bebi os meus sete cálices
Não estive próximo à arma do tiro
Ao morto não levei luto nem mortalha
Viajei. Vi e apalpei
E se acreditei foi pela flor agreste
Foi pelo tremeluzir das luzes sobre as fezes
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Quantas viagens, hein? =) É com a ajuda delas que contamos mais histórias. Abraços!
ResponderExcluirEssa viagem ficará para sempre em nossas memórias e em um lugar mais que especial em nossos corações...
ResponderExcluirQual será a próxima?!?!?!
Abraços a vc e a Francisca!
Thamara e Henri