17 de dezembro de 2006


Estou vendo que este blog está se transformando num arremedo de diário.
No entanto, no fim de ano, onde aguardamos a renovação de nossos projetos,
temos de trabalhar dentro de nossas repetições.
Ainda conversava com meu filho hoje na Livraria Cultura: passei o fim de semana
sem consturar grandes invenções. E vou notando que até a poesia vai escapando
por entre a inexistente teia de luz.
Assisti dois filmes: Fome de viver, que há anos eu procurava o momento de me encontrar
com ele. Com Catherine Deneuve, num figurino limpo, um chapeuzinho futurista. É uma vampira que padece a angústia de ter de atravessar eternamente o tempo. Aqui, é a angústia da destruição do outro para assegurar a sobrevivência. Trata-se de um filme que abriu caminhos para muitos outros no gênero. É claro, para trás estava o impressionismo alemão, que é o pai e a mãe de tudo. A trilha sonora é de fazer inveja, e de arrepdiar: Lalo...
Mas, a valentia mesmo me aguardava no segundo filme: Alphavile, de Godard, que também se escondia de mim há mais de trinta anos. Eu sempre digo: há atrasos que acontecem para nosso bem. Godard retrata uma sociedade (comunidade, sei lá) c0ntrolada por um supercomputador. É um filme adivinhatório, prominotor ou qualquer outro nome que se queira dar. Com o controle da sociedade pela máquina, algumas palavras carregadas de ética e de humanismo vão se perdendo. E, com a perda da poesia, com o banimento da poesia, a ternura se perde. Não se sabe mais como amar. Como expressar o amor. Numa sociedade onde todos estão numerados, não há mais como amar. Somente a perda da "consciência", essa mágica que nos põe a reagir... Ai! Godard! Ai! Alphavile!!!!

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