Ainda que ao desamparo dos rijos esteios
e os tesouros esquecidos dos guias
e — sangrentas — as palmas arquejem
Visitarei
Não destruí as muradas da sorte
Erguem-se para desvio
dos inimigos que possam
trazer as fáceis algemas
Visitarei
Deixei os cântaros da água pro vinho
Enchi de gemas e pedrarias
as paredes amigas do tempo
Harpejos ao visitante nos anúncios da areia
Visitarei
Sempre os arranjos de uma viagem
com arreios de jaez invejável
Contarás onde esquentastes as veias
onde ciúmes deixavas
Visitarei
Ainda que eu chegue com as secas castanhas
e no butim só as façanhas do mofo
Contarás o quanto querias
os pulsos inteiros
Para as festas onde erguestes os salões
Onde achastes os guerreiros
Visitarei
A poesia é meu território, e a cada dia planto e colho grãos em seus campos. Com a poesia, eu fundo e confundo a realidade. (Linoliogravura do fundo: Beto Nascimento)
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Salomão Sousa sente-se honrado com a visita e o comentário