29 de março de 2013

Lupe Cotrim Garaude

Não conheci pessoalmente a poeta Lupe Cotrim Garaude, mas convivi com o poeta Domingos Carvalho da Silva, que era amigo dela e admirava a poesia e, sobretudo, a beleza da mulher! Fui ver o exemprar do livro "Inventos", do meu acervo, e ele está autografado! Incluo-o aqui nos autógrafos de meu blog.
E aproveito para deixar um poema de Lupe Cotrim Garaude: (ai como me emocionei enquanto digitava este lindísismo poema, bem camoniano, escolhido ao léu, imagine os demais, que mereciam estar aí nas prateleiras das livrarias, no imaginário dos leitores...):

MONÓLOGO I

Ela - Hei de inventar amor, ávida e atenta.
Amor de ser a outro que é demais
o amor que em coisas hoje se alimenta.
A manhã é cerrada de momentos
que hábeis mãos levantam em seu provento;
inventar o que o íntimo não fala,
curvando-se à pressão de outros inventos.
Hei de inventar amor num desafio
às mais concretas frases, aos dias úteis,
amor de ser a outro que é demais
ter um mundo por dentro desprovido.

Amante sou, inquieta, arrebanhando
tempos, tendo na ponta de meus dedos
antenas, flores, capturas macias.
Amante alerta, a conhecer de cor
minúcias de paisagem; pelo dorso
dos rios, a presença das margens,
e mais além o verde, e mais adiante
o mar, se concedendo a meu invento.

Reagrupei caminhos e desvios
que mistérios toquei, por que segredos
penetrou meu intento, com que fôlego
sublinhei o valor escondido, esse
senão de estar em si mesmo perdido.
Hei de inventar amor, tão intensas
são as cicatrizes. O amor se fere
pelos muros, cadeados, fechaduras,
seu sangue corre, urge não perdê-lo,
onde eram campos, logo surgem torres
a detê-lo. E resiste na firmeza
em que tolhido, fala; amor que invento
no tempo da palavra que persiste.

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