28 de março de 2014

Das perguntas

Estar de posse das respostas
e as dúvidas se contorcem
na mola tencionada
para não virem ficar à mostra
A mão sangra e doura 
o sangue a superpor as luzes
e não houve indagação
se era para entrar no bote da ordem
ou vir da adivinhas da sorte
Dos caixas que agora são detritos
e se houve a pistolagem 
com pólvora e tiros nas latas
Não perguntaram se foi roubo
ou atrabiliário atrito de fuzis
Entrega ao marginal próximo
se a indiferença diária
não traz movimentações pátrias
mãos aos talhes/tule aos olhares domésticos

A obrigação das perguntas
para saber o que já é conhecido
ainda que a embrenharem deixe no reboque
Não será claro se não houver luz
ou se ouvir será experiência
do solo que foi descrito
com caminho para os currais
ou às covas das sadias mudas
Perguntas com fúria poderão vir
Como inserir a poesia num gabarito
ou pôr o coração para secar
quando atacam-no pátinas corrosivas

Há flagrância de água e de terra
se é o cheiro de chuva o inalado
Não há resposta para o mel
se não foi visto o voo
e a flor gesticulada pelas asas
Nalgum caule a residência do furor dos cachos
À pergunta do feno responde a rabina
Estar pronto para as respostas
e as perguntas adormecem


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